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 Edição 163 :: Janeiro/2012 :: -

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EM CIMA DOS FATOS

Clarins de guerra soam na Argentina

Fernando Fernandes

Cristina Kirchner inicia segundo mandato sob um eclipse e quebrando as regras do protocolo. Aprofundou o conflito com o jornal El Clarín e descobriu sofrer de um câncer na tireóide. A Argentina caminha para uma crise institucional?

O protocolo da cerimônia de posse dos presidentes argentinos exige que o empossado jure sobre os Evangelhos cumprir a Constituição com lealdade e patriotismo. A fórmula tradicional, já repetida por dezenas de presidentes argentinos, é:

"Juro por Dios, por la Patria y sobre los santos evangelios desempeñar el cargo de presidente de la nación y hacer observar... la Constitución argentina; si así no lo hiciere que Dios y la patria me lo demanden.”

Cristina Kirchner com bastão presidencialAssim, o mandatário máximo se entrega à vigilância de Deus e da pátria, que poderão cobrar dele qualquer deslize. A novidade introduzida por Cristina Kirchner foi modificar o final da fórmula para “si así no lo hiciere que Dios, la patria y él me lo demanden", sendo que El (ele) refere-se a Néstor Kirchner, seu marido e ex-presidente da Argentina, falecido em 2010. A declaração faz parte de um processo de mitificação política do falecido presidente, num modelo semelhante ao que já ocorrera antes com Juan Domingo Perón e sua esposa Isabelita, que o sucedeu. Outra quebra de protocolo foi quando Cristina recebeu a faixa presidencial de sua própria filha de 21 anos, e não das mãos do vice-presidente Julio Cobos, de quem é inimiga política. E mais: o bastão presidencial, outro símbolo de poder importante na Argentina, não foi transmitido a Cristina, mas literalmente tomado pela nova presidente. Mais ou menos como Napoleão Bonaparte arrancando a coroa imperial das mãos do Papa e coroando-se a si próprio. Além do mais, não custa lembrar que, em todas as culturas, bastões são símbolos do poder masculino, o que dá ao ato de Cristina o peso simbólico de uma usurpação.

O eclipse total da Lua de 10 de dezembro, calculado para Buenos Aires, corresponde a um Ascendente em 4°36’ de Peixes (11h36 da manhã). Apenas meia hora antes da posse, portanto. Na transmissão da cerimônia pela TV argentina as imagens mostram claramente um relógio de parede em dois momentos. No primeiro, quando Cristina e sua comitiva entram no recinto da solenidade da posse, o relógio marca 12h08. Um minuto depois o relógio é focalizado outra vez. Eram 12:09. Medindo o transcurso do tempo a partir daí, temos:

12h10 – O Vice de Cristina, Amado Boudou, começa o juramento.
12h13 – Cristina Fernández de Kirchner formula seu juramento. O Ascendente está agora em 12°15’ de Peixes.
12h14 – Cristina recebe a faixa das mãos de sua filha.
12h15 – Cristina toma e exibe o bastão presidencial. Estava consumada a cerimônia de posse.

Cristina Kirchner tem sua principal base popular num movimento chamado “La Cámpora”, grupo de orientação peronista-kirchnerista com forte presença juvenil. O grupo tem um programa político nacionalista e contrário aos oligopólios de comunicação, especialmente o grupo que edita o jornal El Clarin.

“La Cámpora” surge no início de 2003 (entre janeiro e abril), coincidindo com o momento astrológico do ingresso de Urano em Peixes. Logo depois, em 25 de maio de 2003, assume o presidente Néstor Kirchner, cuja mapa de posse apresenta Urano em 2°45’ de Peixes. É quase uma oposição exata ao Sol do jornal El Clarín, mais importante veículo de comunicação da Argentina e feroz crítico da família Kirchner.

El Clarín surgiu em 28 de agosto de 1945. O horário não é conhecido, mas, como o jornal já nasceu como um matunino (a expressão “diario de la mañana” está estampada acima da logomarca, na primeira edição), o mais provável é que tenha chegado às bancas um pouco antes do nascer do Sol, apresentando, assim, um Ascendente em Leão (mapa especulativo abaixo).

El Clarín

Carta especulativa para o jornal El Clarín - 28.8.1945, 6h - Buenos Aires, Argentina.

