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             Impossível falar em São Paulo sem 
              falar em Ayrton Senna. São dois artigos: no primeiro, Waldemar 
              Falcão traça o perfil do piloto e explica as configurações 
              presentes em sua morte. No segundo, Fernando Fernandes conecta o 
              funeral de cena à cerimônia da fundação 
              da cidade. 
            Uma das grandes diferenças entre a Astrologia 
              Ocidental e a Oriental, principalmente a Védica praticada 
              pelos hindus, é que no Ocidente nós não nos 
              ocupamos de previsões sobre a longevidade das pessoas, aquilo 
              que na Índia se chama de ayurdaya. Contam as histórias 
              que, em muitos casos, quando o astrólogo faz o estudo do 
              mapa de um recém-nascido e constata que ele não terá 
              uma vida longa, há uma recusa imediata em levar adiante a 
              análise astrológica. Para eles isto é um componente 
              tão importante do mapa, que existem pelo menos três 
              fórmulas para se calcular o ayurdaya. 
            Toda esta introdução pretende apenas 
              destacar um fato muito significativo existente no mapa astrológico 
              do tri-campeão mundial Ayrton Senna: embora não tivéssemos 
              meios de prever quando a tragédia aconteceria, era evidente 
              que Senna possuía elementos que o colocavam como uma pessoa 
              de alto risco de vida e de provável morte súbita, 
              principalmente, é óbvio, em função da 
              sua atividade profissional, combinada com os elementos planetários 
              apresentados no seu mapa. Em outras palavras, não poderia 
              deixar de estar presente uma forte convicção de que 
              Senna provavelmente morreria dentro de seu campo de trabalho e de 
              forma instantânea, causada por um desses dois tipos de acidente: 
              ou pelo fogo (explosão, pane elétrica) ou por um ferimento 
              contundente na cabeça. 
            
               
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                | Ayrton Senna da Silva - 21.3.1960, 2h35 - 
                  São Paulo, SP. 23s32, 46w37. O horário inicialmente 
                  utilizado por Waldemar Falcão foi o de 2h20. Corrigimos 
                  para 2h35 em função de dados coletados por Raul 
                  V. Martinez, que cita matéria da Folha de S.Paulo de 
                  2.5.1994, que reproduz a certidão de nascimento. | 
               
