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       Um 
        olhar brasileiro em Astrologia 
    Edição 99 :: Setembro/2006 :: -  | 
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      DOSSIÊ PLUTÃOPlutão não é mais planeta... e daí?
 O medo do monstro sob a cama
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| Cartaz do filme King Kong, de 1933, um dos primeiros a explorar o terror do selvagem. | 
Quando Plutão está envolvido em aspectos tensos, quanto maior a resistência e apego ao poder ou à situação falsamente estável anterior, maior a crise. Até que ponto ela pode nos levar? Talvez uma tentativa de resposta para tal questionamento esteja sendo dada na produção da Indústria Cultural. O imaginário anglo-americano vem estimulando desde fins do século XX a produção de algumas obras que ressaltam o medo coletivo de uma catástrofe de proporções gigantescas, como uma espécie de apocalipse tecnorreligioso . A descoberta de Plutão ocorre muito próxima dos primeiros lançamentos de heróis de quadrinhos, desde os de aventura até os super-heróis. Esses personagens heróicos, surgidos a partir dos anos 20 e proliferando intensamente nos anos 30 nos Estados Unidos, justamente no entorno da descoberta oficial de Plutão, são representações de uma necessidade de promoção imaginária de ordem sobre o caos . Este último fica por conta dos chamados "vilões" dos quadrinhos, oponentes que encarnam quase sempre representações dos instintos na forma de peles de animais, presas, garras e similares (inimigos do Homem-Aranha, do Príncipe Valente ou o próprio conflito interior que vive o Wolverine, dos X-Men: um selvagem tentando a todo tempo civilizar-se). Quando não há uma direta representação de selvageria, há de insanidade (Coringa, Duende Verde - esse é as duas coisas ao mesmo tempo), enfim, elementos que "perderam a razão", sendo a Razão a "divindade" que pauta as relações sociais e estatais desde o século XVIII, sobretudo num país como os Estados Unidos, cujo histórico aponta para uma série de apropriações de temas iluministas, inclusive na formação de sua identidade e de doutrinas políticas como a do Destino Manifesto.
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| Flash Gordon, um dos primeiros heróis dos anos 30. | 
A proposta de "civilizar o aspecto selvagem" está 
        contida tanto na simbologia do centauro sagitariano, com sua parte humana 
        sobre a animal, quanto no processo de construção de uma 
        identidade que vê a sim mesma como "civilizada" em detrimento 
        das demais, "bárbaras", "selvagens", "dominadas 
        pelo instinto" ("não estão no meu nível", 
        podem dizer algumas pessoas com ênfase em Sagitário na carta 
        natal). De fato, essas três noções não significam 
        exatamente a mesma coisa, mas é comum encontrá-las, no senso 
        comum e na literatura popular, reunidas na estereotipagem do outro cujos 
        motivos e atitudes são rotulados como menos desenvolvidos, sob 
        diversos sentidos. O bárbaro, o selvagem e o animalesco são 
        esse "outro", aquele que nos serve de base para definirmos a 
        nós mesmos, supostos civilizados, livres da interferência 
        nociva dos instintos, como se estes pudessem ser recalcados impunemente.
        
        O imaginário social, fatalmente expresso por artistas e escritores 
        criativos em suas épocas, é também uma forma de compensação 
        de expectativas socioculturais, sejam elas esperanças ou temores 
        quanto ao presente e ao futuro. Nos quadrinhos e no cinema tais expressões 
        foram bastante numerosas. A criação e a proliferação 
        dos heróis desde os anos 20/30/40 do século XX encaixam-se 
        perfeitamente nesse conjunto de manifestações do imaginário, 
        assim como as narrativas em que esses heróis passam por um ordálio 
        mítico a fim de restabelecer a harmonia perdida ou ameaçada. 
        Assim o faz também a propaganda, que se apropria de temas heróicos 
        em tempos de crise visando a promover unidade em torno de determinados 
        objetivos, posturas políticas e ideologias. O mesmo Capitão 
        América que combatia nazistas quando os EUA entraram na II Guerra 
        hoje combate terroristas em território estrangeiro. Os "bárbaros" 
        das produções artístico-midiáticas que enfocam 
        heróis combatendo seres sem limites ou respeito pela vida e pelas 
        instituições (sobretudo as que se referem aos valores norte-americanos) 
        são hoje projetados em todo canto, numa tendência compensadora 
        desse medo. Que medo é esse? É o horror que temos de nós 
        mesmos, dos nossos próprios instintos, aparentemente soterrados 
        no Hades íntimo de cada um e de todos, mas prontos para dar o bote 
        e mostrar suas presas ensangüentadas. 
O 
        medo do monstro imaginário debaixo da cama, o do morador da favela, 
        o do PCC nosso de cada dia, o do estrangeiro de cor, interesses e costumes 
        diferentes é igualmente o medo da emersão dos próprios 
        demônios interiores e da remoção das barreiras construídas 
        para ajudar a crer que se é mais diferenciado dos animais do que 
        na realidade. Plutão está, todos os dias, em nossos mapas 
        individuais e nos mapas de grandes instituições, nos lembrando 
        disso. O mesmo sentimento que fazia o público de 30 ou 40 anos 
        atrás sentir medo do lobisomem e do vampiro nas telas do cinema 
        (lembrando que ambos possuem presas e aspecto animalesco) é o que 
        faz suar frio o espectador de filmes de suspense atuais, que ri do folclore 
        vampiresco, mas aterroriza-se com o invasor, estuprador, assassino-açougueiro 
        perseguido pelo policial determinado. Medos compensados pelo imaginário 
        ou medos à flor da pele, como o das ruas de São Paulo e 
        do Rio de Janeiro, são transformados, no discurso, em expressões 
        marciais, mas, sobretudo, plutonianas: "esses bárbaros, selvagens, 
        incivilizados...".
        
