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CAETANO VELOSO

Sozinho

Josilene Sousa

 

No mesmo tom confessional que utilizou na análise de Velha Infância, dos Tribalistas, a autora reconhece agora sua própria afetividade de casa 12 refletida numa canção de Caetano Veloso.

Escolhi esta música porque a vivenciei em cada palavra. Eu, Sol de 12a casa, conheci meu marido, que é um pisciano, via internet (quando isso não era tão comum). Conheci-o pelos sentimentos, pelas palavras e pela voz. A imaginação, o sonho e a própria situação nos remetia a viver um romance onde nos tínhamos, mas não nos víamos, nos amávamos e não nos conhecíamos, puramente netuniano.

Às vezes no silêncio da noite

É o apelo do Sol na 12a casa, a solidão, o encontro consigo mesmo, a dor de se sentir vazia e ao mesmo tempo procurando por um alguém que sente seu e não lhe pertence.

Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado

A característica pisciana, que também nos remete ao Sol de 12a casa, de imaginar, sonhar acordada, misturar o que é sonho com realidade, viver o que ninguém vê, o que ninguém percebe, mas que está no ar, netunianamente no ar.

juntando o antes o agora e o depois

O que nos fala a casa 12? De nossas vidas anteriores, do que trazemos de herança e nos dá a força necessária para nos aprofundarmos e corrigirmos nesta vida o que não fizemos nas anteriores ou na anterior.

Um encontro noturno onde não se vê com os olhos.

Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?

É um pedido da alma, que se sente solta, que busca pelo seu amor, que quer ser preenchida de sentimento e de ternura.

Tô me sentindo muito sozinho

O Sol de 12a casa se sente sempre sozinho,
Peixes se sente sempre sozinho,
É a busca do sentimento para que a sensação de solidão acabe.

Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho os meus desejos e planos secretos
Só abro pra você mais ninguém

Ninguém comanda um sentimento, ninguém domina a casa 12, é uma casa que precisa estar constantemente alimentada de amor. Planos e desejos secretos, a caixa de Pandora em que somente a confiança na alma, no amor que vem de outras vidas, é capaz de permitir que se conte a alguém mostrando o quanto ela é especial.

Porque você me esquece e some
E se eu me interessar por alguém

A insegurança de dentro para fora. E se eu saio de dentro da minha protegida casa 12 e vou para a 1? Como vou viver sem você me dando segurança? É o medo de viver, de ver a luz do Sol, de ser remetida para a vida, de sair sozinha... Mais profundamente é o medo de nascer, de sair de dentro do ventre seguro e encarar o mundo.

E se ela de repente me ganha

Se eu consigo dar o primeiro passo e descobrir que eu posso viver, que eu sei viver, onde ficarão os nossos sentimentos, o nosso amor? Como vou amá-lo sem proteger nossos segredos?

Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Ou você me engana
Ou não está madura

Netunianamente se quer mais, a procura pelo preenchimento dos sentimentos e emoções ainda continua, está lá. Por mais que me dê provas concretas não é o concreto que quero, quero o amor que não se vê, que não se prova, que não se "pega", quero o amor misto de alma, de pele e de tesão. O constante medo da traição, de ser enganada, passada para trás. Quero o amor amadurecido pelo tempo, vida após vida, quero amá-lo no sonho, mas quero acordar junto com você, quero amá-lo pelas próximas vidas, quero estar com você sempre.

Onde está você agora?

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