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Um olhar brasileiro em Astrologia
 Edição 113 :: Novembro/2007 :: -

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PERFIL

Assim falava Assuramaya

Fernando Fernandes & Equipe de Constelar

Algumas histórias inéditas sobre Assuramaya, que faleceu na manhã de 18 de setembro de 2007. Mais do que astrólogo, Assuramaya também foi um amante da natureza, um admirador do teatro e um fazedor de amigos.

Assuramaya, potiguar radicado no Rio, era laboratorista do Ministério da Saúde nos anos 50 quando começou a interessar-se pela relação entre ciclos cósmicos e biológicos. Com base em leituras e experiências, acabou envolvido com os maiores veículos de comunicação da época. É Marilha Maneschy Susuki quem relata no livro Astrologia no Brasil - Os caminhos da História no céu austral:

Em 1957 começou a trabalhar como jornalista dos Diários Associados; no Diário de Notícias e no Correio da Manhã. Assuramaya foi o responsável pela publicação dos horóscopos. Promoveu o primeiro congresso de Astrologia realizado no país, em 1971. No ano seguinte, Assuramaya publicou o primeiro manual de Astrologia lançado no Brasil, pela editora Renes.

Com a falência do grupo empresarial fundado por Assis Chateaubriand, Assuramaya passou a publicar sua coluna astrológica no jornal O Dia, no qual manteve durante dez anos a coluna "Assim Fala Assuramaya".

Antonio Carlos Harres, o Bola, também incluiu uma referência a Assuramaya em seu artigo sobre a História da Astrologia no Brasil, publicado em 1997 como prefácio de um livro traduzido por Adonis Saliba e republicado, com notas complementares, por Constelar em fevereiro de 2003:

Assuramaya iniciou seus trabalhos na Granja Experimental de Astrologia, em Sepetiba, Rio de Janeiro (1954). Biólogo e proprietário de um laboratório de análises clínicas, Assuramaya percebeu a sintonia entre os ritmos lunares e a proliferação de microorganismos, ponto de partida para dedicar-se ao estudo da Astrologia. Em 1956 publica o livro Introdução Astrológica à Zootecnia, onde analisa os ciclos férteis de animais selvagens e domésticos. Manteve por 12 anos atividades em rádio, com larga audiência, especialmente na Rádio Nacional, onde substituiu Omar Cardoso, chegando a receber mais de três mil cartas por mês. Mantinha coluna no O Jornal e na revista O Cruzeiro. Publicou o livro Manual de Astrologia e um almanaque que chegou a ser reeditado nos anos 70 e na década de 80.

(Antonio Carlos Harres, em A HISTÓRIA DA ASTROLOGIA NO BRASIL
Estrelas em Pindorama: a saga - História da Astrologia no Brasil - Constelar, edição 56, fevereiro/2003).

Nos anos 70 Assuramaya chegou a participar de programas de TV, seguindo um caminho aberto por seu antecessor, Omar Cardoso. De 1978 a 1982 ministrou cursos livres de Astrologia nas Faculdades Estácio de Sá. Os cursos, de natureza introdutória e voltados para público leigo, continuaram a existir por muito tempo, sendo realizados anualmente.

Assuramaya e os centuriões romanos

A partir de 1982 Assuramaya dedicou-se a sua própria escola, o Centro de Pesquisas Astrológicas, que funcionava no bairro carioca de Copacabana. Sobre esta época conta Fernando Fernandes, editor de Constelar:

Em meados dos anos 80, um dia acompanhei o amigo e professor de teatro Márcio Luiz para buscar um carregamento de bambu num sítio em Vargem Grande, região rural na zona oeste carioca. O sítio era razoavelmente grande. Assim que saltei do carro, um distinto centurião romano aproximou-se para perguntar o que desejávamos. Incrédulo - que diabo faria um soldado romano em Jacarepaguá? - nem tive tempo de abrir a boca, pois fui atropelado por um bando de ninfas em algazarra que corria na direção de uma colina.

-Que lugar é esse? Quem é essa gente? - perguntei a Márcio, mal refeito do susto.

-Aqui é o sítio de um amigo do Assuramaya - Márcio explicou - É o ensaio da Paixão de Cristo que eles promovem todo ano.

-E aquelas meninas vestidas de ninfa?

-Não são ninfas, são anjos! É que elas ensaiam sem as asas pra não estragar.

