Constelar Home
menu
Um olhar brasileiro em Astrologia
 Edição 99 :: Setembro/2006 :: -

Busca temática:

Índices por autor:

| A - B | C - D | E - F |
| G - L
| M - Q | R - Z |

Explore por edição:

1998 - 2000 | 2001 - 2002
2003 - 2004 | 2005 - 2006
2007 - 2008 | 2009 - 2010
2011 - 2013 |

País & Mundo |
Cotidiano | Opine! |
Dicas & Eventos |

Assinar Boletins

 

Novidades em mapas do Brasil

Um link direto para os vinte mapas mais recentes

Em breve: uma nova versão de Mapas do Brasil.

DOSSIÊ PLUTÃO

Plutão não é mais planeta... e daí?

Carlos Hollanda

O medo do monstro imaginário debaixo da cama é igualmente o medo da emersão dos próprios demônios interiores. Plutão está, todos os dias, nos lembrando disso.

Pla, ple, pli, plo, Plutão, Plutinho ou o "anão pluto da vida". Ele finalmente chega aos 76 anos de sua descoberta oficial. Um jovem senhor de idade. Jovem ou até mesmo bebê, em vista da enormidade de tempo em que a humanidade já tem conhecimento da existência dos planetas clássicos (até Saturno) e dos "parceiros" trans-saturninos, Urano (desde o século XVIII) e Netuno (século XIX).

Plutão foi descoberto em 18 de fevereiro de 1930 por Clyde Tombaugh (em foto do Kansas State Historical Society), profissional do Lowell Observatory entre 1929 e 1945, o mesmo observatório que carrega o nome do cientista cujas iniciais são utilizadas entre os astrônomos para designar Plutão: o também astrônomo Percival Lowell (o "PL" do Plutão encontrado em muitos desenhos de mapas astrológicos). A descoberta, coincidentemente ou não, ocorreu quando a Lua transitava por Escorpião, o signo que há anos os astrólogos consideram como domicílio de, ahamm... Plutão-anão. O próprio Tombaugh nasceu com a Lua em conjunção com o "mini-senhor das trevas", quando este transitava por Gêmeos, em 1906, e faleceu em 17 de janeiro de 1997, pouco tempo após uma quadratura exata do... planeta anão (humpf...!) em trânsito com seu Saturno radical. Curiosas coincidências...

Não dispomos do horário de nascimento desse tão jovem (na época) e tão promissor astrônomo. Porém, no dia em que Tombaugh veio ao mundo, em 4 de fevereiro de 1906, a Lua não poderia deixar de fazer esse aspecto com o "Plutinho". Não se espantem com o apelido: em 2006, bem pouco tempo após ter formado um quincunce com sua posição na época da descoberta, o que era "ão" perde o status de planeta e vira "inho", classificado, portanto, como um planeta anão. Tal mudança parece obedecer às características comuns a um quincunce: trata-se, na verdade, de uma revisão e retificação. Neste caso, a revisão e retificação dizem respeito aos parâmetros que definem o que é de fato um planeta em termos científicos e que atingem precisamente Plutão, até então definido como planeta por astrônomos e astrólogos.

A existência de um planeta além de Netuno já havia sido cogitada pelo já citado Lowell no princípio do século XX. Nessa época Plutão encontrava-se na segunda metade do signo de Gêmeos, conforme se pode observar no mapa natal de Tombaugh. Hoje, com Plutão transitando no final de Sagitário, ocorre uma oposição entre a localização atual e a das primeiras especulações a respeito de sua existência. A oposição, entre outras possibilidades, funciona como uma promoção de identidade pela diferenciação. No nível humano, nossa identidade normalmente é construída, histórica e culturalmente, através de uma outra construção: a da alteridade. O "outro" é uma das principais bases formadoras das noções que temos sobre nós mesmos.

Processo semelhante ocorre com as percepções da ciência acerca do modo como classificar os planetas e seus aparentados, mormente em se tratando dessa mudança de status. O que é Plutão? A oposição de Plutão-Plutão coincide com uma definição mais acurada de sua "identidade" perante a comunidade que o descobriu: a comunidade científica legitimada, reconhecida social, jurídica e politicamente. É um modo de situá-lo dentro das concepções que essa mesma comunidade veio construindo ao longo do tempo, de maneira a facilitar seus estudos, teorias, métodos de observação e catalogação. É também Plutão em relação a essa comunidade, do mesmo modo que são relacionadas as etnias, as nacionalidades, e os traços culturais de outros povos pelos pesquisadores em ciências humanas. Entretanto, o novo status astronômico não o fará deixar de ter as características que em astrologia lhe são atribuídas. Sol e Lua eram planetas, em sua concepção mais antiga. Passaram a não sê-lo, após uma retificação conceitual. Isso por acaso fez com que eles deixassem de expressar, para a astrologia, suas características primárias? De modo algum!

O regime fascista de Mussolini foi uma das manifestações do simbolismo de Plutão.

