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CONHECIMENTO DA ASTROLOGIA

Restaurando a essência
de alguns conceitos astrológicos

Angela Schnoor

 

O Patriarcado criou o "quarto escuro"

Realmente, se considerarmos que o processo de vida que iniciamos ao nascer implica experiências terrenas e interiores e o movimento destas experiências, expresso pelas casas, ocorre em sentido anti-horário, enquanto os astros caminham no sentido inverso, fica claro que não temos acesso consciente sobre esta área de vida, já que ela se coloca, espacialmente, atrás de nosso nascimento ou antes dele. Portanto, esta é uma área que não podemos conhecer do ponto de vista consciente ou racional e, em conseqüência, encontra-se fora de nosso campo visual e de nosso controle.

Mas, ai é que se encontra o X da questão, nem tudo precisa ser explicado, entendido e controlado a não ser dentro de uma sociedade cujos parâmetros e valores sejam "masculinos", ou seja, "para fora", extrovertidos e compreensíveis, apenas, à luz da razão.

Ao contrário desta visão, esta casa subentende o surreal, envolve experiências de fusão, de totalidade e de imersão. Implica a incompreensão, pelo racional, de tudo que é simbólico e ultrapassa as fronteiras do eu pessoal. Suas características são atribuídas ao enfoque feminino da vida, existem para serem sentidas, e não pensadas, percebidas através das imagens do inconsciente coletivo a que podemos ter acesso através dos sonhos e das técnicas de imaginação ativa usadas pelo Dr. Jung e seus continuadores, entre outras.

Quando da prevalência do Patriarcado, tudo que não podia ser compreendido e resolvido da forma como o mundo de então considerava bom, correto e melhor foi delegado ao "quarto escuro" das prisões, dos hospitais, dos manicômios e do Grande Útero da Mãe Terra, como bem relata o mito de Urano e, posteriormente, o reinado de Saturno, de Júpiter e, em tempos modernos, do Cristo, ou melhor, da Igreja dos Homens. As deusas foram abandonadas ou colocadas sob a égide dos homens, em papel coadjuvante. [Para saber mais, ler: O retorno da Deusa. WHITMONT, Edward C. Summus Editorial.]

As doenças e epidemias que a recém-nascida Ciência não conseguia entender nem combater eram, através dos indivíduos, apartadas atrás dos portões das cidades na tentativa de proteger os sãos.

Os comportamentos que fugiam aos padrões estabelecidos por esta sociedade como "normais" e que suscitavam medo e terror nas mentes racionais, foram chamados de loucura e também encarcerados junto com seus praticantes. Resta lembrar que, em tempos matriarcais, as doenças eram tratadas com ervas e poções. Ingredientes sagrados e intuitivos estavam presentes nas curas que envolviam rituais religiosos, partes de uma sabedoria que foi nomeada posteriormente, pelo medo, como bruxaria.

Entretanto, em tempos mais distantes, os seres que apresentavam estes comportamentos extraordinários chegaram a ser considerados Deuses ou herdeiros dos mesmos.

O Sol que nasce atrás da ríspida árvore seca lembra os processos de eliminação e regeneração de Escorpião.
A exuberância leonina de um Sol que se levanta sobre o horizonte: é a casa 12.

Não se trata de diminuir o valor das buscas científicas e nem zombar do temor dos homens, mas apenas esclarecer que, se a intuição e o sentimento fossem respeitados e incluídos, estaríamos em situação de maior sabedoria, e a ciência, provavelmente, teria alcançado resultados mais rápidos e nem tão danosos. Assim, o Sol, como expoente da luz e da visão Apolínea da existência, poderia estar associado à visão Dionisíaca e teríamos um complemento ideal para uma vida mais plena.

Portanto, a casa doze ficou sendo o exemplo do enfoque "patriarcal" enquanto o matriarcado ficava sob o jugo da razão. Em sentido figurado poderíamos dizer que o Sol (racionalidade), estaria "preso" na casa doze e que o domínio da Lua e da noite (a natureza e o feminino) tomariam as rédeas da vida, ou seja, teriam seu lugar no campo das onze casas restantes.

Para o pensamento do Patriarcado este era o símbolo da ameaça, e a casa doze, desde este ponto de vista, pode ser chamada então de "inferno do zodíaco".

Em nossos dias temos que estar atentos para que, ao trocar-se o quotidiano solar da Era de Peixes (Leão na seis) pelo quotidiano lunar da Era de Aquário (Câncer na seis), não se corra o risco de cair em extremo oposto. Unir os dois enfoques básicos da existência é a grande finalidade do elo que une os Peixes, valor e recurso deste novo tempo. A nona casa desta era embrionária nos lembra, entre outras coisas, do Casal Divino, presente na busca de equilíbrio da Balança.

Visões parciais de Áries e do Caranguejo


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