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MEMÓRIA DA ASTROLOGIA BRASILEIRA
Danton de Souza,
um astrólogo pioneiro
Angela Schnoor

Danton de Souza começou a estudar Astrologia por volta de 1930. Trinta anos depois já tinha domínio de Astrologia Mundial suficiente para apresentar trabalhos em Paris e trocar impressões com André Barbault e Alexandre Volguine. Seu livro Predições Astrológicas, de 1982, consubstancia mais de 50 anos de estudos.

Aconteceu nos idos de 1920, no pequeno lugarejo do interior mineiro chamado Espera Feliz. A cidade, ao que parecia, atraía, com esse nome, a permanência pacata da maioria de seus moradores, exceto a daquele garoto de dezesseis anos que sonhava com outra felicidade que nada tinha a ver com esperar, ali, que a vida passasse.

Família modesta, muitos irmãos e, embora o pai fosse o responsável pelo único cartório do lugarejo, a família era devotada aos afazeres do lar. Ele se relacionava bem com todos e com o lugar, mas queria mais! Sua curiosidade crescia junto com as pernas adolescentes, aflitas por ganhar o mundo.

Devorou o curso primário e, enquanto os irmãos ficaram satisfeitos e acomodados, ele fazia planos pra si mesmo, procurando informações aqui e ali que indicassem um rumo certo para seus projetos de menino.

Os dias passavam lentos, mas o tempo sempre chega e, agora, já tinha idade suficiente para empreender sua jornada. Na estação esperava, agarrado aos poucos pertences, o trem que o levaria a seu destino. Soubera que, numa cidade distante, mais desenvolvida, havia uma escola onde poderia saciar seu desejo de aprender, crescer, tornar-se alguma coisa mais que um simples interiorano pacato e ignorante. Tinha sonhos bem definidos e acreditava neles!

Era naturalmente sociável e queria alcançar independência, assegurando seu sustento através do próprio trabalho. A viagem não lhe pareceu longa, tal era a ansiedade do chegar!

Uma vez apeado do trem continuou caminhando, perguntando aqui e ali, onde ficava a escola. Já se imaginava aprendendo coisas novas, conhecendo pessoas, lendo livros. Os sonhos, alimentando a alma, disfarçavam o cansaço e a fome. Enfim avistou o prédio! A ansiedade crescia à medida em que se aproximava dos portões e entrava, procurando pelo Senhor Diretor.

Afinal, o diretor o recebe e, então, pode expor a ele seus sonhos e desejos. Queria estudar mais e ali estava, disposto a enfrentar o que fosse pela realização de seu destino.

Uma rua de Espera Feliz, fronteira entre Minas Gerais e Espírito Santo. A foto é de 1984, mas as casas são, na maioria, do início do século.

Surpresa ruim! Decepção momentânea! Não havia mais vagas para aquele ano! Mas, ao findar o período, haveria uma possibilidade, pois um dos alunos iria de mudança para outra cidade. O que fazer até lá?

O diretor o examina. Vê as mãos endurecidas pelo trabalho e o brilho esperto do olhar. Percebe num segundo, pois era conhecedor de jovens, a situação precária do rapaz e seu ardor pelos estudos.
Pensa rapidamente e, com delicadeza, lhe faz uma proposta: a escola precisa de faxineiro. Caso ele não se incomodasse, poderia ficar morando na escola e trabalhando enquanto esperaria sua vaga para estudar.

Essa seria realmente uma espera feliz, pensou um segundo antes do sim, seguido da confissão de que seria impossível não aceitar a proposta, até porque não tinha um tostão sequer para voltar pra casa!

Com sua meta certeira e a autoconfiança, tinha trazido, apenas, a visão de futuro e a passagem de ida!

Desta forma, completou seus estudos e acabou, mais tarde, formando-se em Direito. Advogou, conseguiu seu sustento, constituiu família e ainda deixou bens para seus filhos. Bem sucedido nas leis e na vida, aos vinte e seis anos voltou sua sede de saber para o estudo da Astrologia, tornando-se um dos pioneiros da profissão no Brasil, participando inclusive de estudos e conferências em Paris. Em 1982, publica o livro Predições Astrológicas, voltado para o estudo da Astrologia Mundial.

Este corajoso e determinado rapaz chamava-se Danton Pereira de Souza e nasceu em 26 de maio de 1904, às 10h58, em Espera Feliz, MG. Esta história me foi contada por seu filho e meu amigo, o psicólogo, professor e psicoterapeuta Cid de Souza.

Veja na seqüência uma interpretação do mapa de Danton de Souza.


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