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Um olhar brasileiro em Astrologia
 Edição 168 :: Junho/2012

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HISTÓRIA ASTROLÓGICA DA ENERGIA NO BRASIL

Bye, bye, Amazônia...

Fernando Fernandes

No que depender de Saturno, Urano e Plutão, a exuberância selvagem dos rios amazônicos está definitivamente condenada. Os encontros anteriores desses planetas sempre impulsionaram o país a buscar energia a qualquer custo - não importa quantas árvores ficassem pelo caminho.

Belo Monte

A curva do Rio Xingu onde surgirá o reservatório de Belo Monte. Sob a configuração Saturno, Urano e Plutão de 2010, o Brasil decidiu sacrificar um de seus últimos paraísos naturais.

Os ciclos Urano-Plutão, Saturno-Urano e Saturno-Plutão têm muito a ver com a questão energética no Brasil. Um rápido apanhado histórico permite observar que as conjunções, quadraturas e oposições entre os três planetas sempre acompanham os principais acontecimentos - tanto os grandes avanços quanto as grandes crises - relacionados à geração de energia, aos avanços tecnológicos e aos eventuais colapsos de abastecimento em nosso país.

MauáO ano de 1851 foi muito especial, do ponto de vista astrológico. Foi quando ocorreu a raríssima tripla conjunção Urano-Plutão-Saturno, no final de Áries e no início de Touro. Foi exatamente nesse momento que o empreendedor Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, fundou a Companhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro. No ano seguinte, com os três planetas ainda desfazendo a conjunção, Mauá funda a primeira estrada de ferro brasileira. Estava aberto o caminho para a modernidade, movido pelo aproveitamento industrial da melhor fonte de energia então disponível, o carvão.

Em 1859 o imperador Pedro II visitou a Bahia e conheceu de perto a cachoeira de Paulo Afonso, no Rio São Francisco. O imperador, impressionado com os 80 metros de queda d'água, logo percebeu o potencial energético da região, ordenando a realização de estudos de viabilidade. Nos céus, naquele momento, Saturno formava quadratura com Plutão. Contudo, a tecnologia da época ainda era insuficiente para obra de tal porte. Seria preciso esperar quase um século.

Em 1867, com Saturno oposto a Plutão, o Barão de Mauá inaugura a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, obra de engenharia extremamente complexa, dada a necessidade de superar a barreira do Serra do Mar. A nova ferrovia impulsionou fortemente as exportações de café, na medida em que transferiu para as locomotivas a vapor o esforço que, até então, ficava por conta de obsoletos veículos movidos a tração animal. Por outro lado, os gastos com a construção minaram de vez as finanças da corporação dirigida pelo Barão, que inicia aí sua derrocada.

Serra do Mar

A ferrovia vence a Serra do Mar: um triunfo da engenharia e a superação da tração animal pela máquina a vapor. Saturno estava oposto a Plutão.

Em 1873 ocorre a oposição Saturno-Urano. Dois anos depois, Saturno entra em quadratura com Plutão. O Barão de Mauá, "motor" da industrialização nacional, é obrigado a pedir uma moratória de três anos a seus credores. A partir daí, começa a desfazer-se de seus empreendimentos um a um. O sonho de uma indústria nacional formada a partir de capitais e administração nativos terá de ser adiada por várias décadas.

Em 1883, nova conjunção Saturno-Plutão, em Touro. Nesse ano foi construída a primeira usina de geração de eletricidade no Brasil: a termelétrica de Campos (RJ), movida a carvão. Logo em seguida, em 1885, surgiu a primeira hidrelétrica, no Ribeirão do Inferno, um afluente do Jequitinhonha (Diamantina, Minas Gerais). Na ocasião, Saturno formava quadratura minguagem com Urano.

Ribeirão do Inferno

A pequena usina de Ribeirão do Inferno, surgida sob uma quadratura Saturno-Urano.

Tudo começou na cidade mineira de Diamantina. Foi lá que em 1883 entrou em operação a primeira usina hidrelétrica do Brasil, situada no Ribeirão do Inferno, um afluente do rio Jequitinhonha.  A usina, do tipo fio d’agua, foi instalada em uma queda bruta 5 m e possuía apenas dois dínamos Gramme, com 4 e 8 HP, que geravam energia capaz de movimentar bombas d’água para desmonte das formações nas minas de diamante.

Para entender a importância de um projeto deste tipo no Brasil, vale lembrar que o francês Aristides Berges aproveitou pela primeira vez a força hidráulica para gerar energia elétrica apenas 16 anos antes (...) a pequena Ribeirão do Inferno detinha outro grande feito para a época: possuía a maior linha de transmissão do mundo, com 2 km de extensão.

Em 1897, Saturno e Urano formam conjunção em Escorpião. A configuração testemunha o nascimento de uma nova era na geração de energia no mundo:

O acionamento do primeiro sistema de conversão de hidroenergia em energia elétrica do mundo ocorreria somente em 1897 quando entrou em funcionamento a hidrelétrica de “Niágara Falls” (EUA) idealizada por Nikola Tesla com o apoio da Westinghouse. De lá para cá o modelo é praticamente o mesmo, com mudanças apenas nas tecnologias que permitem maior eficiência e confiabilidade do sistema (fonte: Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/)

A novidade introduzida na usina de Niagara Falls foi a conversão de hidroenergia em corrente alternada, permitindo um aproveitamento mais racional dos recursos hídricos e sua distribuição para locais mais distantes. Basicamente, é o mesmo modelo adotado nas hidrelétricas brasileiras, com alguns aperfeiçoamentos tecnológicos.

