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 Edição 96 :: Junho/2006 :: -

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MITOLOGIA E ASTRONOMIA

Varuna ou Oceanus,
um corpo celeste além de Plutão

B. R. Rodrich

Um corpo celeste descoberto em 2000 no cinturão de Kuiper, inexplorada região além da órbita de Plutão, parece corporificar simultaneamente o simbolismo conectado à divindade Varuna, da mitologia védica, e ao deus grego Oceanus, um rei universal destronado.

Introdução

A busca por mundos além de Plutão tem agitado o ânimo dos que se interessam por assuntos siderais. Os astrônomos voltam suas lentes de grande alcance para as fronteiras do reino de Plutão, o chamado cinturão de Kuiper, na esperança de encontrar corpos do tamanho ao menos de Marte ou Mercúrio. Até o momento, surgem descobertas como Quaoar, cujo nome e o período orbital invocam o planeta hipotético Cupido, da Astrologia Uraniana.

Os astrólogos, tanto os sérios como os que esperam uma nova moda, aguardam notícias de novos mundos que já foram profetizados inúmeras vezes.

E em meio à escuridão das fronteiras plutônicas vão surgindo outros planetóides, cujos nomes parecem indicar divindades e condenados do mundo dos mortos. Orcus recebe o nome do deus romano da morte. Esta divindade latina se confunde com Plutão. Tal semelhança religiosa ajudou a determinar o nome, pois Orcus possui uma órbita que imita e segue a de Plutão, ele é um mímico do nono planeta.

Alguns dominam mais a atenção do que outros. É o caso de Varuna e Quaoar, talvez porque o estudo se mostre mais propício, devido a nomes que facilitem o entendimento de suas influências.

O cinturão de Kuiper é uma vasta região do sistema solar situada além da órbita de Netuno e parcialmente cruzada pela órbita de Plutão. Nesta região vêm sendo encontrados diversos objetos nos últimos anos, normalmente definidos como planetóides: Íxion, Quaoar, Varuna, Sedna e, mais recentemente, um corpo celeste maior que Plutão, provisoriamente chamado Xena.

Quando Varuna foi descoberto

Um caso interessante é o de 2000 WR106, oficialmente nomeado como Varuna, deus criador, da mitologia védica. Em 2000 R. S. McMillan e J. Larsen descobriram um corpo que orbitava além de Plutão, seu período orbital era de 282 anos. Sua descoberta teve considerável atenção e alguns astrólogos como Juan A. Revilla, da Costa Rica, e Denis Kutalyov já se dedicam a estudá-lo.

Porém a existência de 2000 WR106 já havia sido sugerida bem antes da descoberta de McMillan e Larsen. Em 1904 Thomas Jefferson Jackson See estipulou a existência de três planetas além de Plutão. See foi quem postulou em 1909 a teoria de que a Lua era um planeta com órbita própria que fora capturado pela força gravitacional da Terra. Entre os três planetas hipotéticos de See, estava um que ele batizara como OCEANUS, cujo período orbital é praticamente igual ao de Varuna, 272 anos.

A diferença de 10 anos entre a órbita prevista por See e a órbita real de 2000 WR106 não impede que os dois corpos sejam considerados o mesmo. Um exemplo claro de que este pequeno valor diferencial não é tão relevante foi a descoberta de Netuno. Quando Adam e Le Verrier descobriram Netuno, os cálculos que ambos estabeleceram para a órbita do planeta divergiam da realidade, e mesmo assim o planeta foi visto e nomeado como devia.

Varuna e os mitos gregos, um mar de coincidências

Como dito antes, Varuna (à direita) era o deus criador da mitologia védica. Era sua divindade mais augusta. Segundo o hinduísmo, Varuna encarna o céu e o oceano, e todos os poderes criadores e reguladores da vida.

Varuna possuía o conhecimento infinito. Criou o sol, esvaziou os leitos dos rios e se encarregou que o oceano nunca estivesse demasiado cheio. [Atlas do extraordinário: Mitos e Lendas, p. 173, ed. 1996].

