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A GUERRA NO IRAQUE

Marte-Júpiter, Achernar e as brigas no Olimpo

Carlos Hollanda

 

Um quincunce entre Marte e Júpiter explica muito desta guerra. Entre outros significados, expressa a disputa territorial e o alastramento de incêndios.

Quanto aos aspectos de Marte, de fato no mapa do primeiro ataque o planeta não tem aspectos considerados maiores. Entretanto, considero o quincunce de importância quase igual à dos maiores e Marte faz um com Júpiter. Além disso, existe o controverso aspecto do septil (aproximadamente 51 graus) entre Marte e Urano. No mapa do ataque, o septil está praticamente exato. Marte, embora não seja ativado por aspectos maiores, tem Saturno como dispositor, e este está em posição crucial no eixo 4-10, em oposição com Plutão. Se tomarmos Bagdad como a base onde se concentram os ataques, podemos associá-la com a casa 4, encastelada, tentando se defender como pode, embora sabendo que sua resistência não será suficiente, e com Saturno - os representantes do Estado - num bunker sob a terra.

Alexey Dodsworth mencionou o grande trígono envolvendo Saturno, Lua e Vênus em casas de Água. Como há alguns anos tenho dado preferência ao sistema Regiomontanus, no mapa que montei a Lua fica distante da oitava casa cerca de 6 graus, mantendo-se na sétima casa. Apesar disso, concordo com a possibilidade de um acordo oculto entre potências não alinhadas, talvez até de algum modo favorecendo o Iraque. Vladimir Putin, da Rússia, já exige o fim dos bombardeios e Putin tem aquele "delicado" Plutão na casa 1...

A Lua permanecendo na sétima estaria de acordo com uma aliança, ainda que não estabelecida formalmente, da Rússia com os interesses dos países que estão contra o conflito e uma aliança velada com o Iraque, em vista dos aspectos enviados à casa 12. A Lua está muito bem aspectada, o que não só pode levar a um amortecimento do conflito (Libra) como pode aumentar o número de países declaradamente opostos aos bombardeios. No entanto, logo a Lua entrará em Escorpião, o que ativa fortemente a oposição de Plutão com Saturno, podendo recrudescer e espalhar (Sagitário-Gêmeos) o conflito para outras regiões, com sério abalo nas relações políticas internacionais (Sagitário + Saturno-Plutão).

O quincunce de Marte com Júpiter não pode ser deixado de lado, especialmente pelo fato de isso estar vinculado à idéia de disputa territorial, alastramento de incêndios e empenho de diversas nacionalidades num conflito. No mito grego também podemos encontrar algumas referências à relação conflituosa entre Marte e Júpiter. Zeus detestava Ares, uma vez que este, representando todo um esforço para impor a própria individualidade, normalmente não respeitava as imposições ou leis do Olimpo - estas, por sua vez, estabelecidas pelo rei dos deuses. Zeus tolerava Ares, mas bem que gostaria de destruí-lo. Nascido de Hera, Ares era tudo aquilo que ia de encontro à idéia de ordem estabelecida para todos, que Zeus representava (regras estas que normalmente Zeus mesmo burlava, como em suas escapadas do casamento). A contradição entre Júpiter e Marte é a contradição entre as regras da sociedade e o indivíduo, especialmente no que tange à imposição de uma ritualística e a sistemas de crenças e costumes. Os protocolos culturais de Júpiter são uma faceta diferente de Saturno, que representa a legitimação dessas regras e a ação coercitiva para que os indivíduos as sigam. Mas o conflito Júpiter-Marte também é a contradição entre a vontade de domínio e as vontades de uniformização comportamental de poderes coletivos, além das vontades de vários outros sobre a de um indivíduo.

Dane Rudhyar, num trecho de Uma Mandala Astrológica (ed. Pensamento), nos graus simbólicos, fala sobre uma imagem onde uma locomotiva estraçalha um carro. Eis o texto:

05 Câncer: Num cruzamento de estrada de ferro, um automóvel é atingido por um trem.

Idéia básica: Os resultados trágicos que apresentam probabilidades de ocorrer quando a vontade individual se lança de maneira descuidada contra o poder da vontade coletiva da sociedade.

Fica fácil observar que a locomotiva tem óbvias conotações jupiterianas e marciais (um transporte de massa e de longa distância, mas de metal e na dianteira de uma composição) e o carro tem conotações marciais individuais. A idéia é de um conflito entre uma força coletiva e outra de natureza individual, ou de uma força extremamente maior contra outra que, embora constitua um certo grau de perigo, não tem chances. Estas chances, no caso do Iraque, só viriam com a entrada de outras potências na guerra. Enfim, quincunces em geral encontram-se em situações de conflito e destrutividade, e este quincunce ocorre entre Leão e Capricórnio, ou seja, estamos falando de "quem manda mais", quem tem mais poder, quem merece a atenção e a credibilidade do mundo. É a questão do poder carismático e emocional (Leão) ou de um apelo a sistemas de crenças, enfrentando a idéia de poder legitimado, a idéia de ordem atribuída por consenso mundial à soberania de um Estado (Capricórnio).

Por fim, no Ascendente do mapa do ataque temos a estrela Achernar, que tem natureza jupiteriana, segundo Ptolomeu. Apesar disso, não é tão maravilhosa assim e tem tudo a ver com o evento. Achernar tem como dístico "O Querubim e a Espada". Sugestivo, não? Butcher the Kid (para citar a feliz expressão de Antonio Carlos Harres) empenha-se nesta guerra como uma cruzada, cheio de discursos sectários. A interpretação também coloca a estrela como coincidente com assuntos envolvendo fogo e enchentes. Vivian Robson aponta a interpretação tradicional que se refere a "honras reais e êxito em atividade pública". Entretanto, pensando como historiador, é preciso lembrar que tais honras e êxito, na época em que estes tratados foram escritos (seja na Idade Média, seja na Antigüidade), referem-se na maioria dos casos a ações bélicas, mesmo em se tratando de algo com a natureza de Júpiter. Aliás, a expansão territorial de impérios dá-se não somente por vias marciais, mas por vias jupiterianas, seja através da propaganda, seja através da disseminação dos costumes e a imposição das crenças.

Outro fator a ser levado em consideração é o fato de arqueiros e cavaleiros serem figuras militares ou no mínimo agressivas, antes de tudo, especialmente na época em que foram escritos os textos que Robson traduziu. E quem disse que os tipos sagitarianos ou jupiterianos (aqueles com índole de Fogo, não os jupiterianos do tipo Peixes) são dóceis e tranqüilos? Costumo ver Achernar em evidência (culminando, ascendendo etc.) em mapas de pessoas com grande necessidade psicológica de impor sua vontade ou de, aos poucos, chegar a um ponto onde seus modelos sejam finalmente aceitos por todos, nem que seja à força. Isso não quer dizer que venham a ser consideradas desagradáveis, mas a questão da necessidade de ascensão social é bem clara. Eis a tradução do texto que Bernadette Brady produziu para o programa Solar Fire sobre a estrela:

Risco de desfechos rápidos

Achernar simboliza o estuário do grande rio Eridano, que deságua perto do Agro. Essa estrela tem um forte efeito em cartas de eventos, indicando problemas com fogo ou enchentes. Numa perspectiva mais pessoal, parece indicar um indivíduo que correrá muitos riscos e que, em conseqüência, candidatar-se-á a pular de uma dificuldade para outra.

Peixes e Capricórnio vão à guerra
Urano em Peixes, doenças, pestes e aberrações biológicas

Recapitulando:

O mapa do início da guerra


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