Até a década de 1940 o Brasil contava apenas com usinas de pequeno porte. A sequência das grandes hidrelétricas brasileiras foi iniciada com a construção da usina de Paulo Afonso I, no Rio São Francisco, em 1948, quando Saturno-Plutão encontravam-se ainda em órbita de conjunção em Leão, separados por apenas quatro graus. Paulo Afonso, uma obra que superou desafios inéditos na engenharia do país, representou um marco na política energética nacional, abrindo caminho para a industrialização e estimulando estudos para a construção de outras usinas de grande porte, como Itaipu.

A origem remota da Usina de Itaipu, segunda maior do mundo em capacidade instalada, é a Ata do Iguaçu, um acordo firmado em 22 de julho de 1966, entre Brasil e Paraguai, quando Urano e Plutão estavam quase em conjunção partil (exata) em 16º de Virgem, com órbita de apenas 24 minutos.

Já a formação do reservatório iniciou-se em 12 de outubro de 1982, sob outra conjunção não menos importante: Saturno-Plutão em Libra.

Outra usina brasileira relacionada ao ciclo Urano-Plutão é a de Ilha Solteira, terceira maior do país, cuja construção foi decidida em 1965, quando os dois planetas estavam conjuntos em Virgem.

Relacionada, por outro lado, ao ciclo Saturno-Plutão encontramos a usina de Xingó, no Rio São Francisco, entre os estados de Alagoas e Sergipe, inaugurada em 1994 quando da quadratura entre os dois planetas.

Dodge PolaraO primeiro carro a álcool brasileiro foi um Dodge Polara (foto), que começou a rodar exatamente sob uma quadratura Saturno-Urano.

Fora da área da geração de eletricidade, mas ainda relacionada à questão energética, temos em 14 de novembro de 1975 a criação do Pró-Álcool, Programa Nacional do Álcool, cujo objetivo era substituir a gasolina como combustível veicular. O Pró-Álcool foi o ponto de partida para a posterior geração de eletricidade a partir da bioenergia, uma solução sustentável que tende a ganhar mais espaço no futuro.

O mapa da criação do Pró-Álcool (abaixo) mostra claramente a quadratura minguante Saturno-Urano.

Pró-Álcool - carta solar

Criação do Pró-Álcool - carta solar calculada para as 12h de 14.11.1975 - Brasília, DF.

Os exemplos poderiam ir mais além, mas já são suficientes para confirmar o essencial: Saturno-Urano, Saturno-Plutão e Urano-Plutão são os três ciclos a considerar quando estudamos a questão energética brasileira, especialmente quando o que está em pauta são a exploração dos recursos hídricos e os projetos desenvolvimentistas que tornam possível a tecnologia necessária às obras de porte gigantesco.

Nos últimos quinze anos, três eventos colocaram em cheque a capacidade de o Brasil gerar de forma segura a energia suficiente para sua necessidades: os apagões de 1999 e 2009 e a crise de abastecimento de 2001, que obrigou à adoção de racionamento em vários estados. Esses três momentos são analisados em outro artigo. Fato inegável é que tais ocorrências deram mais força aos partidários da opção desenvolvimentista, que, em confronto com o parecer de ambientalistas e da comunidade científica, defendem o pleno aproveitamento do potencial hídrico da Amazônia, com a construção de usinas gigantescas nos rios Xingu, Tapajós e Madeira. Para não fugir à regra, o debate ganhou força ao longo de 2009, à medida que Saturno, Urano e Plutão aproximavam-se de uma nova configuração tensa. De todas as obras programadas, a que vem provocando mais polêmica é exatamente a de Belo Monte, no Xingu, em função do pesado custo ambiental e humano que acarretará.

Depois de um demorado corpo-a-corpo com os ambientalistas, o governo finalmente ganhou a parada: em 1º de fevereiro de 2010, sob uma quadratura exata Saturno-Plutão, foi publicada a licença do IBAMA para a realização do leilão que determinaria as empresas que responsáveis pela construção da usina. O contrato de concessão de Belo Monte é assinado em 26 de agosto de 2010, sob uma quadratura T envolvendo Urano, Plutão e Saturno.

Belo Monte 2010

Assinatura do contrato de concessão da usina de Belo Monte - carta solar,
sem utilização de casas - 26.8.2010, 12h - Brasília, DF.

As configurações astrológicas, quando analisadas de uma perspectiva histórica, não deixam nenhuma dúvida: desde meados do século XIX, quem sai perdendo nos encontros tensos de Urano, Plutão e Saturno é sempre a natureza. O que predomina nesses momentos é sempre o lançamento de obras faraônicas ou o colapso dos sistemas de abastecimento já existentes, o que dá motivo para a elaboração de novos projetos.

Como Urano e Plutão formarão diversas quadraturas até 2015, e como Saturno iniciará um novo ciclo com Plutão no final da década, os defensores do meio ambiente devem se preparar para novas baixas nos próximos anos. A onda desenvolvimentista continuará com toda a força, por mais míope e insustentável que seja o modelo de desenvolvimento energético hoje dominante. A natureza - ou o que dela sobrar - terá de esperar até a próxima década por dias melhores.

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