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Um olhar brasileiro em Astrologia
 Edição 172 :: Outubro/2012

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MEMÓRIA DA ASTROLOGIA BRASILEIRA

Nos tempos da Astroscientia

Redação

A Astroscientia, fundada na Zona Sul do Rio de Janeiro em meados dos anos 80, foi até hoje o caso mais bem sucedido de ensino presencial de Astrologia no Brasil. O que explica o sucesso dessa escola, cuja fase de apogeu se estendeu de 1987 a 1993?

Astroscientia fachadaVisão atual da fachada da casa onde funcionava a Astroscientia em Laranjeiras.

Despertando crescente interesse desde meados dos anos 70, a Astrologia viveu no Brasil um verdadeiro boom durante a década de 1980. O fenômeno se deveu a uma conjugação de causas, que foram desde a onda da contracultura até a maturação de um mercado consumidor disposto a investir em cursos rápidos o dinheiro que não valia a pena depositar na poupança ou apostar na ciranda financeira. Eram tempos de inflação galopante e, paralelamente, de abertura de espaço para propostas alternativas nos meios de comunicação de massa. As propostas ambientalistas ganhavam terreno, os restaurantes naturais nasciam aqui e ali, seitas exóticas disputavam adeptos com as religiões tradicionais e todo mundo parecia já ter feito sua carta astrológica.

Foi no meio dessa efervescência cultural que a Astroscientia surgiu no exclusivo bairro do Leblon, reduto da alta classe média carioca. Não foi a primeira escola de astrologia da cidade - muitas outras disputam esta primazia - mas certamente a primeira a trabalhar com cursos simultâneos e salas lotadas.

Para lembrar um pouco da história da Astroscientia, Constelar entrevistou Cláudia Fróes, sua fundadora; Celisa Beranger, que começou como aluna e tornou-se coordenadora da escola alguns anos depois; Mihail Lermontov, na época estudante de Astrologia; e os depoimentos de Carlos Hollanda e Fernando Fernandes, professores em escolas concorrentes.

CONSTELAR - Quando começou a Astroscientia?

CLÁUDIA FRÓES - A Astroscientia foi fundada em 1986. Creio que foi em outubro, logo depois do congresso de Astrologia no Hotel Nacional. Inicialmente a escola funcionou no Leblon. Por volta de três anos depois, em 1989 ou 1990, mudou-se para Laranjeiras.

CelisaCELISA BERANGER - A Astroscientia foi constituída em 24 de dezembro de 1984 às 13h26 (guardei os dados). Na ocasião o dono não era o Érico, mas Cláudia Fróes e o marido. A celebração dos 10 anos foi com um grande evento na Assembléia Legislativa. Talvez a Marcia Mattos saiba mais a respeito. 

CONSTELAR - Quantos alunos a Astroscientia chegou a ter simultaneamente? Quando foi o auge?

MIHAIL LERMONTOV - Acredito que foi no início dos anos 90.

CELISA BERANGER - A escola não teve papel importante apenas na metade final dos anos 80, mas também no começo da década seguinte. O auge foi extamente entre o final dos 80 e começo dos 90, após a mudança para Laranjeiras, na Rua Sebastião Lacerda nº 12. Creio que a mudança ocorreu no segundo semestre de 1988. O número de alunos era da ordem de 150.

CLÁUDIA FRÓES - No tempo do Leblon havia por volta de 150 alunos. Eram 100 alunos regulares e mais uns 50 rotativos.

CELISA BERANGER - Já em Laranjeiras eram quatro salas de aulas simultaneas e havia um fabulosa biblioteca que ninguém sabe que fim levou. Lembro-me de ter ministrado cursos extras para 40 alunos e ter que repeti-los para outros 30.

CONSTELAR - A Astroscientia foi desde o primeiro momento uma escola com currículo extenso e estruturado, à semelhança de um curso superior?

CELISA - Inicialmente não havia um currículo, ele foi obra do Érico Vital Brazil (que assumiu a escola em sua segunda fase). Aos poucos o currículo foi sendo aumentado.  

