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CONGRESSO NO RIO

A Astrologia da revolução pessoal

Equipe de Constelar

 

Cinco astrólogos nascidos após a conjunção de Urano e Plutão em Virgem fazem congresso no Rio para propor uma Astrologia compatível com a inquietação e a visão de mundo
de quem ainda não chegou aos 40.

Algo de novo está no ar - A Astrologia da revolução pessoal. É esse o nome do congresso que Carlos Hollanda idealizou e que acontece no Rio de Janeiro no dia 14 de dezembro. Com exceção de Paula Salotti, que se encontrava fora da cidade, os outros palestrantes deram essa entrevista a Constelar contando por que não confiam nos astrólogos de mais de 40 e como pretendem inaugurar uma nova fase na Astrologia brasileira. A entrevista ocorreu antes do congresso, que tudo lugar em 14 de dezembro - mesmo dia em se comemoraram os 500 anos do nascimento de Nostradamus. O que aconteceu no evento é assunto da Constelar de janeiro de 2004.

Vanessa Tuleski: papel do astrólogo é "trazer o céu ao cliente".
Dimitri Camiloto: "Não confiem em astrólogos com mais de 40 anos."

CONSTELAR - Qual a proposta desse congresso? É um protesto dos astrólogos de menos de 40 anos contra a falta de espaço para novidades na astrologia brasileira?

HOLLANDA - Não exatamente um protesto, mas uma afirmação da identidade dos astrólogos nascidos a partir do trânsito de Urano e Plutão em Virgem, que constituem uma geração com características bem específicas.

CONSTELAR - Então seria a geração nascida entre 1962 e 1969, certo? Mas alguns dos palestrantes já são dos anos setenta, já nasceram com Plutão em Libra...

HOLLANDA - Veja que eu não disse "nascidos sob o trânsito de Urano e Plutão em Virgem", mas "a partir de". Mas é evidente que o marco divisório foi a conjunção desses dois planetas, que define um clima de questionamentos totalmente novo.

CONSTELAR - Que tipo de questionamento?

HOLLANDA - Basta observar o nome do evento: Algo de novo está no ar... O que isso inspira? Ou o subtítulo: A Astrologia da Revolução. Isso não dá uma idéia? Uma revolução pode ser coletiva e externa, como a Revolução Francesa ou a Russa, mas também pode ser interna, como aqueles "quase-surtos" psicóticos que os xamãs têm e que lhes permitem ter acesso a níveis de consciência que uma pessoa comum não costuma atingir. As palavras de um xamã para um acólito podem revolucionar sua vida. Um transe com santo daime pode revolucionar uma vida. Uma terapia com florais, uma série de consultas com um astrólogo ou com um psicólogo podem revolucionar uma ou várias vidas (as de quem está ligado ao indivíduo). Uma formação acadêmica pode revolucionar uma vida. Uma bela carga de estudos em astrologia revoluciona etc.etc...

CONSTELAR - Sobre o que cada um de vocês vai falar?

DIMITRI - Basicamente o que quero é chamar atenção para o papel do astrólogo enquanto membro de uma comunidade intelectual-profissional específica, portadora de uma subjetividade e de um lugar específico na sociedade. Quer dizer, lugar específico em termos, porque a internet e as escolas de astrologia parecem ter começado a fazer com que essa rede intelectual adquira uma nova dinâmica de atuação, impondo-se mais no cenário social. Tentarei dar a minha palestra um tom contemporâneo (ah, a falsa humildade virginiana!), ainda que eu vá falar de alguns aspectos históricos de nossa subjetividade e também do início da astrologia como departamento da indústria cultural, com os horóscopos de jornais. Depois falarei da contracultura, colocando o momento como divisor de águas do século XX (e do desenvolvimento da Astrologia). Tudo isso tendo em vista as relações que os transgeracionais estabelecem com as pessoas e as épocas, para dar aquele tempero pessoal aos que vão levar seus mapas e querem saber de que maneira interagem com esses processos.

JOÃO ACUIO - Meu tema é surpresa. Vou discutir alguns mapas conhecidos, mas a platéia só na hora saberá de quem são.

VANESSA - A princípio, penso em discutir o novo papel do astrólogo como um intermediador entre a astrologia e seu público, e não mais como um emissor de verdades prontas. O astrólogo sempre foi um tradutor do céu. Entretanto, ele tendia, simbolicamente, a se apropriar do céu e a colocar-se como aquele que iria dar conselhos e avisos a partir do que sabia, sendo dotado de algum poder a mais por conhecer a linguagem celeste.

DIMITRI - Eu diria que se trata, entre outras coisas, de uma questão de autoridade astrológica, pois, na medida em que desenvolvemos um senso de naturalização e incorporação da linguagem astrológica, estabelecemos uma relação com o cliente que permite que nos coloquemos mais e mais de forma vertical no encontro para a leitura do céu.

VANESSA - O astrólogo e a própria astrologia estavam misturados em uma coisa só, o que lhe emprestava poder... Este papel caía como uma luva em uma sociedade que era mais rígida e autoritária. A partir do momento em que se multiplicaram as visões de mundo e as alternativas, deixou de fazer sentido que o astrólogo apenas despejasse informações, afirmações e previsões, em um processo de mão única.

DIMITRI - O ideal é que o cliente possa ser mais atuante e menos passivo, colocando sua experiência de forma mais decisiva nos rumos e contingências a que a consulta possa levar. Então, relativizaríamos a autoridade astrológica e passaríamos a nos concentrar mais na experiência do cliente. Seria algo mais antropológico, Vanessa, não acha?

HOLLANDA - Tenho observado que para dar ao público um gostinho a mais, é preciso que conjuguemos esse assunto, que é mais abrangente, com algo bem pessoal, algo que remeta ao mapa de nascimento e que cada um possa observar no próprio mapa. Talvez eu use uma parte de um workshop que montei e que ainda é inédito: "Você, os Signos e as Épocas", onde trabalho a dimensão histórica e arquetípica dos comportamentos coletivos na Idade Média e comparo o comportamento da sociedade do século XI com o comportamento das pessoas com ênfase nos signos do zodíaco. Todo mundo vai encontrar um bocado de si mesmo nos costumes medievais e ficará surpreso.

VANESSA - O astrólogo passou a ter um papel diferente neste mundo. O seu papel é mais o de não encontrar somente uma única tradução para o céu (e torcer para que ela se realize, o que ratificará seu conhecimento), e sim, mostrar alternativas. Se o esforço antes era o de ser o mais preciso possível, até para demonstrar sua competência (ainda que isto sacrificasse a liberdade de ação do cliente), hoje deve ser o de 'tentar trazer o céu ao cliente' e deixar que ele faça as suas escolhas. Ele abandona o papel de emissor e passa a ser um intermediário, que vai usar o seu conhecimento para ampliar o próprio conhecimento do cliente. O antigo astrólogo enunciava acontecimentos. O novo astrólogo deve mostrar alternativas. O antigo astrólogo guardava seus códigos para si mesmo, pois isto aumentava o seu poder. O novo deve partilhá-lo. Deve estender o seu conhecimento, ou seja, estender a própria astrologia. Deixar que ela possa ser utilizada pelo cliente, de maneira similar, ainda que em grau inferior, ao que ele mesmo utiliza (apesar disso, nem todos têm aptidão para estudar astrologia, daí a importância de seu novo papel).

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