Instantes depois fui apresentado ao incentivador daquela alegre balbúrdia. Pela quantidade de atores improvisados - incluindo muitas crianças - o clima era de superprodução. Amigável e muito animado, Assuramaya parecia estar adorando o movimento. Foi assim que descobri que Assuramaya era um tipo bem mais interessante do que faria supor sua voz pausada e quase sacerdotal, que eu conhecia desde criança, pelas ondas da Rádio Nacional.

Quase vinte anos mais tarde, no Simpósio do Sinarj de 2004, outra cena de Assuramaya com crianças. Desta vez foi minha filha mais nova, na época com quatro anos, que de repente começou a me arrastar pelo braço, muito excitada:

-Papai, eu vi um gnomo com uma barba até aqui na barriga, eu quero falar com ele!

Não é preciso dizer que o "gnomo" era Assuramaya, e que ambos tiveram uma conversa rápida mas muito animada. Durante muito tempo minha filha esteve absolutamente convencida de que os gnomos existiam, pois ela havia conversado com um deles!

Assuramaya, incentivador de uma escola de teatro

Márcio Luiz, ator, diretor teatral e fundador em 1982 da escola Teatro-Vida, acrescenta:

A verdade é que é impossível compreender o Assuramaya sem lembrar pelo menos essas três facetas: o amante da natureza, o espiritualista e o amigo das artes, que sempre arrumava um jeito de dar uma mãozinha para que as coisas andassem. Além de gostar dos espetáculos ao ar livre, também alugava seu espaço de Copacabana para nossa escola de teatro, o Teatro-Vida. Tínhamos uma proposta de teatro-debate orientado para questões de interesse social, influenciada por Paulo Freire e Amir Haddad. Preparávamos espetáculos feitos de pequenas cenas [esquerda: foto de espetáculo nos anos 80], interpretadas pelos alunos, e discutidas por um grupo de convidados, com participação da platéia. Entre os debatedores havia psicólogos, advogados, delegados de polícia, gente de todo tipo. Assuramaya, além de ser o locador do espaço, freqüentemente assistia aos espetáculos e às vezes participava como debatedor. Aliás, o conceito de aluguel era traduzido por Assuramaya de forma bastante elástica: mais do que um locador, acabava funcionando como um co-promotor. Se fosse milionário, certamente seria um mecenas. Quem administrava toda a parte prática para ele costumava ser a Regina, sua esposa, uma grande companheira. Nós, da escola de teatro, chamávamos Assuramaya e Regina de Casal 20, nome de um seriado de TV onde havia um casal que se entendia muito bem e enfrentava todas as situações em dupla.

O astrólogo Waldemar Falcão teve muito contato com Assuramaya na época em que coordenava o selo Nova Era, na Editora Record:

A editora publicava os Almanaques Astrológicos de Assuramaya. Acontece que a obra tinha sido publicada anteriormente por outra editora e ele não era muito chegado a computadores. Então trazia os originais na forma de colagens que misturavam trechos dos livros da editora anterior com novos acréscimos acrescentados à mão ou datilografados, em papéis de vários tamanhos. Tudo isso tinha que ser escaneado e redigitado, dava trabalho. Mas Assuramaya tinha um entusiasmo tão grande que compensava a defasagem tecnológica.

Ele gostava de "viver no mato", o que o levou a criar uma espécie de spa espiritual na região de Nova Friburgo. Nesta época escreveu um romance esotérico chamado A Gênese do Homem-Deus, que foi publicado pela Nova Era. É uma história bonita, passada no norte da África, e que revela bem seus interesses místicos.

A marca registrada de Assuramaya era a aparência. Sempre barbudo, longos cabelos, ninguém se lembra dele com outra cara. Suspeita-se que já tenha nascido assim. Como brincava Alexey Dodsworth, Assuramaya lembrava muito o Urtigão, aquele personagem das histórias em quadrinhos. Talvez não seja apenas mera coincidência: Urtigão, apesar de pertencer aos estúdios Disney, foi criado e desenhado no Brasil durante muitos anos. Sabe-se lá se o desenhista não se inspirou em Assuramaya? Por coincidência, a edição de junho de 1993 mostra exatamente Urtigão enredado... num mapa astrológico!

Os fatos mostram que Alexey talvez tenha razão: o desenhista responsável pela criação das histórias do Urtigão chama-se Eduardo Vetillo, que já escreveu um livro a quatro mãos com seu provável parente e jornalista Walter Vetillo, freqüente colaborador da revista Planeta e um dos precursores do movimento das Comunidades Alternativas no Brasil. A chance de que os Vetillo não conhecessem Assuramaya é quase zero!

