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UM CASO DE ASTROLOCALIZAÇÃO

Senna, para sempre Netuno

Fernando Fernandes

 

Netuno, planeta do sacrifício e da mitificação, estava no Meio-Céu da carta natal de Ayrton Senna. Mas também estava em destaque em outras cartas que, construídas com base em técnicas de astrolocalização, mostram por que lugares como São Paulo, Silverstone, Mônaco, Suzuka e Ímola foram decisivos na trajetória do maior piloto brasileiro.

Quando Ayrton Senna começou a despontar como fenômeno no automobilismo, o Brasil estava longe de ser um país pobre de ídolos nesta área. Nelson Piquet, um piloto tecnicamente genial, acabara de ganhar o bicampeonato mundial de Fórmula-1 - e ainda seria tricampeão, em 1987; Emerson Fittipaldi, depois de dois títulos mundiais na Fórmula-1, tentava a sorte na Fórmula Indy americana, onde também chegaria a um inédito título; Raul Boesel, brasileiro pouco conhecido em sua própria terra, preparava-se para ser campeão mundial de Marcas, título que alcançaria em 1987.

Por que, então, estava reservado a Senna elevar-se tão acima de outros pilotos na popularidade e na paixão dos fãs? Por que seria ele - e não Emerson ou Piquet - o escolhido para ser carregado nos braços do povo, em Interlagos, após a memorável vitória de 1993? E que força teria ele para, já morto, fazer parar a terceira maior cidade do mundo no cortejo fúnebre de maio de 1994?

Uma impressionante reiteração de fatores mostra que a resposta está na compreensão do papel dos planetas angulares de sua carta natal. Um planeta angular - aquele que forma conjunção com o Ascendente, o Descendente, o Meio do Céu ou o Fundo do Céu no momento do nascimento - é um planeta numa situação de evidência, cujos significados se manifestarão de maneira mais objetiva e contundente na vida do indivíduo. Ascendente e Meio-Céu desempenham, no caso, função especial: o primeiro é o fator decisivo na formação da imagem que o indivíduo projeta, enquanto o segundo explica muito de sua carreira, de como alcança um "lugar ao sol" e obtém uma reputação.

Ayrton Senna - 21.3.1960, 2h35 - São Paulo, SP - 23s32, 46w37.

O planeta mais angular de Senna é Netuno no Meio-Céu, numa conjunção praticamente exata. No Descendente o planeta em evidência é Urano, importante também por ser o regente do Ascendente; e neste último, finalmente, encontramos Marte, cuja importância deriva também de ser o dispositor do Sol (ou seja, o regente de Áries, signo solar de Senna).

Sobre Netuno no Meio-Céu, Carlos Hollanda escreve no curso Planetas Geracionais em Signos e Casas, de Astroletiva:

O indivíduo pode corporificar um anseio coletivo por redenção. No entanto, deve-se evitar o chamado "complexo de salvador", devido ao desejo de ser útil para o mundo. [...] O trabalho precisa ser inspirador e ter uma qualidade profundamente absorvente, algo que tire o indivíduo do estado "banal" de consciência concreta. Muitos, ao sacrificarem, forçosamente ou não, aquilo que é considerado motivo de status e reconhecimento público, acabam por encontrar uma sensação de purificação ou "santificação".

Não é uma descrição apropriada para alguns aspectos da carreira de Senna? Efetivamente, ele encontrou um trabalho inspirador e absorvente, a ponto de tê-lo levado a declarar, após um treino no Japão, que havia "conversado com Deus", numa experiência mística em plena pista de corrida. O aspecto "redentor", contudo, só veio à tona com toda a força após sua morte. Senna corporificou o velho mito do herói sacrificado - do mártir, enfim, o mais netuniano dos arquétipos. E foi exatamente o martírio que consolidou outro traço netuniano: o do carisma, do magnetismo, da identificação plena com as massas.

Sobre a oposição Marte-Urano ao longo do eixo Ascendente-Descendente, basta dizer que é o aspecto que melhor explica o arrojo, a fria audácia, o namoro com o risco, a paixão pela velocidade, traços sempre presentes na vida do piloto. Marte é o pioneiro, o ser competitivo por definição, o que quer andar na frente. Marte-Urano é adrenalina pura.

Mas a proposta deste artigo não é a análise detalhada da carta de Senna, e sim sua correlação com alguns lugares especiais na carreira do piloto, dos quais selecionamos cinco:

- São Paulo, terra natal de Senna, onde ele recebeu as maiores demonstrações de paixão do público (Interlagos, em 1993, onde ele venceu diante de uma platéia em delírio, que invadiu a pista no final da corrida, e o próprio cortejo fúnebre, em 1994, que mobilizou a cidade inteira);

- Suzuka, no Japão, em cujo autódromo Senna decidiu e ganhou três títulos mundiais de Fórmula-1;

- Silverstone, na Inglaterra, onde, nos primeiros anos de carreira, Senna ganhou a confiança e o respeito das equipes européias, correndo em categorias de base. Senna ganhou tantas vezes em Silverstone que o autódromo era conhecido como Silvastone, em referência a seu sobrenome. Silverstone também é importante por ser muito próximo da sede das equipes inglesas por onde Senna correu: a McLaren e a Williams;

- Monte Carlo, no principado de Mônaco, onde Senna venceu cinco GPs, tornando-se o rei da apertada pista local. Foi em Monte Carlo que ele, ainda correndo pela fraca equipe Toleman, assombrou o mundo ao conquistar um segundo lugar sob chuva intensa. O público descobria naquele dia três características de Senna: a coragem, a incrível capacidade de guiar em pistas molhadas e a identificação com a pista de Monte Carlo, onde se tornou imbatível;

- Ímola, cidade italiana que abriga a pista onde Senna encontrou a morte, em 1º de maio de 1994.

Para verificarmos como o mapa de Senna se comportava em cada uma dessas localidades, vamos utilizar duas técnicas: a relocação da carta natal e o mapa com equivalentes geodésicos.

Duas técnicas de astrolocalização

Atalhos de Constelar 71 - maio/2004

Brasília, a utopia aquariana, de Maurice Jacoel
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Princípios de Astrocartografia, de Raul V. Martinez
Conceitos Preliminares | Parans | A Astrogeografia e a rosa dos ventos

Astrocartografia aplicada: Senna, a morte anunciada, de Raul V. Martinez
Aplicando a Astrogeografia dos Pontos Cardeais | A morte por traumatismo craniano | Retorno Lunar anterior à morte | Ingresso do Sol em Áries construído para Brasília

Senna, para sempre Netuno, de Fernando Fernandes
Introdução | Duas técnicas de astrolocalização | Senna em Silverstone e Monte Carlo | Os títulos no Japão e a morte em Ímola


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