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ASTROLOGIA E PROFISSÃO

Num movimento surpreendente,
astrólogos de todo o país se unem no Rio
e criam entidade nacional

 

Às 19h30 ninguém pensava em fundar uma nova entidade. Por volta das 19h55 surgia a proposta. Em dez minutos, já tinha nome, objetivos, associados em nove estados e um mapa natal com todo o entusiasmo do Fogo.

Iniciado num clima de confronto de opiniões entre defensores e opositores do projeto de regulamentação da profissão de astrólogo, o Simpósio do SINARJ, realizado no Rio de Janeiro em 17 e 18 de agosto, acabou rendendo um dos melhores momentos da história recente da Astrologia brasileira. Numa reunião não programada, astrólogos de nove diferentes estados decidiram por unanimidade fundar a UNA - União Nacional de Astrólogos, nova entidade nacional que nasce com a missão de encontrar um modelo realmente consensual de organização da categoria. Do impasse à união em apenas dois dias: não poderia ter sido mais surpreendente - nem mais estimulante.

São co-fundadores da UNA o SINARJ e a SARJ (Rio), o Sindastro (MG) e o Sindicato Goiano dos Astrólogos, além de diversas outras escolas, entidades e pré-entidades do Rio, Brasília, Pernambuco, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraíba. Entidades como a recém-fundada Associação dos Astrólogos da Bahia e a ASAS, de Curitiba, dependem ainda de consulta às bases para confirmar ou não sua adesão.

Sexta, 16 de agosto: o clima do Pré-Simpósio

Inicialmente, a UNA não estava nos planos de ninguém. O pré-simpósio, realizado dois dias antes, deixara clara a existência de diversos caminhos, cada um com seus respectivos defensores.

O SINARJ, sindicato do qual partira a iniciativa da regulamentação (veja matéria na edição de julho), levou para o pré-simpósio o deputado petista Luiz Sérgio, autor do projeto de lei pró-regulamentação que tramita na Câmara (o outro projeto, de Artur da Távola, foi apresentado no Senado). Luiz Sérgio explicou que a regulamentação se justificava pelos seguintes motivos:

- o consumidor tem de saber onde encontrar astrólogos qualificados;
- se não houver legislação, qualquer um pode dar consultas e influenciar pessoas através da Astrologia;
- há um enorme contingente de pessoas que trabalham com a Astrologia, resultando em significativa atividade econômica.

Antonio Carlos "Bola" Harres (na foto) questionou o deputado sobre como ele esperava enfrentar o questionamento de seus pares, inclusive considerando o fato de que a prática astrológica foi condenada pelo Papa.

Luiz Sérgio respondeu que cabe aos astrólogos ir às audiências públicas e convencer os deputados.

Quanto à oposição da Igreja, o deputado não a vê como impedimento, pois o divórcio e o casamento homossexual, também condenados pelas autoridades eclesiásticas, tiveram boa acolhida no Congresso.

A representante do Sindicato de Pernambuco apresentou sugestões de mudanças de algumas palavras no texto da lei. José Maria Gomes Neto, de Niterói, sugeriu que o deputado fosse apoiado por um grupo de astrólogos para responder aos questionamentos que certamente haveria.

Perguntado se o projeto poderia sofrer mudanças radicais em decorrência de emendas de outros deputados e até mesmo se, em função delas, a atividade poderia acabar entregue à fiscalizacao do Conselho de Psicologia, o Deputado Luiz Sérgio confirmou que havia realmente este risco. Acrescentou que é possível a aprovação, mas ressaltou que, se a categoria não estiver unida, o projeto não passa.

Contudo, o que mais causou impacto foi a revelação de Luiz Sérgio de que, mesmo aprovada, nada garantia que a regulamentação realmente viesse a acontecer, citando como exemplo diversos tópicos da Constituitição que jamais foram regulamentados porque soam polêmicos. A platéia ficou ainda mais assustada com a possibilidade de que o Ministério do Trabalho fique encarregado da fiscalização da profissão até a estruturação de uma Ordem ou Conselho.

Celisa Beranger (esq.) levou para o pré-simpósio o deputado petista Luiz Sérgio (dir.), autor do projeto de regulamentação que circula na Câmara dos Deputados.

Eduardo Maia, diretor da Academia Castor e Pólux, do Recife, entregou sua proposta de alterações ao deputado e contou o episódio em que foi chamado de vigarista pela imprensa local e obteve na justiça uma vitória contra o renomado professor que o acusou. Afirmou que a causa foi ganha em razão de a Astrologia estar incluída no Código Brasileio de Ocupações do Ministério do Trabalho e de ser a Academia uma instituição legalmente registrada. O deputado Luiz Sérgio pediu a Eduardo Maia a cópia dos autos do processo e da sentença favorável.

Os temores quanto à regulamentação


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