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UMA OUTRA VISÃO DE O CLONE

Os personagens de acordo
com sua função na trama:
"Não é brinquedo não!..."

Fernando Fernandes e Carlos Hollanda

 

A maioria dos participantes do debate sobre O Clone fez dos personagens uma leitura comportamental, ou seja, procurou correspondências astrológicas com o comportamento de cada um. Aqui propomos outra estratégia, que é o de uma leitura funcional: entender cada personagem com base no papel específico que desempenha na trama. E eis que o Rei Artur e o Mago Merlin entram na história...

Outra forma de entender não apenas os personagens de O Clone como de qualquer outra obra de ficção é considerar que o zodíaco é um esquema universal que tende a reproduzir-se em qualquer circunstância em que encontremos um grupo - de indivíduos, de seres biológicos, de objetos etc. - em que cada componente apresente qualidades distintas de seus pares. Exemplificando: qualquer conjunto de seres ou de objetos sempre tem um elemento no qual podemos identificar características de iniciativa, agressividade, calor e energia. Ao encontrá-lo, podemos atribuir-lhe, portanto, uma regência ariana. Outro ser ou objeto apresentará características de solidez, de estabilidade e de acumulação que permitirão associá-lo a Touro. Assim, com base em analogias, localizamos todos os doze signos.

Como podemos identificar o indivíduo que desempenha um papel mais ariano dentro de um grupo? É simples: quem toma as iniciativas? Quem é o guerreiro que luta em campo aberto, sem utilizar subterfúgios? Quem é franco, assertivo, espontâneo, alegre, ou tão pouco sofisticado a ponto de parecer rude ou infantil? Quem está mais próximo de expressar valores arianos, como o fogo, a cor vermelha, a natureza cortante e metálica e assim por diante? No caso de O Clone, rapidamente chegamos a um personagem que corporifica a maioria dessas qualidades: trata-se de Yvete, a desinibida e objetiva mulher encarnada por Vera Fischer. Bem observada, Yvete apresenta também uma série de traços taurinos (muitos), leoninos e sagitarianos, mas, na lógica da trama, a função ariana é dela.

A novela estreou num momento em que os muçulmanos estavam sendo vistos com extrema desconfiança pelo Ocidente.

Áries forma com Libra um eixo de opostos, uma polaridade, enfim. Provavelmente, o personagem mais libriano da trama será alguém que terá com Yvete uma relação de complementaridade (um parceiro) ou de rivalidade (um adversário), ou ainda alguém que, mesmo não estando em relação direta com Yvete, estabeleça com ela um paralelo, um contraste, de forma que, pelas diferenças mútuas, tanto o comportamento ariano quanto o libriano fiquem bem visíveis.

Quem melhor se enquadra nesta definição é Alicinha, uma vilã de carteirinha, feita sob medida para a novela das oito. Alicinha é sofisticada, envolvente, elegante, gentil (características de Vênus), e age de forma radicalmente oposta à de Yvete: enquanto esta arromba portas e irrompe na sala de um ou de outro como um furacão, Alicinha planeja os próximos passos, pesa cuidadosamente o efeito de suas palavras, está tão preocupada em agradar - e sempre com segundas intenções - que já não tem mais qualquer resquício de espontaneidade. Alicinha, dentro da trama, exerce uma função libriana, se bem que seja Libra no que tem de pior, somado ao que há de pior também em outro signo: Capricórnio.

Aí surge um outro recurso muito comum em novelas e em qualquer obra de ficção: se Alicinha é uma combinação perversa de características Libra-Capricórnio, em algum lugar deve haver um personagem que simbolize a manifestação saudável desta mesma combinação. Trata-se de Latiffa, a prima de Jade.

Os dois lados de Saturno

Alicinha e Latiffa, dois personagens que sequer têm contato entre si durante a novela, corporificam a mesma natureza sedutora e gregária de Libra/Vênus a serviço do desejo de ascensão social e de segurança de Capricórnio/Saturno. Contudo, enquanto Latiffa é o que tal combinação tem de melhor - paciência, fidelidade, dedicação - Alicinha é a expressão mal resolvida de um contato tenso Vênus-Saturno: o relacionamento utilitário e a supressão da entrega afetiva em nome das ambições pessoais.

Por outro lado, Latiffa e Alicinha também estabelecem relações contrastantes com outros personagens. Alicinha, como bem assinalou um dos participantes do fórum de discussão, é o pólo libriano de relacionamentos com homens primários e nada sofisticados, como Miro e Escobar, ambos bons representantes do tipo ariano. Latiffa, por outro lado, com sua ênfase saturnina (Saturno rege Capricórnio e se exalta em Libra), faz um bom contraponto com a inquieta Jade, um tipo com evidentes toques desarmônicos de Urano. O que Latiffa constrói e valoriza é exatamente o que Jade "joga no vento".

Jade, a mulher jogada no vento

DEBATE:
Introdução
Signos dos personagens
Albieri, Jade
Zoraide, Yvete, Leônidas
Maysa, Mel, Dalva e Dona Jura
Said, Latiffa, Mohamed e Ali
Nazira, Alicinha, Lucas e Lobato

OUTRA VISÃO:
Os dois lados de Saturno
Jade, mulher jogada no vento
Filhos do nevoeiro e do trovão
Albieri, Parsifal e o Santo Graal


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