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CONGRESSO NO RIO

A Astrologia da revolução pessoal

Equipe de Constelar

 

Uma ponte com a contracultura dos anos 60 e 70

CONSTELAR - Em que as gerações de Urano-Plutão em Virgem e em Libra são mais lúcidas que as anteriores?

HOLLANDA - Somos as gerações que vivem a necessidade interior, individual, de sair do paradigma ilusório de mobilidade social que é propagandeado pela mídia. A mobilidade social existe, mas com possibilidades muito menores do que se pensa para quem tem menos oportunidades e quem não tem os chamados "padrinhos". As classes subalternas e também as classes médias sonham em atingir o patamar das classes dominantes e referem-se a si mesmas depreciativamente (em expressões como: "isso é coisa de pobre..."). Muitos de nós têm a ilusão de que viver nos Estados Unidos é que é mais chique, viver na Europa é ser civilizado (tem até uma personagem na nova novela das 8 que representa bem esse papel). Para muitos, um nome estrangeiro numa marca é sinônimo de qualidade, quando na verdade boa parte daqueles que utilizam nomes estrangeiros como marca são obrigados a fazê-lo, porque senão não têm um público consumidor e não teriam receita.

CONSTELAR - A Angela Schnoor tem uma percepção interessante da geração Urano-Plutão em Virgem. Ela diz que é a geração que transfere até para o lazer e para as relações sociais a compulsão virginiana pela atividade, pelo movimento contínuo. Um exemplo seriam as festas rave, em que as pessoas gastam energia até a exaustão.

HOLLANDA - Mas também somos a geração que intermedeia os mais antigos, menos acostumados com a Internet, e os mais novos, que não conseguem imaginar o mundo sem ela. E estamos maduros o suficiente para utilizar esse poderoso dispositivo de divulgação para uma bela contribuição a um pensamento subversivo, ao menos no que tange à ditadura do pensamento, à ditadura do viés científico ainda cheio do ranço positivista e, pasmem, darwinista-evolucionista (como no caso dos astrônomos que classificaram a astrologia como o macaco e a astronomia como o homem, num recente "debate", no Planetário da Gávea).

CONSTELAR - Voltando aos astrólogos "jurássicos": qual exatamente a contribuição que se espera deles na mesa-redonda?

HOLLANDA - Os integrantes da mesa-redonda estarão lá como contadores de histórias, de experiências deles com a astrologia. E a linha de atuação de todos é muito semelhante a dos "sub-40", inclusive o viés espiritualista hindu do Mazinho (Waldemar Falcão), que, na verdade, participou como ator na primeira montagem brasileira da peça "Hair". Fernando Fernandes e Mazinho provavelmente usarão o datashow também, o que tornará a coisa ainda mais bonita, já que eles têm testemunhos fotográficos de atuações deles mesmos naquele contexto histórico de rebeldia e contracultura.
Astrólogos da velha guarda: contadores de histórias.

Ambos eram músicos nos anos 70 e 80. A Martha Pires Ferreira escrevia para a revista Rolling Stones. A Angela Schnoor se formou psicóloga pela PUC em pleno 1966, pouquíssimo depois da conjunção exata de Urano com Plutão em Virgem e logo após os decretos da ditadura de Castello Branco. E como boa ariana e rebelde pra dedéu, mandou o Conselho de Psicologia pro cacete e passou a "astrologar" a despeito das pressões. Imagina: nascemos durante uma época em que a Angela se formou, os "AI's" da ditadura reprimiam todo mundo, o estatuto repressivo e exclusivista da ABA estava se formando na mente do Facciollo, Mazinho e Fernando entravam, cabeludos, na adolescência, rolava a guerra do Vietnã, Cuba quase ganha mísseis atômicos ("Quero ver se Cuba lança, quero ver Cuba lançar" - dizia uma música da época. Belo cacófato). E, de acordo com a polaridade Peixes-Virgem, os porões da ditadura encarceravam rebeldes e também quem nada tinha a ver com movimento algum (nada disso necessariamente nessa ordem nem num mesmo ano, é claro).

CONSTELAR - Essa celebração da contracultura dos anos 60 e 70 não é meio contraditória com a pretensão contemporânea do evento? Não há risco de perder o momento presente de vista?

HOLLANDA - Eu acho que a verdadeira revolução está para acontecer agora e dentro de alguns anos, durante a passagem de Urano em Peixes, opondo-se às posições que ocupou junto com Plutão na década de 60. As pessoas que nasceram naquela época estão chegando aos 40-41 anos (desde 62) e, como sabemos, é próximo dessa idade que Urano entra em oposição com ele mesmo (desde os 39, com mais freqüência, indo até 42, no hemiciclo). E se já começaram, bem cedo, a fazer algo de impacto na sociedade - escrevendo livros, engajando-se no movimento ecológico, ressaltando os problemas de saúde derivados do uso de drogas, a necessidade de "reciclagem religiosa" - imagina agora que chegam na oposição, com uma vontade irresistível de dar uma reviravolta e de retorcer o quadro social em que vivem. Talvez tenhamos herdado um pouco da decepção da geração anterior, que viu seus sonhos serem massacrados pela repressão política e pelos ditames econômicos. Nós sabemos, temos percepção plena dos jogos mentais e da lavagem cerebral produzida pelos donos do poder - e aí entra o trabalho do João Acuio. Muitos de nossas gerações (Virgem e Libra), como eu, temos uma percepção crítica do fato de a cultura de massa ter um um objetivo imperialista, ou de promoção do conformismo. Só falta fazer algo mais a respeito.

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