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ASTROLOGIA E RELIGIÃO

A espiritualidade e
a mediunidade no mapa

 

Um evento no Rio de Janeiro discute como a Astrologia
pode ajudar a entender as muitas formas de religação do homem com sua dimensão espiritual.

Palestrantes: Waldemar Falcão, Antonio Carlos Harres, Carlos Hollanda, Angela Schnoor e Fernando Fernandes.

Grandes médiuns, como Chico Xavier, Sai Baba ou Zé Arigó, têm sua sensibilidade e abertura para outros planos de consciência já determinada no mapa de nascimento? Para quem espera encontrar configurações astrológicas raras ou inequívocas, o resultado pode ser um tanto decepcionante. Conforme explica Waldemar Falcão, existem, realmente, alguns indicadores astrológicos de mediunidade, mas são configurações relativamente comuns e que não resultam, necessariamente, no desenvolvimento de capacidades extra-sensoriais. E mais: mediunidade, dependência química, epilepsia e casos de natureza psiquiátrica podem corresponder aos mesmos indicadores, de forma que, ao vê-los no mapa de um cliente, o astrólogo nunca saberá de imediato se está diante de um viciado em crack ou de um sensitivo capaz de realizar curas espirituais.

Na verdade, drogas, transcendência mística, desequilíbrios psíquicos, paranormalidade e doença são facetas diferentes de um mesmo padrão básico de desajuste. A maneira como o indivíduo dá respostas à insatisfação interior e à necessidade de encontrar um novo eixo vivencial é que determinará o significado que dará à própria vida.

Waldemar Falcão enfatiza que mediunidade - como a de Chico Xavier - não é simplesmente um dom, mas fruto de uma escolha e de uma conquista, em que o mapa do nativo interage com as influências do meio - o que inclui a educação, os valores morais e as expectativas da sociedade. Neste sentido, a abordagem astrológica pode ajudar pessoas desajustadas - dadas como "complicadas", cronicamente doentes ou perturbadas - a perceberem que só se sentirão plenamente integradas quando tiverem coragem de assumir manifestações da sensibilidade a que nossa sociedade racional e materialista tende a não dar nenhuma importância.

Waldemar, astrólogo sempre integrado a movimentos de caráter ecumênico, foi um dos palestrantes do seminário Astrologia e espiritualidade: doze caminhos para a fonte que a Casa de Francisco de Assis, promoveu no sábado, 8 de novembro de 2003, no Rio de Janeiro. Além dele, que fez a palestra de abertura, estiveram presentes Antonio Carlos Harres (Bola), Angela Schnoor, Carlos Hollanda e Fernando Fernandes. Foram cinco diferentes enfoques, compondo um painel da moderna investigação astrológica do processo espiritual.

Antonio Carlos Harres, com uma abordagem macroscópica, mostra o que pode mudar nas concepções religiosas e espiritualistas na passagem da era de Peixes para a era de Aquário. Para Harres, o mapa simbólico da era de Peixes, tendo este signo no Ascendente, apresenta também Sagitário - signo da religião organizada e de instituições como o Papado - na casa X. Na era de Aquário, é Escorpião que ocupa a casa X enquanto Sagitário vai para a casa XI, indicando uma mudança qualitativa nas estruturas de poder e no papel da religião organizada.

A Casa de Francisco de Assis é uma entidade espiritualista com forte inserção na comunidade do bairro carioca de Laranjeiras. Funcionando num casarão tombado pelo Patrimônio Histórico (alto), a instituição desenvolve programas de atenção à população carente (ao centro: bumba-meu-boi em evento ecológico) e mantém uma creche para 76 crianças filhas de mães trabalhadoras.

Carlos Hollanda promoveu uma dinâmica com a platéia que preparou o terreno para Angela Schnoor, psicóloga por formação, abordar a relação entre os estados alterados de consciência e os tipos psicológicos. Com as bases tipológicas já estabelecidas por Hollanda e Angela, Fernando tratou de aplicá-las ao "olimpo" dos orixás dos cultos afrobrasileiros, mostrando como eles sinalizam formas específicas de religação com o todo, em perfeita analogia com os conceitos astrológicos de elementos e ritmos.

O evento foi pensado propositalmente para ter o mínimo possível de linguagem técnica, de forma que a platéia leiga pudesse acompanhá-lo com interesse. Os coordenadores do evento lembram que tentativas de explicação dos mistérios da alma e dos chamados fenômenos psi sempre encontram um público ávido por informações. Tanto que astrólogos espertos, ao constatar esta tendência, criaram um lucrativo filão de astrologia fácil, que oferece desde supostos horóscopos atlantes até interpretações informatizadas de vidas passadas, tão mecânicas que até Walter Mercado teria vergonha de assiná-las. Algo na linha de: "Você tem Marte em Touro na casa 12. Isso quer dizer que, com toda a certeza, você perdeu a cabeça na guilhotina durante a Revolução Francesa." Este foi exatamente o desafio do evento: estabelecer uma conexão com o público sem alimentar expectativas distorcidas.

Astrologia e espiritualidade: doze caminhos para a fonte foi a versão 2003 de um seminário que, com a denominação permanente de Vivência da Primavera, vem-se repetindo ininterruptamente desde 1990. A cada ano, a Casa de Francisco Assis, entidade que organiza o evento, utiliza o seminário para promover uma discussão interdisciplinar, conectando religiosidade, práticas comunitárias e outras áreas de conhecimento. Já houve, em outros anos, seminários voltados para terapias naturais, meio ambiente, ecotécnicas, drogas, mercado de trabalho, serviço social etc. Em 2003 foi a vez da Astrologia.

A intenção dos palestrantes é transformar as palestras em livro ao longo de 2004.

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