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Um olhar brasileiro em Astrologia
 Edição 98 :: Agosto/2006 :: -

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ASTROLOGIA MÉDICA NO SÉCULO XV

Um mapa de doença, delírio e morte

Raul V. Martinez

Como trabalhava um astrólogo do final da Idade Média? Que indicadores utilizava para fazer suas previsões? Raul V. Martinez dá a resposta comentando passo a passo uma consulta horária analisada pelo astrólogo Jean Ganivet no distante ano de 1431.

Jean Ganivet, médico do século XV, professor de Teologia na Universidade de Vienne, no Sudoeste da França, autor do livro de astrologia médica Amicus Medicorum Magistri (reeditado em Epistola Astrologie Defensiva), é um dos astrólogos citados por David Berlinsky em Segredos do Céu, Astrologia e a Arte da Previsão, da Editora Globo, São Paulo, 2005. Ganivet, antes de Dariot, também considerava os graus lúcidos, tenebrosos, fumarentos, vazios e outros (sobre Dariot ver Constelar nº 93).

Foi nesta cidade - Vienne, no sudoeste da França - que Jean Ganivet escreveu o livro que seria a referência para a prática da astrologia médica durante duzentos anos.

Em seu livro, Berlinsky transcreve do Amicus Medicorum Magistri uma análise de caso de morte prevista, com base em consulta astrológica horária.

A análise de Ganivet, comentada passo a passo

Transcrevemos do livro de David Berlinsky uma análise feita por Ganivet, baseada em carta astrológica horária. Trata-se de uma consulta solicitada por um médico a pedido do próprio doente, o decano de Vienne. Cada parágrafo do texto de Ganivet é logo a seguir comentado (as notas, numeradas de 1 a 15, não constam do original):

"No ano de nosso senhor Jesus Cristo de 1431, no sétimo dia do mês de agosto, que era dia de Marte (1), com sete horas completas a partir do meio da noite, na hora do Sol (2), um determinado mestre em artes e médico chamado Henry Amici, natural de Bruxelas em Brabante, perguntou, por parte do senhor decano de Vienne (3) que estava doente, se ele sobreviveria ou não. Aconteceu que a imagem do céu acima de Vienne naquela hora foi mostrada (4).

(1) - O dia 7 de agosto de 1431 foi uma terça-feira, dia de Marte.

(2) - Nesse dia, em Vienne, a hora do Sol teve início às 6:13 e terminou às 7:23, quando teve início a hora de Vênus. O autor fala em sete horas completas a partir do meio da noite; não fala nos minutos que possivelmente podem existir além desse horário.

(3) - "Perguntou por parte do senhor", ou seja, é como se o senhor decano estivesse formulando a pergunta.

(4) - A imagem do céu, a carta astrológica, foi construída para o horário em que a pergunta foi formulada. Essa figura, apresentada ao lado, está nos livros de Ganivet. Ao Ascendente, a 17º de Virgem, corresponde o horário 7:15:52 em Vienne (45N31, 004E52). Pelas cúspides da figura, se deduz que o sistema de domificação adotado foi o de Campanus. As demais cúspides, além do Ascendente, apresentam pequenas diferenças na figura original, as maiores delas da ordem de 1º. As longitudes planetárias também apresentam razoável grau de precisão - a maior diferença está na posição de Mercúrio, 1º. A carta2 foi calculada com os mesmos dados da carta1, mas de forma mais precisa, com recursos atuais de computação.

Consulta horária sobre a saúde do decano de Vienne - 7.8.1431, 7h15m52s - Vienne, França - 45n31, 004e52. Foi utilizada a hora local (LMT) e o sistema de casas Campanus, em voga na época. O mapa só apresenta os sete planetas visíveis, já que os demais ainda eram desconhecidos em 1431. Observar que, na versão original, o mapa é apresentado em formato quadrado, com as casas representadas por triângulos, como era comum na Idade Média.

Eu examinei essa imagem ou questão e tenho o Ascendente e a Lua do decano doente (5) e vi que a Lua estava se acomodando à conjunção do Sol e já estava sob os raios do Sol (6). Era um testemunho de morte (7).

(5) - Em uma figura horária, o regente do Ascendente e a Lua normalmente representam a pessoa que formulou a pergunta; o Ascendente, como cúspide da casa 1, no caso, representa o corpo físico ou a vida de quem formulou a pergunta.