O Clarín é um diário com vocação para a crítica e a investigação (Sol em Virgem), o que tende a desagradar governos autoritários. Sua Lua está em Touro, provavelmente na casa 9, indicando um ponto de vista conservador e uma identificação com as camadas da sociedade detentoras de capital. Urano em conjunção com Marte no signo da comunicação – Gêmeos – mostra uma disposição combativa e o gosto pelas inovações tecnológicas. O grupo El Clarín vai hoje muito além do jornal, controlando também canais de televisão e o portal jornalístico na internet mais acessado em língua espanhola (o que não é pouco, considerando que concorre com poderosos veículos espanhóis e mexicanos).

Interessante observar que Cristina Kirchner tem seu Plutão natal exatamente sobre o Mercúrio do Clarín, indicando uma decidida disposição para controlar (Plutão) as informações (Mercúrio) veiculadas pelo jornal. O Ascendente de Cristina está sobre a Lua do Clarín, mostrando como o jornal é sensível à atuação da presidente. Nesta relação, é ela que tem o papel ativo. Os Sóis da presidente e do jornal, como seria de se esperar, estão em oposição no eixo Peixes-Virgem.

Cristina Kirchner carta natal

Cristina Kirchner, carta natal - 19.2.1953, 12h15 (-03:00) - La Plata, Argentina.

Os trânsitos de 2012 vão botar mais lenha na fogueira desse conflito. Primeiro, teremos o ingresso de Netuno em Peixes, formando conjunção ao Sol de Cristina e deixando-a mais vulnerável a escândalos, ausência de foco e ações equivocadas decorrentes da perda do senso de limites. Este mesmo trânsito é considerado, em Astrologia Médica, um indicador de imunodepressão e risco de intoxicação, estando relacionado a períodos de vulnerabilidade física. Já com Netuno em órbita de conjunção com o Sol, Cristina recebeu o diagnóstico de câncer na tireóide, o que a levou a afastar-se do governo para tratamento.

Em junho-julho, teremos o momento mais crítico, quando Júpiter ingressar em Gêmeos e ativar ao mesmo tempo o Sol de El Clarín e de Cristina. O imbroglio, que já é confuso, tende a aumentar de magnitude. Para complicar um pouco mais, Cristina terá seu Marte natal alcançado por uma conjunção de Urano e uma quadratura de Plutão: atos impensados movidos por idéias radicais e velhos ressentimentos - ou, em outro nível, risco de uma nova cirurgia, com agravamento do estado de saúde.

A Argentina caminha para uma crise institucional? Provavelmente sim. A mesma configuração Urano-Plutão que afeta o mapa de Cristina em 2012 também atinge Mercúrio em Câncer na carta da Declaração de Independência, em 9 de julho de 1816. Os assuntos de Mercúrio – entre eles a liberdade de imprensa e o direito de locomoção – estarão em risco durante o trânsito.   

Da última vez que Plutão fez aspecto tenso com esse Mercúrio, em 1975, vivia-se a crise da decomposição do regime democrático sob o governo de Isabelita Perón. A crise desembocou num golpe de estado, em 1976, e numa das mais violentas ditaduras da América Latina. Já a última ativação tensa de Urano a Mercúrio radical ocorreu em 1989, num período também turbulento: era o fim do governo de Raúl Alfonsín e a hiperinflação levou a uma crise que abastecimento que deflagrou uma onda de saques a supermercados.

A propósito: o novo vice-presidente Amado Boudou, que assume o poder no lugar de Cristina menos de um mês após a posse, nasceu em 19 de novembro de 1963, em Buenos Aires, com o Sol em Escorpião e três planetas rápidos em Sagitário. Dependendo do horário, a Lua pode estar no final do Sagitário ou - bem mais provável - no início de Capricórnio, o que também colocaria o mapa de Boudou na linha de tiro do trânsito de Urano que também afeta os mapas de Cristina e do país.

Quaisquer que sejam os desafios atuais, o ano de 2012 será um bom teste para a democracia argentina e para a capacidade de sobrevivência política de Cristina Kirchner. Vamos torcer para que nossos vizinhos aguentem o tranco.

Leia também: Cristina Kirchner, a posse sob o eclipse, de Patrícia Kesselman.

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