Eduardo MaiaCLÁUDIA FRÓES - Nos primeiros tempos o forte eram os cursos com Eduardo Maia (foto), ainda no Leblon.

CONSTELAR - Ele era o único professor popular nos primeiros tempos?

CLÁUDIA FRÓES - O Val (Valdenir Benedetti) começou a dar cursos a partir de 1987. Também lotava a sala, só perdia em público para o Eduardo Maia. Outros professores muito populares eram Cid de Oliveira, Olavo de Carvalho, Marcia Mattos e Claudia Lisboa.

CONSTELAR - Como era a inserção de Valdenir Benedetti na Astroscientia? Ele ministrava matérias curriculares, em aulas semanais? Ou vinha ao Rio ocasionalmente para oferecer seminários "extracurriculares"?

MIHAIL LERMONTOV - Acho que Val somente vinha ao Rio periodicamente, para oferecer cursos avulsos.

CELISA - Valdenir ministrava cursos rápidos nos tempos do Leblon. Não me lembro de cursos dele em Laranjeiras. Não assisti nenhum, mas me lembro que sua cotação era muito boa e os cursos ficavam lotados. 

CONSTELAR - O que caracterizava o estilo de Valdenir como professor?

MIHAIL LERMONTOV - Val tinha uma didática fabulosa e era muito carismático. Conseguia manter um bando de mulheres com rédea curta. 

CONSTELAR - E como foi sua trajetória na Astroscientia, Celisa?

CELISA BERANGER - Estudei na Astroscientia do Leblon e terminei em Laranjeiras. No segundo semestre de 1989 me tornei professora e, em 1994, coordenadora juntamente com Claudia Castello Branco. Celi Vital Brazil, mãe do Érico, era quem cuidava da administração da escola. Ela faleceu no início deste ano (2012).

CONSTELAR - Nos anos 90 Celi não morava em Curitiba?

CELISA - Realmente, depois que acabou a Astroscientia Celi foi morar em Curitiba com um dos filhos, mas que eu saiba já havia deixado a Astrologia. Que eu saiba também, Celi não participou como astróloga em eventos de outras escolas, nem no Rio nem em outro lugar.

CONSTELAR - Vocês podem recordar o nome de alguns astrólogos hoje em atividade que estudaram na Astroscientia?

MIHAIL LERMONTOV - Só consigo me lembrar de Mina Kreimer. 

CELISA BERANGER - Há diveras astrólogas em atividade que estudaram lá:  Ameilde Pereira Quinhões, Ana Lucia Ferreira Ribeiro da Silva, Lucia Xavier, Marilda Goulart, Mary Silva Barbosa,  Regina Fernandes e seguramente muitos outros que não estou lembrando agora. 

 

Vídeo artesanal disponível no Youtube mostrando uma comemoração dos alunos da Astroscientia em dezembro de 1990. Você consegue reconhecer alguém? Utilize os comentários e diga quem é quem!

CONSTELAR - Houve quem cumprisse o currículo inteiro, com todos os requisitos?

CELISA BERANGER - Em 1996, quando da celebração dos 12 anos, na própria escola, coordenada na época por mim e por Celi, foram entregues os primeiros certificados de conclusão do curso, creio que com 800 horas de estudo. Nesta ocasião Érico estava morando em Paris. 

CONSTELAR - Havia a expectativa de que um dia o curso fosse reconhecido como uma faculdade?

CELISA BERANGER - Em 1994 Érico fez contato com o Ministério de Educação para estudar a viabilidade do reconhecimento da escola e do curso, mas a pretensão não era de nível universitário. Uma pessoa do Ministério visitou à escola e as exigências foram muito grandes, não apenas em termos de currículo, mas também quanto à utilização do espaço. 

CONSTELAR - Quais eram as outras opções de curso de Astrologia no Rio de Janeiro entre 1984 e 1990?

MIHAIL LERMONTOV - Note que eu só assistia as aulas do Val e nada mais. Tive maior contato com a Astroscientia devido ao marido da Claudia ser, na época, diretor da Nuclebras - onde eu trabalhava.

