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Um olhar brasileiro em Astrologia
 Edição 105 :: Março/2007 :: -

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MITOLOGIA E COMPORTAMENTO

Os mitos de cada signo
e os trânsitos de Plutão

Eugenia Maria Galeffi

Libra

Libra é signo masculino. Como domicílio de Vênus, ele se distingue pela elegância dos movimentos. É menos expansivo do que poderia parecer, assim também sua vontade parece não ter constância e como resultado temos um modo de adaptação às circunstâncias que encontra pela frente, em vez de modificá-las de acordo com sua natureza. Segundo a astrologia tradicional, isso se dá devido ao Sol estar em queda. Ele vê na justiça uma garantia de felicidade. De fato, ele tem necessidade de justiça, assim como de equilíbrio, harmonia, cultura, beleza e arte, expressas como qualidades mentais que fazem parte do signo da Balança.

O julgamento de Páris, por Peter Paul Rubens, pintado aproximadamente em 1636.
Trata-se de uma visão barroca do mito grego.

Como a Balança é signo de Justiça, vamos encontrar na mitologia a figura de Palas Atena, personificação da lei, da verdade e da ordem social. Mas para julgar a beleza das três mais belas entre Palas Atena (Minerva), Hera (Discórdia) e Afrodite (Vênus), Zeus estrategicamente escolhe Páris, filho de Príamo e rei de Tróia, vista a sua capacidade de julgar e de se relacionar com o sexo feminino. Como um bom Libra, Páris teria dividido o prêmio, um pomo de ouro, em três partes iguais, para não atrair a ira das perdedoras, mas é obrigado a decidir-se por uma. Atena lhe promete vitória em todas as batalhas. Hera lhe oferece o domínio sobre a Ásia. Afrodite, por sua vez, lhe promete o amor de Helena, a mulher mais linda do mundo e esposa de Menelau, rei de Micenas. Assim, Páris, sem demora, oferece o pomo de ouro a Afrodite, e a ira das perdedoras inevitavelmente é lançada sobre ele. Enamora-se perdidamente de Helena, é correspondido, e os dois se refugiam em Tróia provocando a famosa guerra e levando os gregos à destruição. É aí que entra em cena a figura de Tirésia, o advinho e profeta cego, que vai mostrar o lado interior do símbolo, diferente de Páris, ao qual é imposta uma escolha no amor, causando-lhe dificuldade na decisão e levando-o a um trágico fim. Vejamos de que modo Tirésia adquire a visão interior. Hera, no seu bosque sagrado, lhe proporciona assistir ao cruzamento de duas serpentes. Como ele se pergunta qual das duas sente mais prazer, Hera lhe dá a oportunidade de viver um tempo como mulher e, ao voltar à sua forma masculina, perante a corte de Zeus e Hera, é-lhe perguntado sobre o resultado de sua pesquisa. Ao ver seus brios masculinos diminuídos pela resposta contrária ao que estava esperando, Zeus tira a sua visão. Nos mitos gregos, porém, a figura da escuridão externa é sinal de profundo conhecimento e luz interna. [Cf. Riccardo Garbarino, op. cit.]

A Balança do signo significa a integração dos opostos. A lei está no centro, ou, dito em outras palavras, o que vale é o caminho do meio, a harmonia e a paz: equilíbrio, que significa "união dos princípios aparentemente opostos - positivo-negativo, macho-fêmea, Luz-sombra, espírito-matéria". [Puiggros, op. cit., p. 75.]

Quem tem Plutão em Libra no mapa natal somente por volta do ano 2000 é que pôde realmente expressar seu potencial, pois antes, tudo o que se entendia habitualmente por lei estava sendo questionado em suas bases, desde as suas raízes. [Cf. Puiggros, op. cit., p. 75.] Como Libra é um signo de Ar, "Plutão limpará a poluição mental", trazendo a capacidade de reorganização e de escolha.

Escorpião

É fixo e feminino o signo de Escorpião, domicílio de Plutão e Marte. Mas, além do seu fascínio irresistível e penetrante, o que o torna diferente é a originalidade do seu modo de agir e pensar. Às vezes pode parecer frio, pois tem a necessidade de guardar seu segredo pessoal, mas intimamente é como uma chama: devoradora e inflamante e chegando ao ponto até de despontar com violência. Domar os próprios instintos é sua grande lição. Lutero, Gandhi e Freud, assim como Goethe, são os maiores exemplos da história.

Como bem lembra Garbarini, na antiga Astrologia egípcia, que engloba tanto a caldéia como a hebraica, o mito do Escorpião tinha sua representação na serpente que de tempos em tempos muda sua pele e é capaz de uma constante auto-renovação. Isto significa que, após a destruição final, há a reconstrução e o novo início. É o animal que tenta Eva, como transfiguração do Diabo. Já na Astrologia grega, de onde remonta o símbolo, ele é um animal solitário e venenoso, que reage somente por defesa, sem ser agressivo. Geralmente o senso de Justiça é muito forte nos escorpianos e eles, sem escrúpulos, aplicam a lei do talião, porque, segundo eles, é o único modo de sobreviver, embora tenham a coragem de enfrentar tudo o que está dentro de si e transformá-lo. Essa transformação pode se dar do mesmo modo como Hidra enfrenta Hércules, em um de seus doze trabalhos. Hidra é um animal serpentiforme de nove cabeças. Quando uma é cortada, nascem três em seu lugar até que o monstro vê a luz e morre, com exceção de uma cabeça que é imortal, pois contém a preciosa jóia do Self, ou Eu Interior.

