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ELEIÇÕES 2004

As cartas na mesa em Curitiba

João Acuio

 

João Acuio, em carta aberto ao imaginário personagem Saci Pinheiro (uma espécie de encarnação do curitibano típico), arrisca: Beto Richa ganha a eleição em Curitiba enquanto o candidato do PT, Ângelo Vanhoni, sequer chega ao segundo turno. Alegando motivos éticos, Acuio recusou-se a fornecer os dados de nascimento dos candidatos. Contudo, Constelar correu atrás e descobriu-os em parte no próprio TRE, em parte através de outras fontes. Também temos nossos contatos com o Saci!

Carta aberta a Saci Pinheiro

Saci, como vai? Por aqui tudo bem, dias tipicamente curitibanos, isto é, sem carnaval: ora melancolia regada a frio, ora o sol lembrando que somos tropicais.

A primavera se aproxima. Junto com as flores, a eleição que elegerá vereadores e o próximo prefeito de Curitiba.

Interessante observar aqueles que exercem ou desejam exercer o poder. É tão humano demasiadamente humano que, ao menos em mim, estimula a compaixão.

Sei que quem é da política “de perder um amigo, mas jamais a piada”, deve estar achando graça do horário eleitoral: a moça do disquete, a música do Queen, os gráficos das pesquisas subindo, descendo, subindo, como numa espécie de ereção e frouxidão nas preferências dessa gente que chamamos de povo.

A Curitiba de inverno, com seus tons recatados, esconde personagens como o Vampiro (o mais curitibano de todos, criação do escritor Dalton Trevisan) mas também figuras de carne e osso como INRI Cristo, que se declara o próprio Messias (e tem seguidores fiéis!) e o Oil Man, ciclista exótico que pedala por toda a cidade apenas de sunga e besuntado de óleo da cabeça aos pés. A campanha eleitoral para prefeito e vereadores tem revelado mais figuras exóticas, como, aliás, acontece em todo o Brasil.

Agora, como fazer com que a política seja exercida com riqueza?

Padre Antonio Vieira neles?

Eu sei que você ri com sarcasmo da minha preocupação, segundo você, politicamente correta. Vive me dizendo que vota nulo como os punks do bar do Lino, ou no seu primo. E que não está nem aí para o povo e muito menos aqui para os governantes.

Sei que vai dizer que adora pão, circo e cerveja, não necessariamente nessa ordem, e acha a Astrologia a melhor bobagem já inventada na face da terra. Mas a tua cara de pau é tamanha que não se envergonha em querer ver sempre o seu mapa quando a coisa aperta. Ou quando desaperta. E me desafia até dizer chega que quer-porque-quer saber quem será o próximo prefeito da cidade. Como sou seu amigo e sei que quer apostar uma grana com o meu palpite, vou te responder, Saci sarnento.

Em primeiro lugar, pegue o mapa de Curitiba.

Curitiba, a cidade dos filhos calados

Curitiba, instalação do município - 29.3.1693, 10h LMT - 25s25, 49w15. Este mapa foi retificado por Fernando Fernandes no artigo Curitiba, uma cidade Touro. Há, contudo, defensores de outros ascendentes, como Câncer.

Curitiba nasceu no dia 29 de março de 1693, por volta das 10h, sob a latitude e longitude do Largo da Ordem. Bem, lá vem você com a clássica pergunta: por que este horário? Curto e grosso: não acredito que seja outro. Se fosse mais tarde, um pouco, seria ascendente em gêmeos ou câncer.

Gêmeos não somos. Somos calados até os cotovelos. Quem tem Ascendente em Gêmeos é o Rio de Janeiro. Pode ser Câncer, mas duvido. Não parecemos emotivos, embora sejamos muito apegados ao passado. Mas essa característica encontro no nodo sul em Câncer. Parecemos sim com Touro: fortes e bem alimentados, mudos e elegantes, na rua das flores.

Aliás, Jaime Lerner, para muitos o construtor da cidade, tem Ascendente em Touro, segundo fonte segura. Um sagitariano com Ascendente em Touro (aquela aparência bonachona) e Lua em Capricórnio, aliás, como a querida Curitiba! Como você vê Saci, diferente de você, Lerner tem uma afinidade astrológica impressionante com o mapa da nossa Nossa Senhora da Luz dos Pinhais.

Você, pelo que vem estudando, assim porcamente eu sei, sabe que no mapa de um coletivo, a Lua representa o povo. Então, o povo dessa cidade é Lua em Capricórnio: conservador, ambicioso, respeitador das leis e do poder, enfim, Capricórnio. Chego a dizer que o povo daqui é medroso mesmo. Invernal. Fóbico. Desconfiado. Falo isso correndo o risco de levar uma senhora gelada, eu sei. Mas não falo por mal, Curitiba sabe.

Lua em Capricórnio faz com que tenhamos um sentimento de que Curitiba é uma espécie de mãe madrasta, que só elogia pelas costas. Enfim, essas coisas que se fala à boca pequena e que o Vampiro não cansa de pôr na boca do trombone.

Resumindo e acrescentando, a gente tem um mapa, o chamado mapa natal, e tem o mesmo sendo alterado por trânsitos e direções. Então a gente casa essas duas variáveis: qual é a natureza? (mapa natal) e o que este mapa vem enfrentando? (trânsitos e direções). O resultado desta análise faz a gente entender o que a cidade está querendo, enfim, quais os planetas que estão em jogo na escolha do próximo prefeito.

O inesperado comanda a eleição em Curitiba

Atalhos de Constelar 75 - setembro/2004

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