| Marte está próximo da Terra como 
              jamais esteve desde o alvorecer da humanidade. Entre outros fatos, 
              o atentado a bomba que matou o diplomata Sérgio Vieira de 
              Mello em Bagdá pode estar relacionado à proximidade 
              do planeta vermelho. Enfim, a invasão 
              dos marcianos Quem vem acompanhando com atenção o 
              céu deve ter estranhado a visibilidade cada vez maior de 
              um corpo celeste de cor avermelhada, cujo diâmetro parece 
              crescer a cada dia. Trata-se de Marte, nosso vizinho no Sistema 
              Solar, e o crescimento tem sua razão de ser: às vezes 
              afastado da Terra até 400 milhões de quilômetros, 
              agora Marte alcança sua máxima proximidade com o globo 
              terrestre nos últimos 59 mil anos, sendo que, na noite de 
              26 para 27 de agosto de 2003, estará a 55.758.006 quilômetros 
              da Terra, oferecendo uma oportunidade única de observação 
              e um forte motivo de preocupação para os astrólogos. 
               
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                | A aproximação de Marte tem 
                  provocado notícias fantasiosas que dão conta de 
                  que o planeta vermelho poderia aparecer no céu mais brilhante 
                  que a própria Lua. |  Em Astrologia, a importância e o alcance de 
              um fenômeno, seja um contato planetário, uma ocultação 
              do Sol ou da Lua (eclipses) ou qualquer outro evento celeste, mede-se 
              pela raridade do episódio, ou seja, pelo tempo necessário 
              para que ocorra outro de igual natureza e envergadura. Eclipses, 
              por exemplo, apesar de constituírem um espetáculo 
              de grande impacto sobre a opinião pública, são 
              relativamente comuns. Apenas entre julho de 2002 e julho de 2003 
              houve quatro deles, dois solares e dois lunares, se bem que nem 
              todos visíveis nas mesmas regiões. Assim, considerando 
              que o intervalo entre dois eclipses do Sol tende a ser semestral, 
              entende-se por que os astrólogos não dão aos 
              eclipses uma importância tão decisiva quanto o público 
              leigo imaginaria. O alcance dos acontecimentos desencadeados em 
              ressonância com um eclipse tende a situar-se na faixa de seis 
              meses a um ano. Quando vai além, deve-se ao fato de que eclipses 
              costumam potencializar outras configurações mais raras, 
              precipitando suas manifestações.  Já uma conjunção Júpiter-Saturno 
              merece atenção muito maior, pois trata-se de um ciclo 
              mais amplo, que se renova a cada vinte anos e define tendências 
              geracionais de longo prazo. Não é todo dia que acontece 
              uma conjunção como a de Júpiter-Saturno em 
              Touro, em maio de 2000, que se fez acompanhar por uma raríssima 
              concentração dos sete planetas visíveis a olho 
              nu, todos no mesmo signo . Mais raro ainda é um fenômeno 
              como o que acontece agora, em agosto de 2003, trazendo Marte a uma 
              inédita proximidade com a Terra. Qualquer tentativa de interpretação 
              dos possíveis desdobramentos desta aproximação 
              de Marte esbarra numa dificuldade incontornável: todo o conhecimento 
              astrológico foi construído com base na acumulação 
              de experiência ao longo de milhares de anos de observação. 
              O saber da Astrologia é, em grande parte, puramente empírico. 
              Sabemos como funciona, mas não sabemos exatamente 
              por que funciona. E considerando o fato de que a última 
              grande aproximação de Marte aconteceu na época 
              do homem de Neanderthal, não temos nenhuma idéia de 
              como o fenômeno impactou a vida na Terra de então. 
             Cabe lembrar ainda que a Astrologia que praticamos 
              no Ocidente é, com raras exceções, de caráter 
              bidimensional. Para simplificar, é como se levássemos 
              em conta apenas dois fatores: os ângulos formados pelos planetas 
              em seu deslocamento ao longo da faixa zodiacal e sua distância 
              angular para norte ou para sul de um dos dois grandes planos - eclíptica 
              e equador celeste. No primeiro caso, temos a posição 
              por signo e grau, que nada mais é do que uma medida angular 
              que leva em conta três pontos: o ponto vernal (zero de Áries), 
              o centro da Terra e o ponto efetivamente ocupado pelo corpo celeste. 
