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ASTROLOGIA E PSICOLOGIA JUNGUIANA
A crise dos 40

Tereza Kawall
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Ciclo de Urano (oposição)

No sentido psicológico, Urano traz uma grande inquietação, um tônus de alta eletricidade, que acelera o ritmo da vida, empurrando a pessoa para o novo. Esse trânsito aparece sob a forma de explosões de idéias, insights, projetos, que vão subverter e quebrar padrões condicionantes. É como um processo de oxigenação no mundo mental, que tonifica o espírito, obrigando a pessoa a desamarrar-se de si mesma; há um poderoso desejo de liberdade. Num primeiro momento, esse ciclo tem um efeito desintegrador, e a vida parece estar do avesso. Os primeiros sintomas são: ideais do passado perdem o sentido; os amigos falam um língua incompreensível; o trabalho torna-se sinônimo de resignação. Por vezes, até o casamento, que antes era um invólucro protetor, passa a ser visto como uma prisão de obrigações sem fim.

Urano de fato, nos torna mais lúcidos e inquietos; os questionamentos explodem: "Onde foram parar a magia das antigas paixões e das descobertas?" "Anos de trabalho e dedicação só para isso?" "Minha vida é um tédio, chega de segurança!" Frustrações, amores da juventude e sonhos não realizados vêm ao nosso encontro, pedindo atenção. Não querem justificativas, querem espaço e experiências reais. O alarme toca: atenção, você vai crescer!

Observa-se, próximo aos 40 anos, uma crescente mudança de interesses ou um "deslocamento de propósitos". Muitos homens voltam-se para um lado mais feminino da sua natureza, dando mais importância aos sentimentos, às relações íntimas ou à própria família. Tornam-se mais receptivos, necessitando de um maior contato com a sua subjetividade, seu mundo interior. Os interesses sociais e profissionais e o sucesso já não os satisfazem como antes; evidentemente essa percepção causa um certo desconforto.

Por outro lado, nessa idade, a mulher, a "âncora invisível do lar", cuja identidade estava, muitas vezes, projetada só na função materna e familiar, provendo e educando, começa a buscar um movimento contrário ao do homem. Precisa extroverter os seus interesses, ir para o mundo, buscar lá fora outros referenciais, uma nova identidade.

Não é o peso dos 20 anos de casamento que torna as pessoas infelizes, mas sobretudo entrar na meia-idade numa cultura de culto à juventude com a falsa expectativa de que os papéis e regras, os sonhos e os ideais que podem ter servido para a primeira metade da vida serão levados para a segunda. Não serão, nem podem ser. A segunda metade da vida deve ter o seu próprio significado. De outra forma, será pouco mais do que uma mirrada e patética imitação da primeira). [SHEEHY. Passagens, ed. Francisco Alves.]

URANO

A descoberta de Urano, em 1781, coincidiu com a época de duas grandes mudanças políticas no mesmo período, as revoluções Francesa e Americana, ambas envolvendo idéias de igualdade e liberdade. Coincide também com o início da Revolução Industrial, que deu início à era tecnológica do século 19. Surgiam então novos impulsos que mudavam a consciência humana, ampliando possibilidades tanto no setor social quanto no político e científico.

Urano é o primeiro planeta situado após a órbita de Saturno, que representa as estruturas definidas e o universo organizado. Urano é a utopia, o vir a ser; representa progresso, e todas as formas de tecnologia que acabam por desvendar os mais complexos mistérios da natureza. Tem como função romper as barreiras do passado e inovar, acelerando e desafiando as barreiras das tradições. Estão a ele associados a ciência e tecnologia, as conquistas espaciais, a física quântica, a rapidez e a eficiência dos meios de comunicação, a informática, a Internet.

A crise uraniana traz a invariável constatação de que já não somos tão jovens quanto gostaríamos; falta-nos disposição física, e é preciso reconhecer os limites que o tempo impôs. Se um tipo de trabalho, postura de vida ou relacionamento pessoal está bloqueando a nossa evolução pessoal, haverá circunstâncias externas que, de um jeito ou outro, nos obrigarão a mudar.

Isso no caso de haver uma resistência às mudanças iminentes, pois um fato é certo: elas vão ocorrer. Roberto Assagioli, fundador da Psicossíntese, chamou isso de "colaboração com o inevitável", ou seja, tentar aprender e usar esses períodos com mais criatividade, aceitando tanto a luz quanto a escuridão destes momentos. É sempre importante dar uma expressão criativa a esse desconforto, pois toda crise sugere uma oportunidade de crescimento e, seja em que nível for, as rupturas precisam acontecer.

É hora de acionar os recursos internos que estão disponíveis para essa virada. Assim, buscar um outro tipo de trabalho ou hobby, alimentação, hábitos mais saudáveis, estudar algo que sempre se desejou e adequar tempo e prazer para si mesmo são saídas positivas para se atravessar esse período.

Ciclo de Netuno (quadratura)


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