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O PERFIL DE UMA CIDADE
New York, New York...

Fernando Fernandes


Ao atacar Nova Iorque, os terroristas buscavam destruir um símbolo. Mas o que esta cidade cosmopolita, que funciona como uma capital informal do Ocidente, realmente representa?

Nova Iorque surgiu em 16 de maio de 1626, fundada por imigrantes belgas. O horário de fundação, pesquisado e retificado pelo astrólogo americano Marc Penfield, é o de 8h52 da manhã (-05:00). A data recorda o episódio da compra da ilha de Manhattan aos nativos por uma quantia que corresponderia hoje a míseros 24 dólares. Foi o maior negócio imobiliário da história do planeta. Mais tarde, em 1653, a vila é elevada a cidade com o nome de Nieuw Amsterdam. Na época, era uma colônia holandesa, mas doze anos mais tarde os ingleses se apossam da região e rebatizam a cidade.

Nos anos sessenta e setenta, Nova Iorque vinha perdendo seu charme e afugentando novos investimentos. Mas os especialistas em marketing, num achado genial, encontraram um símbolo capaz de expressar o que a cidade representava no imaginário coletivo de todo o planeta: The Big Apple, a grande maçã. Maçãs lembram imediatamente tentação, numa alusão ao pecado original. Sugerem também prazer e desfrute, pois para que serviria uma maçã exceto para ser comida? Maçãs são regidas por Vênus. No mapa da fundação de Nova Iorque, Vênus está em Touro, um de seus domicílios, em conjunção com o Sol na casa 11. Touro é um signo terráqueo e sensual, ligado à matéria e aos valores do consumo. A casa 11, a par de seus significados tradicionais - grupos, projetos e esperanças -, é também a quinta casa (afetos e divertimentos) a partir da sétima (os outros, sejam parceiros ou inimigos). Assim, a conjunção Sol-Vênus em Touro na casa dos afetos alheios fez de Nova Iorque a maçã mais cobiçada pelo mundo. A reforçar tal popularidade encontramos a Lua, regente do Ascendente, na casa 7, em quadratura com Júpiter e Netuno.

Quando envolvidos em quadraturas, Júpiter tende à hipertrofia e ao exagero, enquanto Netuno substitui a dura realidade por doces ilusões cor-de-rosa. A Lua é um significador essencial de público e de grandes massas. A configuração explica por que Nova Iorque sempre foi um ímã a atrair imigrantes de toda parte, a começar pelos despossuídos e perseguidos da Europa - judeus, italianos e irlandeses pobres - até chegar aos chineses, paquistaneses, indianos e latino-americanos de todos os países que superpovoaram a cidade ao longo do século XX. Mas o Ascendente de Nova Iorque é o defensivo Câncer, que, a exemplo do caranguejo, protege-se de riscos escondendo-se sob a grossa carapaça. E a Lua, não cabe esquecer, está em Capricórnio, signo de securas e hierarquias. Regendo o Ascendente, faz de Nova Iorque uma cidade mais áspera do que parece. É uma Babilônia moderna e prática, voltada para status e dinheiro, e contendo em si todos os sonhos de ascensão social.

A conotação netuniana do mapa de Nova Iorque é reforçada pela presença de Marte, regente do Meio-Céu, na casa 12, que tem uma analogia natural com Peixes, signo de Netuno. Como Marte está em Câncer, revela-se que o destino da Big Apple, aquilo que a tornou única entre as cidades do mundo, está relacionado ao mar, ou, em outras palavras, à condição de cidade portuária excepcionalmente bem localizada, através da qual fluiu boa parte do comércio americano com a Europa. Mercúrio, significador essencial de atividades mercantis, está em Gêmeos, regendo as casas 12 e 3, além de formar um belo trígono com Júpiter-Netuno em Libra. Esta conjugação de fatores, que, num primeiro momento, expressou-se através do comércio marítimo, continua a manifestar-se sob a forma da internacionalização das trocas mercantis e culturais, já que tanto Netuno quanto a casa 12 carregam o sentido da ausência de fronteiras e de limites. Daí percebemos outro atributo simbólico de Nova Iorque: o de ser o empório do mundo.

Fundação de Nova Iorque - 16.5.1626, 8h52 (-05:00) - 40n45, 73w57. Carta retificada pelo astrólogo americano Marc Penfield. Carlos Hollanda sugere o horário de 9h10 (ver artigo seguinte).

A imagem que Nova Iorque projeta está fundamentalmente ligada a seus arranha-céus. Não apenas porque a Lua está em Capricórnio, signo de torres, e em aspecto com Júpiter em Libra (a altura exagerada dos edifícios), pois há também a quadratura de Urano em Leão na 2 (os recursos financeiros) a Sol e Vênus em Touro (outro signo de construções). O aspecto pode ser traduzido como uma busca de rompimento (Urano) de padrões estéticos convencionais (Vênus em Touro) mediante a adoção de padrões futuristas, mesmo às custas do sacrifício da humanização do ambiente urbano (Urano tensionado tende a exagerar o toque impessoal). Urano na 2 expressa a canalização de recursos financeiros para tais aventuras estéticas que deram a Nova Iorque, desde muito cedo, um perfil revolucionário entre as grandes cidades do mundo. O Empire State Building e, mais tarde, as torres gêmeas do World Trade Center são exemplos disso.

Por seu domicílio em Escorpião, segundo o esquema clássico Marte, além de reger o Meio-Céu, também rege a casa 5, das diversões, cuja cúspide é ocupada por este signo. Diversões estão ligadas à vocação da cidade (casa 10) e também ao submundo (casa 12). Numa só configuração, temos reunidos a Broadway, a máfia, a prostituição, o poder. Marte está em sextil com Saturno na 2, mostrando que todo este caldeirão de alegres atividades suspeitas funciona movida por interesses bem prosaicos: money makes the world goes round…

Nova Iorque, aliás, tem um toque escorpiano, pois o Sol também forma conjunção com Plutão, expressando a união do poder com o dinheiro. É um aspecto duro mas produtivo, além de indicador de uma grande capacidade de regeneração. O símbolo da cidade é a estátua da Liberdade, que avança para o mar, a receber os imigrantes. Liberdade é assunto de casa 11, exatamente a mais ativada da carta, pela presença de três planetas e pela conjunção de Plutão a sua cúspide. Mercúrio em Gêmeos, aliás, é um desses planetas, e seu trígono com Júpiter fala tanto da vocação para o comércio internacional quanto para a multiplicidade de comunidades étnicas que ali convivem. Em Nova Iorque, é o conjunto das minorias que constitui a maioria.

Para puritanos e fundamentalistas religiosos de todos os tipos, Nova Iorque é bem uma Babilônia moderna, símbolo de uma civilização espúria e degenerada. Ao atingir as mais altas torres da cidade, os terroristas expressavam repúdio ao modo americano de ser, ao pragmatismo e ao materialismo vale-tudo que provavelmente enxergam como as características mais evidentes da Grande Maçã.

O diferencial de Nova Iorque sempre foram os grandes arranha-céus, fruto do experimentalismo estético da quadratura Urano-Vênus.

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