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UM CASO DE ASTROLOCALIZAÇÃO

Senna, para sempre Netuno

Fernando Fernandes

 

Os títulos no Japão

Carta natal convencional de Senna relocada para Suzuka, Japão.

Em Suzuka Senna materializou suas três maiores conquistas, que foram os títulos mundiais de Fórmula-1 de 1988, 1990 e 1991. Foi lá também que ele viveu seu momento mais condenável no automobilismo, quando, para garantir o título, jogou o carro contra o de seu eterno rival Alain Prost, tirando-o da corrida na primeira volta. Foi um ato antidesportivo que vingava comportamento idêntico de Prost no ano anterior. Suzuka serviu ainda de palco para o discutido encontro místico de Senna com Deus, uma experiência que parece tê-lo marcado profundamente e contribuído para uma aproximação mais intensa com a religião e a espiritualidade.

Ao observarmos o mapa relocado, vemos que o Japão reiterava o mapa natal de Ayrton em São Paulo. Os mesmíssimos três planetas encontram-se angulares, se bem que em ângulos invertidos: Netuno vai para o Fundo do Céu, Urano para o Ascendente e Marte para o Descendente. Urano é o planeta mais angular, o que explica a rudeza da agressão motorizada a Alain Prost. É como se Senna estivesse dizendo: "Não agüento mais esperar, não quero nem saber o que vai dar (Urano), quero é vencer (Marte)!"

Já a experiência mística encontra explicação no Netuno no Fundo do Céu, conjunção que tornava Suzuka um lugar propício para viagens interiores.

Mapa relocado de Senna para Suzuka com casas geodésicas.

O mapa geodésico para Suzuka reitera ainda com mais força o mapa natal. O destino netuniano de Senna de tornar-se um ídolo de massas e um mito do automobilismo aqui se realiza plenamente. É como se Senna tivesse o destino (casa 10) nas mãos (Ascendente). Já a oposição Marte-Urano do seu eixo Ascendente-Descendente passa agora para o eixo Fundo do Céu-Meio-Céu, mostrando que as qualidades inatas do piloto encontravam em Suzuka um canal adequado para projetá-lo para grandes realizações.

Nenhuma outra pista do mundo permitia a Senna ser tão ele mesmo quanto Suzuka. Era uma extensão natural de São Paulo, reiterando a mesma ênfase Netuno-Urano-Marte, mas com uma inversão de casas que dava maior amplitude e perspectiva à vivência dos três princípios planetários. A oposição é um aspecto de consciência. Em Suzuka, na medida em que os planetas em tela ocupam ângulos opostos aos do mapa natal em São Paulo, Senna podia ter uma percepção mais lúcida sobre o próprio potencial e sobre os limites a superar. E ele usou com perfeição as chances que teve.

A morte em Ímola

Carta natal convencional de Senna relocada para Ímola, Itália.

Tal como em Monte Carlo, em Ímola Senna tem um expansivo Júpiter no Meio-Céu. Contudo, o Sol, em vez de estar na casa 1, como no principado de Mônaco, apresenta-se agora na casa 12, dos sacrifícios e da inconsciência. Uma interpretação detalhada desta carta revelará diversos indicadores de risco de vida. Todavia, a angularidade de Júpiter parece sugerir que, mesmo neste último e trágico ato, Senna estava destinado à glória. Aficcionados por velocidade no mundo inteiro acompanharam a notícia de que Senna, já com diagnóstico de morte cerebral (a total inconsciência da casa 12), deixava a vida para entrar no reino dos mitos perenes.

Mapa relocado de Senna para Ímola com casas geodésicas.

A carta geodésica de Ayrton Senna em Ímola não apresenta nenhum planeta angular, o que talvez possa significar que ali ele não tivesse controle real sobre nenhum de seus muitos recursos. É a única, de todas as cartas apresentadas neste artigo, que não apresenta qualquer conjunção entre um planeta e um ângulo. Por outro lado, três planetas na casa 6, das crises agudas, e outros três na casa 8, associada à morte, mostram quão dramática poderia ser sua experiência ali.

Se a análise astrocartográfica dos mapas de trânsitos, direções e lunações assinala com clareza uma série de riscos, como aponta Raul V. Martinez em outro artigo, a ausência de planetas angulares na carta geodésica de Ímola mostra a condição anômala de um piloto superdotado que de repente vê-se despossuído de todos os recursos, numa situação-limite em que não há nada a fazer senão esperar o choque fatal com o muro. É o fim. Mas é um fim em que o homem (casa 1) se torna referência e modelo (o Sol, regente da 1, na casa 9). Dez anos depois, a memória do grande piloto continua mais viva do que nunca. Netuno, no Meio-Céu da carta natal e, como vimos aqui, em posição de destaque em tantos mapas relocados, cumpriu seu papel: do sacrifício do piloto nasceu o mito, tão elevado e distante do comum dos mortais quanto só os mitos sabem ser.

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Atalhos de Constelar 71 - maio/2004

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Senna, para sempre Netuno, de Fernando Fernandes
Introdução | Duas técnicas de astrolocalização | Senna em Silverstone e Monte Carlo | Os títulos no Japão e a morte em Ímola


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