             
            Vamos às explicações astrológicas: 
              Ayrton Senna da Silva nasceu no dia 21 de março de 1960, 
              às 2h35 , na cidade de São Paulo. Isto fazia dele 
              um ariano do primeiro dia do signo, com o Ascendente em Aquário 
              e a Lua em Capricórnio. Esta Lua encontrava-se na Décima-Segunda 
              Casa do mapa, em conjunção com Saturno, o próprio 
              regente de Capricórnio. Aí entendemos porque, apesar 
              de toda a garra e competitividade, Senna era uma pessoa tímida 
              e fechada do ponto de vista emocional. Sua tendência era de 
              ser muito reservado nos assuntos íntimos e de partilhar com 
              muito poucas pessoas sua sensibilidade e emoções mais 
              profundas. A posição de Urano, regente do Ascendente 
              Aquário, colocado na Sétima Casa (a das associações, 
              dos casamentos e parcerias), faria Senna mais avesso aos comprometimentos 
              de ordem afetiva, embora, por outro lado, fosse uma pessoa extremamente 
              romântica e sonhadora neste campo: o trígono entre 
              Vênus e Netuno fazia dele alguém capaz de amar universalmente, 
              de mobilizar-se para causas humanitárias e de transmitir 
              uma grande simpatia e empatia para a coletividade, mas com dificuldades 
              de canalizar este afeto para uma relação a dois.  
            Agora, depois de sua morte, sabemos das vultosas 
              e numerosas contribuições que fez a hospitais sob 
              a forma de equipamentos e a pessoas necessitadas, custeando seus 
              tratamentos, escondido atrás de um anonimato inimaginável 
              para uma pessoa tão pública quanto ele. Este mesmo 
              aspecto (Vênus-Netuno) é que o fazia uma personalidade 
              tão querida e amada por todos os povos de mundo. Netuno confere 
              à pessoa uma capacidade de "penetrar" naquilo que 
              Jung chamava de inconsciente coletivo, atingindo a coletividade 
              como um todo, independente de qualquer barreira cultural ou etária. 
            Netuno era também responsável pelo 
              lado místico de Senna, que em mais de uma ocasião 
              afirmou que ouvia e conversava com Deus nas suas orações 
              e nas suas competições. Há inclusive uma história 
              não confirmada de que ele teria tido uma visão de 
              Jesus crucificado durante o Grande Prêmio do Japão. 
              Teria sido uma premonição netuniana? Jamais saberemos. 
            Vamos aos elementos de risco de seu mapa: sendo um 
              ariano com Ascendente em Aquário, Ayrton possuía os 
              dois planetas regentes desses signos (Marte e Urano) num aspecto, 
              por si só, tenso e explosivo: Marte ocupava a Primeira Casa 
              colocado no signo de Aquário, em oposição (ângulo 
              de 180 graus) a Urano na Sétima Casa colocado no signo de 
              Leão. Somado ao fato de ambos os planetas possuírem 
              um papel fundamental em seu mapa natal (um regendo o signo solar 
              e outro regendo o Ascendente), isto o tornava uma pessoa altamente 
              competitiva, qualidade básica de todos os arianos, e com 
              uma propensão aos riscos, às ousadias, ao imprevisível, 
              qualidade dos aquarianos. É óbvio que se Ayrton tivesse 
              escolhido uma outra profissão menos arriscada ou menos competitiva, 
              as probabilidades de risco seriam bem menores. Por outro lado, para 
              quem estuda Astrologia, fica claro que seria extremamente difícil, 
              quase impossível, fugir da tendência impulsiva que 
              este aspecto astrológico nos confere, do temperamento arrojado, 
              da "vontade de ser sempre o primeiro" que o próprio 
              Senna sempre colocava como sua maior obsessão. Em outras 
              palavras, seria impossível imaginar Ayrton Senna da Silva 
              envolvido em uma atividade burocrática, acomodada. Sua energia 
              física (Marte) e mental (Urano) era tanta que, mesmo nos 
              momentos de lazer, era sempre flagrado em movimento, seja num jet-ski 
              em Angra, seja no incansável condicionamento físico 
              que se impunha até nas horas de descanso. 
               
              Este mesmo aspecto de Marte e Urano representava o seu maior perigo 
              de vida, já que o tornava, mesmo entre os pilotos de Fórmula 
              1, um dos mais temidos e arrojados de todos os tempos. Era o que 
              me dava a convicção de que jamais veria Senna aposentado 
              e acomodado em alguma atividade, mesmo que esta atividade estivesse 
              relacionada com as corridas. E era também o que me fazia 
              temer por algum acidente onde ele saísse ferido. Em todos 
              os choques acontecidos com Ayrton Senna até aquele fatídico 
              dia primeiro de maio, nunca houve nada de maior gravidade em termos 
              de dano físico. Grande sustos, é verdade, mas nunca 
              ferimentos graves. 
            A oposição entre Marte e Urano, 
              ao mesmo tempo que o fazia o melhor entre os melhores, o mais veloz 
              entre os mais velozes, trazia sempre uma sensação 
              de que Senna era um cometa que, da mesma forma veloz com que passava 
              pelas pistas de corrida, passaria por este mundo, saindo dele de 
              forma abrupta, violenta e inesperada. O seu belo trígono 
              de Vênus e Netuno se encarregaria de fazê-lo amado e 
              chorado por todos os povos do mundo, de brasileiros a ingleses, 
              de japoneses a dinamarqueses, de franceses a italianos. O cometa 
              se foi, como se vão todos os cometas, mas ficamos daqui da 
              Terra observando o rastro de luz e fogo que sua passagem deixou. 
              Recentemente a imprensa noticiou que o nome de Senna foi sugerido 
              para "batizar" uma estrela do nosso universo. Bem a propósito, 
              já que Ouranos, além de ser o regente de Aquário 
              e da própria Astrologia, era a divindade grega que simbolizava 
              o céu estrelado. Valeu, Ayrton! 
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              dia em que São Paulo parou 
               
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