Todavia, mesmo sendo tão poderoso Varuna acabou por tornar-se um deus secundário, substituído por Indra como rei do universo. Ficou assim relegado como divindade da noite, dos oceanos, senhor da justiça e das leis e dono do quadrante Oeste. Como governante deposto Varuna encontra analogia na personagem de Urano, deus do céu e primeiro regente do mundo na mitologia grega. A etimologia de ambos os nomes sugere uma relação mítica:

A etimologia do nome é duvidosa; pode tratar-se de um cognato do grego Urano "céu". Dicionário de Deuses e Demônios (p. 215, 1993).

A consideração entre os nomes reforça a idéia de relações entre a cultura grega e a cultura indiana. O épico A Dionisíaca, do poeta Nonnos, relata as aventuras do deus grego Dioniso na Índia dos tempos védicos. Por sua vez, o alfabeto latino utilizava a letra "v" como "u", e mesmo estando tão distante da língua sânscrita ligou-se fortemente a cultura grega. Varuna, então, pode ser lido "Uaruna" já que Urano em grego puro é "Ouranos". A posição das vogais e consoantes, e a estrutura fonética geram uma inquietante insinuação.

Varuna também encontra paralelismo com o deus grego Oceano, que era filho de Urano. Oceano era filho de Gaia, Mãe Terra. E Varuna também era filho de uma Mãe Terra, Aditi.

Oceano é o elemento original que apareceu antes do próprio mundo e que preside à criação; Oceano tem um papel importante na mitologia. Filho de Urano e Gaia, ele é a personificação divina da água. Circunda a terra como um imenso rio onde tudo se cria e aonde tudo vem morrer. É o pai de cerca de três mil rios (os Pôtamos) que alimentam a terra. Tétis, sua esposa, concebeu uma multidão de filhas, as Oceânides. Tardiamente representado nas obras de arte, Oceano, com aspecto de um ancião de barba esverdeada, segura um corno de touro, que simboliza a abundância poderosa e alimentadora das águas. (SCHMIDT. P. 201)

Oceano era o primogênito entre os filho da Terra e do Céu, considerado cortês e profundamente sábio. Podendo ver o futuro nefasto dos outros Titãs, aconselhou sua filha Estige e se pôr junto com os filhos ao serviço de Júpiter. Deste modo ela foi honrada. Suas inúmeras filhas são personificações da sabedoria e das leis que dominam o cosmos: Métis "o conhecimento", Tiké "a fortuna" e Plutó "a riqueza". As Néfeles, outras filhas suas, eram ninfas deusas das nuvens. Por isso, os gregos apelidaram as nuvens de "Jardins de Oceano", pois consideravam que nasciam no horizonte ilimitado, a morada do deus.

Esta relação simbólica entre o céu e mundo das águas é forte em Varuna. Ele podia crescer tanto que suas costas eram capazes de suportar os dois oceanos do mundo, o ar e as águas. Talvez se possa considerar a ligação entre céu e oceano com o fato de ambos se perderem um no outro quando os contemplamos no horizonte. Poeticamente, as nuvens imitam, em meio ao azul celeste, as espumas das ondas marinhas em movimento constante.

Sendo Oceano o senhor do rio universal, era em tudo Onipresente e não necessitava subir ao Olimpo para conhecer os desígnios de Júpiter. Ésquilo nos mostra o quão bom e sábio ele era ao tentar apaziguar a querela entre o titã Prometeu e Júpiter em Prometeu Acorrentado. Do mesmo modo, nada podia se ocultado de Varuna, que conhecia todos os segredo dos homens administrando a justiça e as leis que mantinham a harmonia o mundo.

Os povos da antiga Índia sabiam o quanto era difícil guardar um segredo... ... "se duas pessoas sentam-se juntas e planejam, o rei Varuna está presente como se fosse um terceiro e sabe de tudo". (Superinteressante: coleção divindades III, Indianas. p. 90-91).

Oceano, um antigo rei do universo?



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