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             O mapa do horário do início das 
              eleições municipais de 2004 dá pistas sobre 
              o estado de espírito do eleitorado. E uma característica 
              que se repetirá no Rio, em São Paulo, em Porto Alegre 
              e em Belo Horizonte é o imediatismo das motivações 
              de escolha.  
            No dia 3 de outubro de 2004, às 8h da manhã, 
              iniciam-se as eleições para prefeito e vereadores 
              em todo o país. Para entender a tônica deste processo 
              eleitoral, o mapa levantado para o momento da abertura dos trabalhos 
              constitui um bom ponto de partida, já que expressa a dinâmica 
              daquele momento e mostra suas tendências gerais. Salvo em 
              cidades que adotem um esquema especial de eleições, 
              em todo o país Escorpião estará no Ascendente 
              da carta do início do pleito. A distribuição 
              das casas varia de acordo com as coordenadas geográficas 
              de cada localidade, mas na maior parte do Brasil - especialmente 
              nas maiores capitais - Plutão estará na casa 1, reforçando 
              o sentido escorpiano desta eleição. Por outro lado, 
              a presença de Plutão, regente moderno de Escorpião, 
              em Sagitário dá a Júpiter, regente deste signo, 
              um papel também relevante no momento da escolha dos futuros 
              representantes municipais. Como Júpiter está em Libra 
              em conjunção com Marte, e como Marte é o regente 
              clássico de Escorpião, eis aí outro contato 
              entre o signo da transformação (Escorpião) 
              e o da legalidade (Sagitário). 
            Marte é o planeta do fazer, enquanto 
              Júpiter rege o crescimento, a expansão, 
              o entusiasmo. Em Libra, ambos tendem a expressar o sentido caloroso 
              desta conjunção no âmbito de alguma forma de 
              compromisso social ou de acordo entre forças divergentes. 
              Em Libra, Marte está em exílio, o que significa dizer: 
              não pode agir espontaneamente, de acordo com sua natureza 
              essencial, mas precisa submeter-se às condições 
              impostas pelo signo ocupado - mais ou menos como um hóspede 
              se sente constrangido a agir de acordo com os costumes do dono da 
              casa.  
            Este Marte em exílio, em conjunção 
              com Júpiter, planeta da legalidade, fala claramente da importância 
              das alianças para quem pretende sair vitorioso nesta eleição. 
              Nas principais cidades brasileiras - e aqui utilizaremos como referência 
              o mapa calculado para São Paulo, maior colégio eleitoral 
              do país - o mapa da eleição mostra Marte e 
              Júpiter exatamente na casa 11, dos partidos políticos 
              e dos projetos ideológicos. Aqui está, portanto, o 
              primeiro ponto: leva vantagem quem estruturar boas alianças, 
              especialmente com vistas ao segundo turno. Mais ainda: ganha não 
              quem tenha necessariamente mais votos no primeiro turno (a não 
              ser em alguns poucos casos isolados), mas sim quem tenha o menor 
              índice de rejeição no segundo.  
            
               
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                | Início das eleições 
                  2004 - 3.10.2004, 8h - São Paulo, SP - 23s32, 46w37. | 
               