O mapa de Assuramaya

Assuramaya - 21.06.1929, 22h (-03:00) - Apodi, RN - 037w48, 05s39.

Com o Sol em Câncer na casa 4 e o Ascendente em Peixes, Assuramaya era um tipo sensível e afetivo, se bem que um tanto "cascudo" à primeira vista e bastante tenaz na perseguição de seus objetivos. Acrescente-se que o Sol oposto a Saturno - e ainda mais no eixo 4-10 - não brinca em serviço, pois sabe que tem um longo caminho a trilhar. Este mapa coloca a temática da ascensão social pelo próprio esforço, assim como a necessidade de ser levado a sério e sentir-se respeitado. Tanto Câncer quanto a casa 4 lembram as profundezas do passado, o arcaico, levando o indivíduo a sentir-se identificado com suas raízes próximas ou remotas. Talvez por isso, e ainda pelo Saturno na 10, Assuramaya (cujo verdadeiro nome era João Batista) tenha adotado um nome profissional que sugere uma civilização tão distante, a dos caldeus, que durante muito tempo foram considerados os "pais" da Astrologia.

A Lua em conjunção com Saturno em Sagitário dá a esta carta um toque um tanto dogmático e sacerdotal. Sagitário, como se sabe, é o signo do profeta, do pregador, daquele que propaga entusiasticamente seus ideais. Saturno dá o rigor, a firmeza, a identificação com um papel mais velho. Já a Lua permite a empatia, a capacidade de estabelecer pontos de contato com o público e tocá-lo pela emoção. Com Lua e Saturno na 10, casa ligada à vocação e à carreira, Assuramaya era um comunicador, com décadas de experiência no rádio, no jornal impresso, na sala de aula e em congressos.

Lua e Saturno recebem trígonos de Marte e Netuno em Leão na casa 6. É uma configuração idealista, generosa, às vezes um tanto ardente e passional, dada a ênfase no elemento Fogo. Está aí, nesses quatro planetas, a chave para a compreensão do entusiasmo que Assuramaya sempre exibiu. Como a configuração afeta exatamente as casas da rotina profissional e do exercício de atividades com grande visibilidade, a imagem que este astrólogo deixou foi a de alguém empolgado por seu próprio trabalho. Se tivesse vivido em outras épocas, poderia ter sido um cruzado medieval, um pregador calvinista, um líder comunitário a lutar por causas sociais.

O regente do Meio-Céu e dispositor de Lua-Saturno é Júpiter - e um Júpiter em Gêmeos e na casa 3, enfatizando duplamente, portanto, a possibilidade de uma carreira nas áreas de comunicação e de ensino. A palavra Júpiter tem a mesma etimologia das palavras juvenil e juventude. Além disso, este Júpiter está em Gêmeos, o mais adolescente dos signos. Não admira que o olhar canceriano de Assuramaya também tivesse um brilho vivaz e moleque.

É interessante observar a importância dos trânsitos de Netuno, co-regente do Ascendente, no mapa deste astrólogo singular. Toda a sua fase como profissional de imprensa e de rádio coincide com o trânsito de Netuno pela casa 9, ligada exatamente à comunicação de largo alcance e à propagação de idéias e valores culturais. Quando Netuno aproximou-se do Meio-Céu, Assuramaya publicou seu Manual e entrou em nova fase, em que deixaria frutos mais perenes. A abertura da escola, em Copacabana, acontece quando Netuno transita sobre a importante configuração Saturno-Lua-Sol do mapa natal. A morte veio a colhê-lo em 2007, com Netuno na 12 em quadratura com os nodos e entrando em órbita de oposição ao Marte natal. Ao mesmo tempo, Plutão em trânsito alcançava em cheio sua forte configuração Lua-Saturno-Sol: chegara para o veterano astrólogo o momento de uma mudança radical e de um novo começo. Como ele mesmo dizia:

Eu sou um Cidadão do Cosmo, em Busca da Perfeição.
Minha Família é a Humanidade,
Minha Pátria é o Universo,
Meu Dia é a Eternidade,
Minha Vida é a Luz do Firmamento...
Meu Amor é a Harmonia das Esferas Celestiais...
Todas as Crianças do Mundo são Meus Filhos, Todos os Humanos são Meus Irmãos...
(Assuramaya)

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