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Um olhar brasileiro em Astrologia
 Edição 89 :: Novembro/2005 :: -

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ASTROLOGIA E ANTROPOLOGIA


Início do artigo | Parte 2

A Amizade Segundo a Antropologia

O antropólogo Paulo Henrique Dantas é autor de um artigo chamado Amigo é Coisa pra se Guardar - A Antropologia da Amizade, publicado no site Astro-Síntese em janeiro de 2003. Para Paulo Henrique, existe um processo seletivo na formação das amizades mais próximas, ou, melhor dizendo, das amizades mais sólidas:

(...) não é meu desejo estabelecer uma discussão a partir de gêneros, mas sim destacar a confidência como elemento de confirmação de uma amizade, aliado à questão do tempo, tempo enquanto passar dos anos (...). Quando digo tempo enquanto passar dos anos é no sentido de que o amigo se descobre e se revela como tal só a partir de um determinado tempo. Sendo assim, não creio em amizade de curto prazo, ou amizade via correspondência, por exemplo. É só olhando para trás (no tempo) que nos vemos enquanto amigos, depois de passar por momentos difíceis e momentos felizes, onde a idéia de compartilhar é fundamental.

E ainda:

(...) o amigo nos traz calor, é aquele com quem contamos nas horas de angústia, e que sempre lembramos de chamar para um momento de alegria. Não nos recordamos de uma grande paixão com um vizinho, não relembramos o vexame do último porre com o garçom; até que podemos fazê-lo, mas os detalhes, os pormenores, só aos amigos contamos. Ou seja, mesmo que estejamos em uma festa cercado de pessoas, a falta do amigo será sentida de forma única, não o substituímos facilmente por aquele colega sorridente e gentil. Ao darmos um local privilegiado à intimidade como elemento a determinar possíveis relações de amizade, o acesso a este universo interior se torna muito restrito.

Reparem no uso da palavra "restrito". Isso nos remete imediatamente à regência tradicional de Saturno sobre Aquário, já que restrições, bloqueios, limites e conceitos afins são extensões do simbolismo de Saturno. Como vimos, a exaltação de Mercúrio sobre Aquário tanto pode expressar facetas geminianas quanto virginianas sobre o arquétipo do aguadeiro. A seletividade em questões de amizade pode ser uma expressão combinada dos limites saturninos e do que chamo de "necessidade de encaixe" de Virgem. Encaixe em determinados parâmetros, mesmo quando se trata de um símbolo de fraternidade e de igualdade. Aquário também é seletivo, conforme o é o sentimento de amizade. E onde fica, então, o afeto que os amigos sentem uns pelos outros se estamos falando de um signo cujo estereótipo representa o frio e o racional por excelência? Eis que novamente encontramos na noção de que tudo no universo está interligado (holismo) uma explicação: Leão, o signo oposto a Aquário, é em essência uma representação do amor e do afeto, do dar de si mesmo para ser amado. Mas e quanto a Vênus, a deusa do amor, que tem no planeta de mesmo nome uma representação simbólica? Trata-se de uma outra manifestação do Amor. O arquétipo de Leão, representativo também das experiências lúdicas, dos jogos e dos esportes, está presente nas brincadeiras e jogos infantis. E, como sabemos, é através da interação proporciada pelas brincadeiras e hobbies que as crianças começam a formar laços afetivos de amizade.

Em astrologia erraremos feio se tentarmos interpretar as coisas separadamente. Quando tentarmos enquadrar os tais pedaços deslocados no conjunto, o discurso fica incoerente. Esse é, inclusive, o problema dos mapas com interpretações padronizadas de computador, que num primeiro parágrafo dizem que alguém é flexível e num outro afirmam que esse mesmo alguém é muito teimoso. Assim sendo, os opostos, nessa concepção, não passam de extensões de uma única força. E com um pouco de boa vontade encontraremos as compensações entre opostos em diversos pontos do zodíaco, como é o caso da relação entre Capricórnio e Aquário e de Aquário e Peixes. O zodíaco é como um batimento cardíaco, ora em sístole, ora em diástole, ora contrativo, ora expansivo. Enxergando desse modo, o romântico, utópico e piedoso Peixes é uma espécie de oposto complementar a Aquário, contrabalançando, no ser humano, o que poderia ser um excesso de frieza que impediria a formação de laços de amizade. O conjunto de símbolos do zodíaco, da mesma forma que a natureza, compensa a si mesmo.