        Ordem jurídico-política internacional e valorização 
        excessiva dos paradigmas da Razão em crise: coisas de Plutão 
        em Sagitário, no momento em que se opõe à sua localização 
        em Gêmeos, na época de proposição de sua existência. 
        Coisa de Plutão prestes a entrar em Capricórnio, ficando 
        em oposição com sua localização em Câncer, 
        quando o mundo viveu a I Guerra Mundial, a Grande Depressão e o 
        crescimento dos antagonismos internacionais juntamente com a fascistização 
        de vários Estados. 
        
        No momento estamos vivendo a crise sagitariana da passagem de Plutão, 
        que coincidiu com sua alteração de status. A partir de 2008 
        podemos ver a eclosão de conflitos mais sérios ou um impasse 
        de tal intensidade entre países membros das Nações 
        Unidas que pode forçar uma rediscussão radical da ordem 
        político-econômica mundial. Plutão faz seu primeiro 
        ingresso em Capricórnio em 25 de janeiro de 2008, ainda sem estabelecer 
        aspectação muito tensa com outros planetas (ou com planetas 
        propriamente ditos). Entretanto, o mesmo ocorreu em 1914, quando de sua 
        entrada em Câncer. Em ambos os casos Plutão fica conjunto 
        a Vênus. Em 14 de junho de 2008 o planeta anão retrograda 
        para zero grau da cabra-peixe, já apresentando aspectos tensos 
        (oposições) com o Sol e com Vênus, mas mantendo um 
        trígono com Saturno. A partir de 26 de novembro de 2008, Plutão 
        novamente estará no grau zero de Capricórnio, agora em movimento 
        direto. 
        
        As tensões referentes a Plutão recrudescem em meados de 
        2009, mais ainda na segunda metade do ano, quando Plutão recebe 
        uma quadratura de Urano em setembro, outra de Saturno. Esses aspectos 
        consolidam-se em 2010, na primeira metade do ano, onde outra onda de crises 
        internacionais pode vir à tona. 2008, 2009 e 2010 tendem a ser 
        anos nos quais a ação bélica internacional pode atingir 
        níveis ainda mais críticos dos que o que vemos atualmente, 
        caso não seja possível estabelecer um novo conjunto de regras 
        na política entre os países e uma distribuição 
        menos desigual dos direitos e recursos. 
        
        No mapa dos Estados Unidos, Plutão em trânsito fará 
        oposição a Vênus radical daquele país. Seria 
        o indício de uma nova bolha econômica a explodir? Existe 
        essa possibilidade, embora não se possa saber de que modo poderia 
        sobrevir. Entretanto há uma outra, mais forte, de crise entre os 
        EUA e seus aliados. Há, portanto, uma possibilidade de rupturas 
        de relações entre o Tio Sam e um ou mais dos países 
        considerados atualmente como aliados ou parceiros.
Já esperando a maré de questionamentos da imprensa, do público, dos clientes, dos amigos, dos parentes e de quase todos os que desconhecem as diversas formas de praticar a interpretação astrológica, respondo por antecipação: essa mudança de status de "Plutinho" não altera em nada aquilo que fazemos, faremos ou o que já foi feito nesse sentido.
Se você ainda duvida do fato de que a alteração conceitual a respeito de Plutão não implica alteração de sua interpretação, experimente verificar em seu próprio mapa as épocas em que ocorreram aspectos tensos (quadratura, oposição) de Plutãozinho com os demais planetas e ângulos. Ou, ainda, procure descobrir em que época de sua vida a Lua em progressão secundária formou uma quadratura, uma oposição ou uma conjunção com esse... ahamm... planetinha. Eis alguns exemplos de casos muito bem conhecidos. Pouco importa se Plutão é planeta ou planeta anão. Veja e decida você mesmo:
As épocas de nossas vidas dominadas por importantes ativações de Plutão, seja ele planeta ou qualquer outra coisa, sempre vêm acompanhadas de experiências intensas e radicalmente modificadoras das percepções e condições nas quais nos encontramos. Não há motivo para celeuma: ele continuará sendo um símbolo de crise, morte, renascimento, cura, mudança de perspectivas, expurgo, enfim, de tudo aquilo que reside no inconsciente, seu reino, o Hades nosso de cada dia e de cada geração. Se Plutão fosse uma pessoa de carne e osso provavelmente estaria se lixando neste momento para sua alteração de status, se é que podemos usar de eufemismos quando se trata dele.
Leia também em Dossiê Plutão:
Limpeza de órbita 
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