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OS 500 ANOS DE NOSTRADAMUS

O mapa que explica o profeta

Carlos Hollanda

 

A casa 12 de Nostradamus

Urano está, ainda, conjunto à Parte da Fortuna na casa 12. Típico do posicionamento desta parte arábica na 12 é o paradoxal processo de ascensão e conquista de benefícios em meio a uma situação crítica, sobretudo se ela envolver o sofrimento coletivo, o cerceamento de liberdades, como no caso de escravização de grupos inteiros de pessoas (comuns no tráfico negreiro do Brasil Colonial com a África) ou no caso da ditadura militar no Brasil, que teve em Chico Buarque um expoente da voz dos oprimidos. Chico, cuja Parte da Fortuna está em Virgem e na casa 12, começou a fazer maior sucesso justamente em função da repressão política e da censura a suas músicas, tendo que atuar muito nos bastidores. Tornou-se, graças à repressão, mais forte em suas críticas, já que o povo via nelas uma alternativa para o protesto. Bastidores, aliás, é um dos significados da casa 12.

E o que isso tem a ver com Nostradamus? Ele começou a tornar-se conhecido e a ter sucesso na aplicação de seus conhecimentos médicos justamente quando, aos 22 anos, a Europa torna a ser assolada pela peste (durante grande parte de sua vida ele teve que lidar com a peste). Eis, com bastante propriedade, uma característica da Parte da Fortuna na casa 12, normalmente ligada a instituições de reclusos, como hospitais, sanatórios e penitenciárias (ou masmorras, naquela época). Mas a casa 12 e Peixes também representam nosso vínculo com os socialmente excluídos (ou a tentativa preconceituosa de nossa sexta casa, tão seletiva e tão necessitada de ordem sobre o caos, de evitar esse vínculo).

Desde a antigüidade leprosos e doentes com outros males contagiosos são excluídos, afastados, de forma a manter o restante da sociedade livre da contaminação. Nostradamus, ao contrário, viveu bastante entre os enfermos da peste negra, aplicando seus conhecimentos médicos e de magia de cura, com ervas e com conjuros aprendidos de seus estudos de ocultismo. E passou a ser conhecido e respeitado inicialmente a partir disso. Posteriormente, a prática astrológica e a redação das famosas centúrias, bem como diversos outros escritos com previsões, tomaram a maior parte de seu tempo. O método de trabalho de Nostradamus incluía uma espécie de reclusão em seu sótão, entre livros, observações dos astros, cálculos e, ao que tudo indica, práticas de vidência sobre a água, associadas a transes de onde retornava com espantosas indicações. Tudo de acordo com a Parte da Fortuna na casa 12, em Peixes.

A dimensão jupiteriana de Nostradamus se revela um pouco mais quando se verifica que ele tinha no Meio do Céu (ainda considerando o horário de 12:30) as estrelas fixas Pelagus e Ascella, ambas de natureza Júpiter-Mercúrio. O texto tradicional informa que "haverá boa fortuna e felicidade". Se estivesse conjunta à Lua, a estrela indicaria, segundo o mesmo texto, "novos e influentes amigos, presentes valiosos, amor de mulheres respeitáveis". Mas fazendo uma readaptação do texto e sabendo da natureza Júpiter-Mercúrio da estrela, podemos dizer que esse efeito é muito semelhante a um posicionamento de Júpiter na casa 10, quando o indivíduo recebe benefícios de pessoas de alta hierarquia. Uma vez que Júpiter está conjunto a Saturno, que este último rege o Meio do Céu e que se encontra em Câncer, não admira o fato da rainha Catarina de Médici tê-lo favorecido tanto ao encantar-se com seus prodígios e conhecimentos.

Pelagus, por sua vez, tem, no texto tradicional, uma variedade maior de efeitos, entre eles os danosos, quando conjunta a Mercúrio. Como Nostradamus tinha Mercúrio em conjunção ao Meio do Céu, podemos cogitar a possibilidade de este planeta ter recebido da estrela a mesma característica demonstrada no texto, que é a seguinte:

Alta posição no governo, crítica popular, prosperidade, ansiedade e preocupação com doença da esposa ou da mãe.

De fato, Nostradamus perdera sua primeira esposa, fora bastante criticado e mal-visto pelo povo e pela Igreja (ao contrário das elites não eclesiásticas que viam nele um ser no mínimo curioso e interessante).

A morte pela hidropisia


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