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ASTROLOGIA COLETIVA

Marte cresce, a paz desaparece

Fernando Fernandes

 

Marte está próximo da Terra como jamais esteve desde o alvorecer da humanidade. Entre outros fatos, o atentado a bomba que matou o diplomata Sérgio Vieira de Mello em Bagdá pode estar relacionado à proximidade do planeta vermelho.

Enfim, a invasão dos marcianos

Quem vem acompanhando com atenção o céu deve ter estranhado a visibilidade cada vez maior de um corpo celeste de cor avermelhada, cujo diâmetro parece crescer a cada dia. Trata-se de Marte, nosso vizinho no Sistema Solar, e o crescimento tem sua razão de ser: às vezes afastado da Terra até 400 milhões de quilômetros, agora Marte alcança sua máxima proximidade com o globo terrestre nos últimos 59 mil anos, sendo que, na noite de 26 para 27 de agosto de 2003, estará a 55.758.006 quilômetros da Terra, oferecendo uma oportunidade única de observação e um forte motivo de preocupação para os astrólogos.

A aproximação de Marte tem provocado notícias fantasiosas que dão conta de que o planeta vermelho poderia aparecer no céu mais brilhante que a própria Lua.

Em Astrologia, a importância e o alcance de um fenômeno, seja um contato planetário, uma ocultação do Sol ou da Lua (eclipses) ou qualquer outro evento celeste, mede-se pela raridade do episódio, ou seja, pelo tempo necessário para que ocorra outro de igual natureza e envergadura. Eclipses, por exemplo, apesar de constituírem um espetáculo de grande impacto sobre a opinião pública, são relativamente comuns. Apenas entre julho de 2002 e julho de 2003 houve quatro deles, dois solares e dois lunares, se bem que nem todos visíveis nas mesmas regiões. Assim, considerando que o intervalo entre dois eclipses do Sol tende a ser semestral, entende-se por que os astrólogos não dão aos eclipses uma importância tão decisiva quanto o público leigo imaginaria. O alcance dos acontecimentos desencadeados em ressonância com um eclipse tende a situar-se na faixa de seis meses a um ano. Quando vai além, deve-se ao fato de que eclipses costumam potencializar outras configurações mais raras, precipitando suas manifestações.

Já uma conjunção Júpiter-Saturno merece atenção muito maior, pois trata-se de um ciclo mais amplo, que se renova a cada vinte anos e define tendências geracionais de longo prazo. Não é todo dia que acontece uma conjunção como a de Júpiter-Saturno em Touro, em maio de 2000, que se fez acompanhar por uma raríssima concentração dos sete planetas visíveis a olho nu, todos no mesmo signo . Mais raro ainda é um fenômeno como o que acontece agora, em agosto de 2003, trazendo Marte a uma inédita proximidade com a Terra.

Qualquer tentativa de interpretação dos possíveis desdobramentos desta aproximação de Marte esbarra numa dificuldade incontornável: todo o conhecimento astrológico foi construído com base na acumulação de experiência ao longo de milhares de anos de observação. O saber da Astrologia é, em grande parte, puramente empírico. Sabemos como funciona, mas não sabemos exatamente por que funciona. E considerando o fato de que a última grande aproximação de Marte aconteceu na época do homem de Neanderthal, não temos nenhuma idéia de como o fenômeno impactou a vida na Terra de então.

Cabe lembrar ainda que a Astrologia que praticamos no Ocidente é, com raras exceções, de caráter bidimensional. Para simplificar, é como se levássemos em conta apenas dois fatores: os ângulos formados pelos planetas em seu deslocamento ao longo da faixa zodiacal e sua distância angular para norte ou para sul de um dos dois grandes planos - eclíptica e equador celeste. No primeiro caso, temos a posição por signo e grau, que nada mais é do que uma medida angular que leva em conta três pontos: o ponto vernal (zero de Áries), o centro da Terra e o ponto efetivamente ocupado pelo corpo celeste. Assim, dizer que um planeta está em 15º de Touro significa dizer que forma um ângulo de 45 graus com o ponto zero de Áries, tomando-se como vértice o centro da Terra. Lembrando que quase toda Astrologia é construída sobre relações angulares, há muito pouco trabalho consistente de pesquisa sobre o papel da terceira dimensão - a profundidade - no trabalho de interpretação. Existe ainda um vasto terreno por explorar no que se refere ao estudo sistemático dos apogeus, perigeus, afélios e periélios. No Brasil, uma das poucas exceções é o astrológo Antônio Carlos Costa Lima Vieira (Terminus), cujo trabalho já foi assunto de matéria em Constelar nº 36 (junho/2001). Tentemos compreender o que afirma Terminus em seu estilo peculiar:

É preciso compreender-se [...] que as regiões celestes que hospedam estes fenômenos capitais das órbitas planetárias têm mais força [...] que a força [...] dos signos astrológicos... Inclusive, somente a observação dos virtuosos afélios (bem como também dos virtuosos nodos ascendentes) e dos viciosos periélios (bem como também dos viciosos nodos descendentes) dos asteróides e planetóides recém-descobertos (bem como dos cometas) nos garantirá sobre a natureza de suas influências astrológicas...

Os graus em que ocorreram os prévios e últimos afélios, periélios, nodos e ocultações dos planetas lentos e dos planetas rápidos devem ser consideradas como graus sensibilizados, prioritários que são, na realização de qualquer previsão astrológica, e na realização de qualquer estudo astrológico.

A importância qualitativa das regiões zodiacais onde ocorrem os periélios e os afélios planetários depende do ponto de vista heliocêntrico.

Entenda os conceitos:

Apogeu - Ponto de máxima distância de um corpo celeste em relação à Terra. O termo aplica-se com mais propriedade à Lua, nosso satélite natural.

Perigeu - ponto de maior proximidade de um corpo celeste em relação à Terra.

Afélio - Ponto de máxima distância de um corpo celeste em relação ao Sol.

Periélio - Ponto de máxima proximidade de um corpo celeste em relação ao Sol.

O que significam exatamente essas afirmações? Podemos resumi-las, para simplificar, em duas diretrizes básicas:

· Na opinião de Terminus (e de outros pesquisadores que tentam praticar uma Astrologia "tridimensional"), os graus onde ocorre a máxima aproximação ou afastamento de um planeta em relação à Terra e ao Sol são pontos extremamente sensibilizados, que devem receber uma importância especial na interpretação;

· Afélios (ponto de máximo afastamento de um planeta com relação ao Sol) são de natureza essencialmente benéfica, pois enfatizam o fator solar; já o periélio (máxima aproximação de um planeta em relação ao Sol) tem um sentido mais difícil, pois cria uma tensão que gerará um novo movimento de afastamento, com sentido desagregador.

O fenômeno inédito que a humanidade presencia em agosto de 2003, com Marte mais brilhante no céu que Vênus e Júpiter, é ao mesmo tempo o periélio e o perigeu de Marte, o que significa que o planeta vermelho está não apenas muito próximo da Terra, como também no seu ponto de maior aproximação com o Sol.

Para completar o quadro, Marte está também envolvido em uma poderosa configuração de aspectos cuja singularidade se afirma em especial nos dias 22 e 27 de agosto - e por motivos diferentes.

O Coração do Leão não quer a vingança
O que pode acontecer?

Sérgio Vieira de Mello

Previsões sobre Júpiter, Saturno e Urano no mapa do Brasil:

2003/2004: o Brasil de agosto a agosto


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