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UM ESTUDO DE IDENTIDADE ASTROLÓGICA

Brasília, a utopia aquariana

Maurice Jacoel

 

A inauguração

1960: 21 de abril, à 0 hora, é inaugurada a cidade com missa na catedral e o acender das luzes e fogos de artifício.

Essa missa foi, sem dúvida, o ato principal da inauguração da Capital.

Às 23:35, JK chegou à praça dos Três Poderes para a missa de ação de graças, celebrada pelo Cardeal patriarca de Lisboa Dom Manuel Gonçalves Cerejeira, que trouxe o crucifixo de ferro usado por Frei Henrique de Coimbra na primeira missa do Brasil... Toda Brasília estava às escuras, até que a iluminação da Esplanada foi acesa de uma só vez à meia-noite. Aos 45 minutos de 21 de abril o Papa João XXIII falou ao povo e autoridades de Brasília, em mensagem do Vaticano e reproduzida em alto-falantes. Em seguida ouviu-se o repique do mesmo sino que em 1793 anunciou a morte de Tiradentes.

Acender das luzes, fogos de artifício, missa, mensagem do Papa; enfim, todos os elementos simbólicos necessários que decididamente marcam a inauguração da Cidade e mobilizam o Ascendente no signo de Aquário. Percebemos que Juscelino utilizou intencionalmente todos os símbolos como se estivesse recriando o Brasil.

Podemos, assim, associar claramente a inauguração ao Ascendente Aquário, que por sinal projeta o planeta Netuno no Meio do Céu, nessa hora, fato que assinala toda a característica mística da cidade e evidencia a semelhança do glifo de Netuno com o croqui de Lúcio Costa para o Plano Piloto.

1960: 21 de abril, às 11h da manhã, sessão solene e instauração do governo no Palácio da Alvorada.

Aqui estamos com a terceira etapa da inauguração e a mais polêmica. O Ascendente desse momento está em Gêmeos, e gera controvérsia em relação ao horário significativo da inauguração de Brasília. Na sessão de instauração do governo, em verdade, a cidade já se encontra inaugurada, em função das atividades da véspera e, principalmente, da missa na Catedral. O presidente Juscelino nesse momento instala o governo na cidade. É sem dúvida um momento de máxima importância, mas que se reveste como formalidade de instauração das atividades administrativas e políticas na cidade já inaugurada.

Conclusões

Determinar o momento preciso do nascimento de uma cidade como Brasília levanta a complexidade de toda a história que antecedeu e permitiu a realização desse sonho coletivo.

Minha proposta, a partir do estudo de seus vários ciclos de formação e de sua identidade básica, é escolher, entre as três datas significativas de inauguração, a da missa solene, intencional, considerada pelo próprio Presidente Juscelino como a da fundação.

Em todos os episódios percebemos claramente a forte e inequívoca presença da conjunção Júpiter-Urano, revelando ser esse o paradigma essencial. Estamos falando de confiança, fé, generosidade, abundância, amplidão e expansão (Júpiter) e conhecimento, ciência, agrupamentos humanos diferenciados, planejamento, futuro, idealização, utopia (Urano), entre tantos outros aspectos arquetípicos desses planetas. Fé e utopia me parecem ser as palavras que acabam sintetizando todo esse processo histórico.

A famosa foto de Juscelino Kubitschek acenando o chapéu, uma imagem de otimismo e esperança dos "anos dourados".

Ao analisar o mapa da inauguração de Brasília conforme sua história - à zero hora do dia 21 de abril de 1960, em plena consagração da hóstia durante a missa solene, com o acender das luzes das edificações, fogos de artifício e principalmente o repicar do mesmo sino que repicou na morte de Tiradentes - ficamos assombrados com o Ascendente desses eventos encontrar-se no signo de Aquário e Netuno, no Meio do Céu. Netuno, planeta místico, do sonho, da fusão. Novamente o simbolismo da cruz e do sonho da era de Peixes, da cruz dos antigos templários.

Brasília é a cidade que mais abriga místicos, esotéricos e terapeutas de todas as tendências. E também abriga uma expressão religiosa totalmente brasileira: o "Vale do Amanhecer", da tia Neiva (ex-caminhoneira). Religião que não está calcada em tradições tão somente ocidentais ou afro-ameríndias, mas num sincretismo único que não se reproduz em outras partes do país.

No mapa astrológico que escolhemos, o Sol na quarta casa, no signo de Touro, assinala claramente os conflitos de terra, típicos da cidade. E também a utopia da "nova Terra Prometida". A Lua no signo de Peixes, na segunda casa, sinaliza de novo a utopia, o sonho, a fantasia e as imagens dissociadas da realidade que ora atraem ora afastam as pessoas de Brasília, além de indicar os grandes investimentos financeiros e endividamentos que a cidade mobiliza desde sua fundação.

Júpiter se encontra aos 3º de Capricórnio, numa conjunção exata com Urano no mapa da Independência. Novamente, sinaliza o padrão básico de expansão, confiança e futuro, progresso, utopia.

Urano, que no mapa da inauguração de Brasília se encontra em Leão, na sétima casa e em movimento retrógrado, indica que o propósito maior dessa obra ainda não se completou e que a participação de muitos ainda será decisiva, tal como também o atesta o Meio do Céu no signo de Escorpião. Essa configuração repolariza o próprio mapa astrológico da Independência do Brasil, também com Ascendente no signo de Aquário. É interessante notar a conjunção de Urano, nessa data, com o planeta Vênus do dia da Independência, regente da quarta casa deste último mapa.

As outras datas de inauguração, a entrega da chave e o discurso cerimonial no palácio governamental na manhã do dia 21 propõem ascendentes coincidentemente em signos de Ar. Libra e Gêmeos. Esses signos ratificam que Brasília pertence a um contexto ideal, que faz parte de um projeto muito antigo na história.

Concluo esse trabalho com a certeza de que os dados aqui apresentados podem abrir horizontes para melhor compreender nossa história, a partir dos arquétipos e símbolos essenciais da formação de nossa identidade como nação.

Bibliografia

· CASTELO, Roberto. Brasília, Monumentos, Marcos e Esculturas. Editora Cavaleiro dos Pirineus, 1999.
· HOLSTON, James. A cidade Modernista. Companhia das Letras, 1993.
· HOWARD, Michael. A Conspiração Oculta. Madrid, EDAF, 1989-1990.
· SILVA, Ernesto. História de Brasília. Linha gráfica Editora, 1997.
· TAMANINI, Lourenço Fernando. Memória da Construção: Brasília. Editora Royal Court, 1994.
· Revista Brasília 40 anos. Correio Braziliense, 21 de abril de 2000.

Atalhos de Constelar 71 - maio/2004

Brasília, a utopia aquariana, de Maurice Jacoel
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