FERNANDO FERNANDES - Lembro que em meados dos anos oitenta o Pedro Tornaghi anunciava um curso chamado E La Nave Voa, em Copacabana. Havia cartazes dele em todos os barzinhos da Zona Sul. Em Copacabana funcionava também a Escola Assuramaya, que tinha um público certo desde os anos 70. Eu dirigia a Coovida, uma cooperativa de cursos e atendimentos na área de medicina natural. Funcionou no Centro do Rio entre 1984 e 1987. No início de 1988 mudou-se para o Largo do Machado, com cursos de Astrologia e Yoga. Os cursos da Coovida sempre fizeram a ponte entre Astrologia, Saúde e Meio Ambiente. Editávamos o jornal Outra e fazíamos militância ambiental. Em 1992 a Coovida foi assumida por um grupo de médicos e passou a dedicar-se exclusivamente a projetos de Fitoterapia. Havia também o curso de Paulo Duboc...

Olavo de CarvalhoO polêmico Olavo de Carvalho foi um dos professores da Astroscientia. Atualmente está afastado da Astrologia e defende ideias políticas conservadoras.

CARLOS HOLLANDA - O nome do curso do Duboc era ITEM (Instituto de Estudos Metafísicos) até 1990. Passou a ser Astro-Síntese em 1991. Funcionou na Barata Ribeiro, inicialmente na casa do próprio Paulo Duboc, e depois na Siqueira Campos, esquina com a N. S. de Copacabana. Eu comecei em 1990, participando como estudante e auxiliar, e em 1991 passei a dar aulas de curso básico. Pela Astro-Síntese demos aulas também na faculdade Estácio, onde dei minha primeira aula (quase morri de terror por ter que enfrentar timidez e uma turma de 50 pessoas no lugar do Duboc, que dizia estar doente naquele dia). Em 1988 eu fazia mapas, mas não dava aulas. Meu vínculo com o projeto do Duboc se deu em 1990, logo após ele fazer meu mapa e eu assistir um de seus cursos na Estácio. Quem teve a idéia de me tornar professor foi o Duboc, que não me treinou, na verdade, me empurrava pras "fogueiras" repentinamente para que eu "pegasse no tranco", dizia ele.

CONSTELAR - Quem mais trabalhou com o Duboc?

CARLOS HOLLANDA - Deram aulas esporádicas lá o Marcelo Baglione e o Emanuel Tadeu Borges. A Astro-Síntese funcionou até 1994, quando o Duboc decidiu morar em Valença. Em 1993 eu me mudei pra Sampa. A escola, que não tinha um suporte financeiro sólido ou apoio de outras fontes, foi severamente afetada pelo plano Collor. Com a procura menor a melhor opção foi atuar noutras áreas e continuar me aperfeiçoando até onde fosse possível.

FERNANDO FERNANDES - Havia ainda o curso da Claudia Lisboa, que mantinha uma espécie de grupo de estudos permanente, em Laranjeiras. E Anna Maria Costa Ribeiro, que tinha sua escola em Copacabana, e Martha Pires Ferreira, dando aulas no alto de Santa Teresa...

CELISA BERANGER - Com relação às escolas você esqueceu apenas a da Maria Eugênia de Castro, que naqueles tempos ainda fazia formação.

CONSTELAR - Nos anos 90, o panorama no Rio mudou. O polo de Astrologia migrou para a Barra e a escola mais ativa durante vários anos passou a ser a Astro*Timing, de Otávio Azevedo e Paula Salotti, que mereceria um artigo à parte. E a Astroscientia, até quando durou?

CELISA BERANGER - Não tenho a data exata do fim, mas creio que foi em 1998, já em outro endereço, na Praia do Flamengo.

CONSTELAR - A Astroscientia tem, portanto, uma trajetória que vai de 1984 a 1998. Grosso modo, corresponde aos 14 anos do trânsito de Netuno em Capricórnio, que trouxe à Astrologia um projeto de estruturação e um desejo de respeitabilidade. Em poucas palavras, o que explica o sucesso da Astroscientia naqueles anos iniciais?

CLÁUDIA FRÓES - Acho que simplesmente estávamos lá no lugar certo e na hora certa.

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