              Assim, dizer que um planeta está em 15º de Touro significa 
              dizer que forma um ângulo de 45 graus com o ponto zero de 
              Áries, tomando-se como vértice o centro da Terra. 
              Lembrando que quase toda Astrologia é construída sobre 
              relações angulares, há muito pouco trabalho 
              consistente de pesquisa sobre o papel da terceira dimensão 
              - a profundidade - no trabalho de interpretação. Existe 
              ainda um vasto terreno por explorar no que se refere ao estudo sistemático 
              dos apogeus, perigeus, afélios e periélios. No Brasil, 
              uma das poucas exceções é o astrológo 
              Antônio Carlos Costa Lima Vieira (Terminus), cujo trabalho 
              já foi assunto de matéria em Constelar nº 
              36 (junho/2001). Tentemos compreender o que afirma Terminus em seu 
              estilo peculiar: É preciso compreender-se [...] que as regiões 
              celestes que hospedam estes fenômenos capitais das órbitas 
              planetárias têm mais força [...] que a força 
              [...] dos signos astrológicos... Inclusive, somente a observação 
              dos virtuosos afélios (bem como também dos virtuosos 
              nodos ascendentes) e dos viciosos periélios (bem como também 
              dos viciosos nodos descendentes) dos asteróides e planetóides 
              recém-descobertos (bem como dos cometas) nos garantirá 
              sobre a natureza de suas influências astrológicas... 
             Os graus em que ocorreram os prévios e últimos 
              afélios, periélios, nodos e ocultações 
              dos planetas lentos e dos planetas rápidos devem ser consideradas 
              como graus sensibilizados, prioritários que são, na 
              realização de qualquer previsão astrológica, 
              e na realização de qualquer estudo astrológico. 
             A importância qualitativa das regiões 
              zodiacais onde ocorrem os periélios e os afélios planetários 
              depende do ponto de vista heliocêntrico.  
               
                | Entenda os conceitos: Apogeu - Ponto 
                    de máxima distância de um corpo celeste em relação 
                    à Terra. O termo aplica-se com mais propriedade à 
                    Lua, nosso satélite natural.  Perigeu - ponto 
                    de maior proximidade de um corpo celeste em relação 
                    à Terra.  Afélio 
                    - Ponto de máxima distância de um corpo celeste 
                    em relação ao Sol.  Periélio 
                    - Ponto de máxima proximidade de um corpo celeste em 
                    relação ao Sol. |  O que significam exatamente essas afirmações? 
              Podemos resumi-las, para simplificar, em duas diretrizes básicas: · Na opinião de Terminus (e de outros 
              pesquisadores que tentam praticar uma Astrologia "tridimensional"), 
              os graus onde ocorre a máxima aproximação ou 
              afastamento de um planeta em relação à Terra 
              e ao Sol são pontos extremamente sensibilizados, que devem 
              receber uma importância especial na interpretação; · Afélios (ponto de máximo afastamento 
              de um planeta com relação ao Sol) são de natureza 
              essencialmente benéfica, pois enfatizam o fator solar; já 
              o periélio (máxima aproximação de um 
              planeta em relação ao Sol) tem um sentido mais difícil, 
              pois cria uma tensão que gerará um novo movimento 
              de afastamento, com sentido desagregador.  O fenômeno inédito que a humanidade 
              presencia em agosto de 2003, com Marte mais brilhante no céu 
              que Vênus e Júpiter, é ao mesmo tempo o periélio 
              e o perigeu de Marte, o que significa que o planeta vermelho está 
              não apenas muito próximo da Terra, como também 
              no seu ponto de maior aproximação com o Sol.  Para completar o quadro, Marte está também 
              envolvido em uma poderosa configuração de aspectos 
              cuja singularidade se afirma em especial nos dias 22 e 27 de agosto 
              - e por motivos diferentes. |