Mencionei acima um "reconhecimento jurídico-político-social". É preciso tecer considerações sobre este ponto. Plutão foi descoberto durante uma fase crítica nessa ordem jurídico-política e também econômica. O período entreguerras (1918-1939) teve em 1929, com o crack da Bolsa de Nova Iorque e a crise econômica mundial decorrente, um momento de favorecimento ao processo de fascistização de diversos Estados, desde os europeus até os de outras partes no mundo, como o próprio Brasil, de Vargas, na época do Integralismo. A alarmante pauperização decorrente da crise não foi o único problema da época que coincide com o aprofundamento das pesquisas e a descoberta do então planeta. Havia, na verdade, uma crise nas relações internacionais que se agravou intensamente com a crise do Liberalismo. No próprio mapa dos Estados Unidos, quando da descoberta do planeta, Plutão em trânsito encontrava-se em órbita de oposição com o Plutão radical da carta astrológica do país, no eixo das casas 2 e 8 (recursos, investimentos, compartilhados ou bens monetários e de produção). Pouco antes fizera uma quadratura com Saturno. É patente o fato de que grande parte daquela crise nas relações internacionais esteve profundamente ligada ao caos econômico que levou muitos ao suicídio nos EUA e muitas famílias a viverem na miséria.

A Grande Depressão e suas hordas de desempregados
foi o grande marco histórico em sincronia
com a descoberta de Plutão.

Podemos observar também que o conjunto de fatores que desembocaram na crise político-econômica internacional vinha-se desenvolvendo desde a segunda metade do século XIX, acentuando-se, porém, no princípio do século XX, com conseqüências na I Guerra Mundial (1914-1918). A guerra fora gestada poucos anos antes, quando Plutão esteve em Gêmeos. Sua entrada em Câncer (26 de maio de 1914) ocorreu extremamente próxima à eclosão do conflito, que, devido ao uso da tecnologia, transformou o que outrora eram combates singulares em verdadeiros massacres. Havia ali, portanto, uma crise nessas relações entre nações, seus interesses, suas culturas e formas de condução política. Hoje, com Plutão em Sagitário, é ainda mais visível o problema na política internacional, o que só tende a agravar-se nos próximos anos. A entrada de Plutão em Capricórnio pode trazer à tona vários terrores ocultos, que vão-se libertando ao longo da atual crise jurídico-política, bem como as desigualdades socioeconômicas e a defesa indiscriminada de interesses dos países mais industrializados ante os demais.

Quando falamos em crise jurídica também estamos falando de uma crise cujos significados reportam ao simbolismo do Sagitário e de Júpiter, sem esquecer o signo pelo qual Plutão tem transitado desde 1995 até o momento. Por qual razão falo de crise jurídica? Trata-se do fato de que as relações internacionais são pautadas pelo Direito. As regras do Direiro Internacional infelizmente tendem, tanto quanto as leis internas de um país, a favorecer aqueles que têm mais recursos e influência, por mais que sejam propostos elementos de proteção aos países menos industrializados e sob o jugo econômico dos detentores do poder. Seria isso algo imutável? Não creio. Plutão, símbolo das grandes transformações e mudanças essenciais, pode ser uma chave para entender o que virá mais adiante. O problema é que ele informa que o que precisa ser mudado assim o será, a despeito do esforço realizado em contrário, nem que seja necessária uma grande destruição daquilo que esteja impedindo essa alteração de estruturas.

O medo do monstro sob a cama



Atalhos de Constelar 99 - Setembro/2006 | Voltar à capa desta edição |

Fernando Fernandes - Dossiê Plutão | A menina que batizou um planeta | Pluto, o cão de Mickey Mouse | O mapa do planeta anão |
Carlos Hollanda - Dossiê Plutão | Plutão não é mais planeta... e daí? | O medo do monstro sob a cama |
Maurice Jacoel - Dossiê Plutão Limpeza de órbita e limpeza étnica |
Thiago Veloso/Equipe de Constelar - Astrológica 2006 | No ritmo da Astrológica 2006 | Entrevista com Robson Papaleo |
Renata Lins - Os tempos de Saturno e Urano | Chronos e Kairós |

Edição anterior:

Raul V. Martinez - Astrologia Médica no século XV | Um mapa de doença, delírio e morte |
Raul V. Martinez - Jack, o Estripador | Um assassino de sangue real | A carta natal de Albert Victor |
Dimitri Camiloto - Saturno em Leão e o Brasil em 2006 | Fuzarca, decepção e realidade |
Dimitri Camiloto / Fernando Fernandes - Astrologia Mundial | Coréia do Norte e agressividade infantil | Duas Coréias, muitos mapas |
Americo Ayala Jr. - Astrocartografia e catástrofes naturais | Terremoto na Indonésia, Maio de 2006 |
Thiago Veloso/Equipe de Constelar - Astrológica 2006 | No ritmo da Astrológica 2006 | Entrevista com Robson Papaleo |


Cadastre seu e-mail e receba em primeira mão os avisos de atualização do site!
2013, Terra do Juremá Comunicação Ltda. Direitos autorais protegidos.
Reprodução proibida sem autorização dos autores.
Constelar Home Mapas do Brasil Tambores de América Escola Astroletiva