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Um olhar brasileiro em Astrologia
 Edição 99 :: Setembro/2006 :: -

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CONSIDERAÇÕES SOBRE O SENTIDO DO TEMPO

Chronos, Kairós - Saturno e Urano

Renata Lins

O tempo da ciência não é o mesmo tempo da astrologia. O que os diferencia é a noção da qualidade intrínseca de cada momento, que a astrologia reconhece e a ciência insiste em ignorar.

"Existe um ponto específico da ciência moderna que merece uma consideração especial: a negação da qualidade do tempo. A ciência moderna pressupõe que o tempo é uma constante e que um experimento realizado agora ou daqui a 17 horas serão exatamente iguais se forem mantidas as condições. Só que, bem, os experimentos não dão resultados 100% exatos, e nunca lhes ocorre pensar que a culpa pode ser do momento diferente." (Pedro Sette Câmara)

Tudo começou com uma explicação do que é (e, sobretudo, do que não é) astrologia para alguém que me dizia que nela não acreditava. Minha reação normal é dizer "eu também não". De fato, meu vínculo com a astrologia sempre teve muito mais a ver com uma certa forma de olhar para o mundo, um certo "recorte do real", como dizem os lingüistas, do que com alguma eventual crença. Eu, taurina, tenho um irmão taurino, um avô idem, uma mãe e uma irmã librianas. Isso sempre teve um sentido na minha vida. Meu irmão e eu, aparentemente bem diferentes (ascendentes Sagitário e Áries), nos entendíamos quase sem falar. Já minha irmã seis anos mais nova era, no meu entender ariano, um "ser de outro planeta". O que dizer de uma criança que chora porque ganhou um quadro azul que não combina com os móveis vermelhos do seu quarto? Ou que se angustia com a indecisão na hora de escolher uma entre duas festinhas para ir no sábado à noite? Foi nos arquétipos astrológicos que encontrei resposta e tranqüilidade. Ah, bom. Era assim porque era. Porque a "matéria-vida" era diversa. Eu, Lua ascendente, sempre fiz da minha família o ponto de partida privilegiado para minha compreensão do mundo.

E é daí que veio o olhar para o tempo: o "tempo do relógio", chronos, marcando e cortando o tempo de vida de cada um, tão lindamente representado na figura das três Parcas: a fiandeira do fio da vida, a medidora e, por último, a que corta, com firmeza, pois é assim que tem que ser. O tempo das estações, o tempo do sol, o tempo de dormir e acordar, o tempo do pulsar do coração e da vida. "Por seres tão inventivo/ E pareceres contínuo/ Tempo Tempo Tempo Tempo / És um dos deuses mais lindos", diz Caetano, expressando a dicotomia tempo "lógico" versus tempo "histórico".

As três Parcas, na concepção de Goya.

Tempo "lógico", ou qualidade do tempo... kairós. Tempo de Urano. Que rege a astrologia. A arte de entender a qualidade do tempo. O tempo certo de cada coisa. A cara de cada tempo. O tempo de ter tempo. O tempo de perder tempo. O tempo de correr contra o tempo. Ir além da ilusão do tempo do relógio. Cada tempo tem um peso. Cada tempo tem um cheiro, uma cor, um sabor. Cada tempo deixa uma lembrança. Ou não deixa. De tempo somos feitos. Desse tempo de Urano. Que, junto com Saturno, rege Aquário. Em cuja era entramos, com a internet, o celular, a mistura das telecomunicações que nos mostra que o tempo/espaço linear e contínuo, em que estávamos tão confortavelmente instalados, na verdade não existe. Pra viver a vida, importa o tempo-kairós. Que não se marca em relógio nem em ampulheta. Se marca, talvez, no pulsar do coração que acelera quando dançamos, quando corremos, quando nos emocionamos. Mostrando a qualidade do tempo. Junto com o suor na fronte, com as lágrimas nos olhos. Com a dor na alma. Esse tempo.

... Isso inclusive leva à seguinte conclusão - caso se aceite que o tempo tem qualidade diferente, nenhum experimento é passível de ser repetido nas mesmas condições. Nenhum momento do tempo é igual em qualidade a nenhum outro. Assim, toda a base da ciência moderna fica abalada. Como aceitar tal idéia e ao mesmo tempo aceitar que experimentos possam ser repetidos com sucesso? Dá para imaginar que muitas vezes se conseguem momentos de qualidade semelhante, e dessa maneira são reproduzidas com bastante exatidão as condições iniciais.

A filosofia antiga é a resposta para a incompreensão existente entre astrologia e ciência. Para a filosofia antiga, todo momento se encerra em si mesmo. O sentido da qualidade do momento é a base para todas as mancias - na qual se inclui a astrologia horária. Também, no entanto, para a astrologia natal. A qualidade do momento em que se nasce se reflete em você, como em tudo o que faz parte (e que representa) aquele momento. Isso vai se refletir também no desenrolar desse novelo que é a vida olhada no tempo cronológico. Como se o novelo ficasse pronto na hora em que se nasce, e a vida nada mais fosse que o desenrolar daquele novelo. Que já contém tudo. E no entanto se desenrola e se desenrola. E ao se desenrolar traça desenhos, faz caminhos.

"Caminante, no hay camino.
Se hace el camino al andar.
Al andar se hace camino
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en el mar".

(MACHADO, Antonio. Cantares.)

Saiba mais sobre Renata Lins.



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