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JÚPITER E LUA NO IMAGINÁRIO POPULAR

O velório de Leandro
e o fantasma de Jânio Quadros

Fernando Fernandes

 

O velório do cantor Leandro tem implicações simbólicas muito mais amplas do que a relação entre o público e um artista de sucesso. A análise astrológica do evento faz emergir um intrincado padrão de reiterações que remete, entre outras associações, à renúncia de Jânio Quadros e às turbulências do governo Collor.

Uma série de coincidências transformou o velório do cantor Leandro num grande acontecimento nacional. Leandro faleceu nos primeiros minutos do dia do jogo do Brasil contra a Noruega pela Copa do Mundo, quase um feriado, portanto. O Brasil inteiro estava colado na TV. Mesmo em locais públicos - ao ar livre, em restaurantes e nas praças de alimentação de shopping centers - enormes telões alternavam cenas da França, nas horas que antecederam ao jogo, com imagens do velório em São Paulo. Mais coincidências: o Brasil perdeu o jogo, a comemoração foi adiada e a mídia enfatizou à exaustão a dupla comoção provocada pela derrota na Copa e pela perda de um cantor de grande aceitação popular.

Diante do quadro, algumas perguntas vêm imediatamente à tona: que configurações astrológicas poderiam explicar este efeito amplificador, que deu foros tão dramáticos à morte do artista? Qual o significado simbólico de Leandro para o Brasil?

Segundo dados divulgados na lista eletrônica Universus, Leandro nasceu em Goianápolis, interior de Goiás, às 4h30 do dia 15 de agosto de 1961.

Leandro - 15.08.1961 - 4h30 - Goianápolis, GO - 49w01, 16s30

Se bem que sujeita a alguma imprecisão (é bem provável que tenha ocorrido um arredondamento do horário), a carta resultante é suficiente para a identificação de algumas características básicas.

Analisado isoladamente, seu mapa apresenta uma forte ênfase na casa 2, onde a tripla conjunção de Sol, Mercúrio e Urano no demonstrativo signo de Leão fala da capacidade para tornar-se um dos representantes mais conhecidos dos valores de uma cultura específica - no caso a cultura rural de sua terra de origem, o que é reforçado pela presença de Vênus, regente do Fundo do Céu, em conjunção com o Ascendente Câncer e em recepção mútua com a Lua na casa 3.

Vênus em Câncer junto ao Ascendente explica muito do carisma do cantor, cuja aparência tímida e afetiva fazia contraste com o extrovertido irmão Leonardo. Se bem que a música da dupla fosse tão pasteurizada quanto a de quase todas as duplas pseudo-caipiras que fizeram sucesso nos últimos anos, Leandro passava algo de verdadeiramente interiorano e manteve-se ligado às origens goianas até o final de sua vida. A declaração, transmitida pela TV, de uma mulher de meia idade que compareceu ao velório em São Paulo sintetiza bem esta capacidade de identificação de Leandro com a massa desenraizada que saiu do interior para as grandes cidades:

"Eu também sou do interior. A música dele me fazia lembrar de muita coisa. Aqui em São Paulo não tem nada disso e a gente fica esquecida."

Este, portanto, o papel simbólico de Leandro: devolver à população urbana um pouco da nostalgia (Câncer) de suas origens rurais (regente da 4 na 12 conjunto ao Ascendente), através de um dos elementos da cultura caipira - a música (Netuno na 4 em trígono com Vênus).

Contudo, tal abordagem não explica ainda a comoção nacional em torno da morte do cantor e de seu velório. É preciso ir mais além.

Leandro, Jânio Quadros e a passagem de Plutão em Virgem


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