Paulo Henrique Dantas ainda acrescenta, nos seguintes trechos de seu artigo, a questão da confiança e da confidência geradas pelo tempo:

(...) as cinco amigas de Elas mantêm o mesmo círculo íntimo de tempos atrás, da universidade. Não haveria nenhuma personagem situada em uma posição muito diferente das outras. E neste sentido, cada amiga reconhece a importância da outra na sua vida, e sabe com qual pode falar sobre determinado assunto. Não se busca um ombro amigo, mas "o" ombro amigo. E aqui podemos acrescentar mais dois elementos àqueles já trabalhados por Silver, que seriam a confidência e a preocupação com a felicidade do amigo. (...) Acredito que o tempo no sentido que já indiquei tem uma importância muito grande neste aspecto da confidência. Será o fato de sabermos que podemos contar certas experiências, sonhos e paixões para aquele amigo que determinará os rumos da relação. Ter a certeza que suas confidências não estão sendo compartilhadas com uma terceira pessoa reafirma o caráter de amizade. E esta certeza só vem com o tempo, e não é o tempo de um ou dois dias, mas o que atravessa a idade, e que nos joga a saudade quando percebemos "há quanto tempo não vejo tal amigo". E como nos sentimos felizes ao saber da felicidade de quem queremos bem. (...) não é qualquer pessoa que consideramos como um amigo. A amizade, da mesma forma que a obra de arte, precisa do tempo para se afirmar, mas nada impede que estas relações se estabeleçam quando ainda somos bem crianças, ou quando o pintor dê a sua primeira pincelada.

Nada como o tempo ou Saturno para dar sentido à idéia de confiança e amizade construídas ao longo de experiências em comum, de dores e sacrifícios, mas também de vitórias e conquistas.

Apesar de Aquário e Virgem serem signos em quincunce entre si (que distam 150 graus de arco - uma aspectação tensa) e apesar de Virgem ser muito dado a padronizações de forma a facilitar o cotidiano (Aquário costuma romper com padrões), é possível ver outras afinidades entre esses signos. Virgem é o signo do serviço, da perícia e da prestatividade. Rege o proletariado e a pesquisa científica. Estamos vendo atributos aquarianos num nível diferente em função do elemento Terra de Virgem. Sendo o signo do serviço e não da autoridade, do fazer, ao invés de mandar, Virgem afina-se com Aquário quando este assume o sentido de "servidor da humanidade". E se observarmos bem a figura mitológica de Ganimedes vertendo água da ânfora, sabendo que no mito ele é um humilde servidor nas reuniões da corte de Zeus, logo veremos uma confirmação desta afinidade. Esquecer de si mesmo em prol de uma idéia ou de um mundo melhor (o Olimpo) faz com que pessoas com ênfase em Aquário venham a tornar-se servidores, pessoas que se dedicam, muitas vezes sem remuneração, à implantação de novas formas de vida em sociedade. Mas, como veremos adiante, é na abnegação de Peixes que encontramos o desejo de integração de todos os opostos.

Urano em Peixes a partir de 2003

No simbolismo moderno Urano tem grande afinidade com os ideais e as grandes movimentações da massa. O planeta regente parece muitas vezes funcionar como um veículo que representa os atributos do signo que rege. Assim, podemos imaginar Urano como um Aquariomóvel (ué, não inventaram o Batmóvel?) que mescla as funções aquarianas à dos signos por onde passa. Em março de 2003, Urano entrou no signo de Peixes. Vimos um prenúncio dessa passagem nos movimentos coletivos de luta pela redução das desigualdades sociais e inclusão de enormes contingentes marginalizados social e politicamente no cenário econômico mundial. Isso só tende a recrudescer ao longo dos cerca de 7 anos em que Urano transita por Peixes. Peixes é o signo simbolicamente associado aos desvalidos, aos excluídos da sociedade, sentido este que também pode se estender aos países menos favorecidos. Estamos falando de uma fase em que veremos aumentar em todo o planeta o número de projetos de inclusão social, de fraternidade estendida a quem não teve ainda condições de estar dentro do seleto núcleo de populações mais abastadas. Urano é o regente do signo da amizade e Peixes tem uma relação com a décima-segunda casa zodiacal, também associada com a idéia de inimigos ocultos. É de se esperar que o efeito seja uma rediscussão do que se tem por nações amigas, inimigas, o que está dentro de um círculo de poder fechado e a eliminação de limites. Afinal estamos falando de Peixes, signo cujo simbolismo aponta para o infinito, para a inclusividade até mesmo do que nos parece pernicioso. Peixes também é o signo da desintegração, o que remete ao pesadelo de uma guerra de proporções nunca vistas, com o estigma atômico rondando a humanidade desde a oposição de Saturno e Plutão em 2001. Netuno, o regente de Peixes, está em Aquário. Isso quer dizer que Urano e Netuno estão em mútua recepção, isto é, um está no signo regido pelo outro. A esperança é que os movimentos de inclusão social se tornem tão fortes e tão comuns que inviabilizem atitudes genocidas como a que podemos ver em breve no Oriente Médio.

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