             
            Vênus, dada sua condição de regente 
              do signo, comanda todo o stellium (concentração 
              planetária) em Libra, onde também estão o Sol 
              e Mercúrio, além de Marte e Júpiter. Vênus 
              está na casa 10, no último grau de Leão, em 
              conjunção com a estrela Regulus, considerada na antiguidade 
              um símbolo de elevação e realeza. A casa 10 
              é a do governante, enquanto Leão é um signo 
              associado à estabilização do poder. Tudo isso 
              poderia apontar uma clara vantagem dos candidatos situacionistas, 
              ou daqueles que já tenham uma identificação 
              natural com o poder - e efetivamente tal vantagem existe - mas há 
              um pequeno ponto a considerar: Vênus está em oposição 
              a Urano, planeta do imprevisível e dos processos rápidos. 
              Urano neste mapa rege a casa 4, significadora do povo comum e também 
              dos grupos oposicionistas.  
            O que tudo isso quer dizer? Vamos por partes: 
            1 - O eleitorado não estará com muita 
              paciência para prestar atenção em explicações 
              complicadas, programas de governo pouco transparentes ou promessas 
              vazias. Candidatos assertivos, diretos, econômicos nas palavras 
              e de boa presença na televisão levarão clara 
              vantagem. Por "econômicos nas palavras" não 
              queremos dizer necessariamente candidatos caladões (Vênus 
              está no demonstrativo signo de Leão!), mas sim aqueles 
              que "não jogam conversa fora" (Mercúrio 
              está em conjunção com Marte em Libra). 
            2 - O aspecto estético será importante 
              na decisão do eleitor. Os ungidos pelo voto popular serão, 
              senão bonitos, pelo menos vistosos e de aparência agradável. 
              Candidatos agressivos e mal ajambrados terão pouca chance. 
              Nesta eleição Enéas e seus estranhos parceiros 
              do PRONA não terão muito espaço.  
            3 - Acontecimentos ou revelações de 
              última hora podem ter muita importância na decisão. 
              O voto será decidido quase na boca da urna, inclusive podendo 
              contrariar tendências bem sedimentadas nas pesquisas. Toda 
              a campanha dos meses anteriores pode ir por água abaixo se 
              o adversário descobrir um grande tema para apresentar nos 
              últimos dias de propaganda na TV. Nesta eleição, 
              como em poucas vezes, o eleitorado mostrará seu lado "ingrato" 
              e de memória curta. Basta observar que Urano, além 
              de fazer oposição a Vênus, ainda está 
              em quadratura com a Lua em Gêmeos. Ninguém votará 
              no candidato pelo que ele já fez, mas pelo que se acredita 
              que ainda possa fazer.  
            4 - O tema da impaciência do eleitor contrasta 
              com outro também presente no mapa, que é o de manter 
              como está aquilo que vem funcionando direito. Basta observar 
              o grande trígono em signos de Ar, que une Lua na 7, Netuno 
              na 4 e os planetas em Libra na 11. É um aspecto de conciliação, 
              que mostra canais de acordo entre as correntes políticas 
              e os grupos de interesse existentes entre os eleitores. Parece que 
              há um tom geral de "vamos direto ao assunto, vamos resolver 
              logo tudo isso". Como o grande trígono é uma 
              configuração de conservação de energia, 
              sua presença no mapa reforça a chance dos candidatos 
              da situação.  
            5 - Seis planetas estão em signos de Ar, extremamente 
              racionais, no mapa da eleição. O voto não será 
              decidido com o coração, mas com lógica e bom 
              senso. Apelos emocionais fora de propósito e "barracos" 
              entre os candidatos tendem a ser rejeitados pelo eleitor. 
            6 - A conjunção Vènus-Regulus 
              na casa 10 pode ser lida também como um alerta para candidatos 
              que entendam o processo eleitoral como uma oportunidade de desforra 
              contra antigos desafetos. Regulus, segundo os clássicos, 
              é uma estrela que indica sucesso condicionado à magnanimidade 
              e ao esquecimento das ofensas.  
            Em resumo: os favoritos ganham se mantiverem os pés 
              no chão, forem assertivos, não se envolverem em querelas 
              desnecessárias e guardarem boas idéias para apresentar 
              na reta final da campanha. Candidatos de partidos isolados, avessos 
              a alianças, radicais, com aspecto ou discurso agressivo e 
              que não apresentem propostas substantivas tendem a ser rejeitados. 
              Os bons administradores, com um claro projeto para a cidade e coragem 
              para investir numa agenda positiva levam uma brutal vantagem sobre 
              os candidatos que insistirem em chavões do tipo "está 
              na hora de mudar tudo isso que está aí". 
            As conclusões são tão óbvias 
              que nem precisaríamos da análise astrológica 
              para chegar a elas. Mas este é exatamente o clima que surge 
              do mapa: uma eleição decidida por eleitores frios, 
              que usam a cabeça e que estão extremamente impacientes. 
            São Paulo: Marta ou 
              Serra? 
            
              
 
            
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