(6) - Além da combustão há uma área menos perigosa, onde o planeta está sob os raios do Sol - essa área se estende do final da combustão (8º30') até os 17º30' de cada lado do Sol. Isso torna a Lua mais frágil, ou menos saudável - pior ainda porque a Lua se aproxima do Sol; seria menos prejudicial se ela se afastasse do Sol.

(7) - Antes de atingir a posição do Sol, a Lua passa pelo Nodo Lunar Sul, de natureza restritiva.

Considerei a parte do Planeta que Mata (8) no 14º grau de Leão entre a Lua e o Sol e dentro dos raios do Sol no início da 12ª casa (9) como sendo um sinal do mal que atormenta o paciente.

(8) - A Parte do Planeta que Mata, para nascimento diurno, é calculada da seguinte forma: Ascendente + Lua - Reg do Ascendente. Considerando as posições da figura apresentada por Ganivet, Ascendente a 17º de Virgem, Lua a 12º30' de Leão, e Mercúrio (Regente do Ascendente) a 16º09' de Virgem, se obtém a Parte do Planeta que Mata a 13º21' de Leão (valor que consta da figura) - ou seja, essa Parte está no 14º de Leão.

(9) - Ganivet considera a cúspide da 12ª casa a 14º de Leão.

Considerei, na terceira parte, que a Parte da Morte (10) no 26º grau de Virgem no Ascendente, a Casa da Vida, era um testemunho ruim.

(10) - Por se tratar de nascimento diurno, foi utilizada a seguinte fórmula para calcular a posição da Parte da Morte: Saturno + 8ª - Lua. O resultado desse cálculo fornece essa parte a 25º32' de Virgem, ou seja, no 26º de Virgem.

Em quarto lugar, examinei a Parte da Vida (11) da presente figura no 26º de Áries, na casa da Morte; de modo que há uma certa combinação ruim, ou seja, vida ou Parte da Vida na Casa da Morte, e Parte da Morte na Casa da Vida; os dois no mesmo número de graus em cada signo, com graus que são os termos dos maléficos (12).

(11) - A Parte da Vida, para nascimento diurno, é fornecida por Asc + Saturno - Júpiter. Na figura apresentada por Ganivet essa Parte está a 25º17' de Áries. Esse valor corresponde à posição de Júpiter um pouco diferente daquela anotada na figura.

(12) - 26º de Áries, início do Termo de Saturno nesse signo; e 26º de Virgem, no Termo de Marte em Virgem.

Além disso, a Parte da Fortuna (13) estava no 7º grau de Virgem na 12ª casa, com Mercúrio no final de seu movimento direto (14) chegando ao início de seu retrocesso e corrompendo o Ascendente.

(13) - A rigor, a Parte da Fortuna (Asc + Lua - Sol) a 7º09' de Virgem, está no 8º de Virgem, na 12ª casa.

(14) - Mercúrio começou a retrogradar no dia 12 seguinte, a 17º50' de Virgem.

Eu achei que o paciente chegaria ao delírio dentro de um dia natural (15), no máximo, não importando quão prudente ele fosse, e então aconteceu que ele entrou em delírio antes de um dia natural e morreu antes de dois".

(15) - Na figura de Ganivet, os significadores do paciente, Mercúrio, quase parando, está a menos de 1º do Ascendente; e a Lua (o outro significador) está a menos de 1º da Parte do Planeta que Mata.

Depois de transcrever essa análise astrológica, David Berlinsky continua:

"Em 1555, mais de meio século depois de Ganivet ter vivido e trabalhado, um astrólogo chamado Andrew Dygges publicou um texto intitulado A Prognostication, Manuscript on Medical Astrology. O tratado sugere em detalhes mais vívidos o sistema de interpretação médica do qual Jean Ganivet tinha se servido."

Esse texto de Andrew Dygges, que desconheço, somente estará de acordo com o sistema de interpretação apresentado por Ganivet se também for um texto de astrologia horária - prática que não utiliza a hora do nascimento do paciente, que nem sempre é conhecida, e sim a hora em que o astrólogo, ou médico-astrólogo no caso, tomou conhecimento da questão para a qual se procura uma resposta.

OUTRAS FONTES DE PESQUISA

- Cópias dos livros de Gavinet, em latim, podem ser obtidas gratuitamente na Gallica, Bibliothèque Nationale de France.
- a análise de Ganivet que foi utilizada por Berlinsky está disponível, em inglês, também gratuitamente, no site de Robert Zoller.
- Há uma página sobre Partes Árabes no site do astrólogo português Paulo Alexandre Silva.

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