A hidra de nove cabeças em combate com Hércules.

Plutão em Escorpião representa o poder, e esse trânsito traz potencialização. Durante esse tempo, esse planeta "se mantém dentro da órbita teórica de Netuno, atinge seu periélio (sua proximidade máxima em relação ao Sol) e sua maior velocidade a 17º de Escorpião, em trígono com o signo e o grau de seu descobrimento, além de ser esse o signo em que está há menos tempo". [Puiggros, op. cit., p. 76-77.] Para a humanidade é um momento decisivo, pois muitas pessoas podem expandir e elevar sua consciência chegando até outras dimensões, aumentar seus poderes até atingir o nível extra-sensorial e retirar os impedimentos do caminho que punham obstáculos ao seu desenvolvimento espiritual. [Cf. Puiggros, op. cit., p. 77.]

É tempo de integração de todas as pessoas independentemente de raças ou países, que, porém, se fundamenta na individualidade. Plutão em Escorpião está pronto a desvelar o segredo, a romper os véus do separatismo. É a constatação de que "somos todos iguais, células de um mesmo planeta, trabalhando para um mesmo fim", prontos para "assentar as bases da utopia aquariana". [Cf. Puiggros, op. cit, p. 79.]

Lembrando o que diz Puiggros, assiste-se ao fenômeno gerado pela internet, do ponto de vista positivo, de intercomunicação para a paz, o amor e consciência de que somos seres em busca de união. Somos Um com todo o microcosmo e o macrocosmo. É a hora H da nossa elevação espiritual. Depende de nós escolher o caminho a seguir, traçado pela Moira, impulsionado por Plutão e finalmente decidido pelo nosso livre arbítrio, pelo nosso grau de consciência, ou seja, pela nossa capacidade de discernimento gerada pela maturidade alcançada através da individualidade em prol da interligação com todos os sistemas do universo, seja ele humano ou planetário.

A astrologia nos ensina que na visão do mundo existem duas dimensões: a material e a espiritual. E é justamente nesse ponto que ela tem um papel extremamente educativo, sustentava Raman. A diferença entre o ocidente e o oriente está, portanto, aí. Sabe-se que no ocidente a vida está cada vez mais voltada para o lado material, o que se constitui num certo desequilíbrio, e tal situação leva à instabilidade psicológica. Aqueles que não se sentem totalmente plenos com o simples sucesso material estão buscando valores espirituais, e essa sede de conexão, essa re-ligação do Eu interior com o Eu Superior, é que pode ser acessada através de métodos "educativos" que levem o indivíduo a conseguir conectar sua própria fonte e assim ligar-se ao Eu Superior.

O papel da educação é de importância fundamental na interpretação do horóscopo, pois seu objetivo principal é livrar a mente dos medos. Uma vez liberado do medo de se auto-conhecer com suas limitações e qualidades, penetrando cada vez mais a fundo em si mesmo, o indivíduo pode começar a ver mais longe, como já dizia Krishnamurti.

Vejamos, então, em que medida Plutão pode nos transformar, no sentido até de enterrar completamente o passado. Como já dissemos anteriormente, vai depender do mapa natal de cada um e de como essa forte energia vai ser usada: ele pode nos alçar ou derrubar vertiginosamente. Quando está em trânsito com Mercúrio, por exemplo, pode vir a re-estruturar completamente o modo de pensar de uma pessoa, não só alguns pontos de vista. Portanto, pode levar a um estresse tal que, se a pessoa não estiver preparada, pode ficar balançada. Mas, uma vez compreendendo esse trânsito e tomando consciência da situação, basta deixar-se levar pela corrente e tudo fluirá naturalmente.

Retomando o fio da meada para chegarmos a uma conclusão, a palavra-chave será então "tomada de consciência" da realidade plutoniana para que se evitem "quedas-em-vôo-livre".

Com esta "tomada de consciência", nos vem à mente que os gregos, através das cerimônias realizadas em Elêusis, conhecidas como os Mistérios, procuravam através do culto a Deméter (simbolizando o fruto da terra, a Agricultura) e Core ou Perséfone, sua filha, (simbolizando a semente, que ao ser enterrada e escondida debaixo da terra) se fundir com as riquezas contidas no solo, ou seja, com Plutão, seu marido, no escuro, num ritual de fecundação, simbolizando o casamento sagrado, concretizando o hieròs-gamos perfeito, absorvendo toda a riqueza do terreno. Ao vir à luz, representa em forma de planta toda a sabedoria, realidade e ensinamento que já continha em si e que pôde, através do mergulho na terra, nascer para uma vida nova. E é desse modo que a passagem de Plutão pelo nosso mapa natal pode nos renovar, nos fazer mergulhar na mais profunda escuridão, realizar o casamento sagrado, a fusão do masculino com o feminino, para depois trazer à luz essa nova vida, esse novo elemento, essa nova visão de mundo.

BIBLIOGRAFIA

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ROMILLY, Jacqueline. Fundamentos de Literatura Grega. Rio de Janeiro, Zahar, s/d.

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