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EVENTO EM SÃO PAULO

Meditação, semiótica e neurociência:
Astrológica 2002 é descontraída e eclética

Daniela Buono

 

Da Semiótica à Neurociência

O pesquisador na área de Comunicação e Semiótica Jason Brito Pessoa levou a Astrológica a um vôo filosófico. Apresentando sua tese de mestrado, desenvolvida na PUC-SP e publicada sob o título "Os Deuses do Acaso - Adivinhação e Semiótica", Pessoa conclui que a adivinhação existe e funciona.

Pessoa dividiu a adivinhação em duas categorias: a intuitiva, que se refere à esfera do arrebatamento, do contato intuitivo com o divino, e a indutiva, que engloba as chamadas "artes divinatórias" baseadas na observação, na classificação e na associação de conceitos e símbolos, como a astrologia, o tarô, o I Ching, entre outros.

Segundo o autor, a adivinhação indutiva não se valida por razões esotéricas, mas "pelo que há de mais característico na espécie humana: a capacidade de simbolizar o universo". Três pontos importantes nascem do raciocínio do autor: 1) Considerando a astrologia um processo de associação de signos e símbolos, não é necessário entendê-la do ponto de vista material. 2) Conforme a cultura fica mais complexa, acompanham-na os símbolos e significados astrológicos. 3) Cada astrólogo é co-criador da astrologia, e responsável por ela, no momento em que interpreta um mapa ou utiliza-se de diversos recursos de linguagem para explicar um conceito.

Jason Brito Pessoa

"O astrólogo é como o xamã, que é poeta, músico, escritor... se vive numa tribo cuja língua envolve entre cinco e sete mil palavras, ele conhece 12 mil", diz Pessoa, que insistiu no papel do astrólogo como um decodificador que tem responsabilidade sobre o recorte de mundo que vai passar para frente. "Ele deve ampliar a quantidade de ferramentas de leitura, para enriquecer a interpretação e a vida do consulente", completa.

Quem leva a marca da abordagem multidisciplinar da astrologia para ampliar sua margem de alcance é o astrólogo Carlos Fini, diretor do Centro de Pesquisas Astrológicas Hermes, que envolve estudos na área de Astrologia e Ciência. Em sua palestra, Fini conclui: "O efeito astrológico não vem nem dos planetas nem do cérebro, mas de uma relação, de uma ponte entre estes dois processos".

Por mais de cinco anos, o astrólogo se aprofundou nos fenômenos astronômicos e há dois anos se debruça sobre a Neurociência. Da união dos dois conhecimentos nasceu a investigação sobre como os seres humanos desenvolveram padrões de comportamento baseados no meio ambiente cósmico de onde se originam. Fini coloca que de um lado da ponte está a consciência humana e do outro o Big Bang. Entre eles existem bilhões de anos de ligação da vida com o meio ambiente cósmico.

Em 2001, Fini levou à Astrológica um estudo sobre o Complexo R (reptiliano), parte mais antiga do cérebro, onde se armazenam emoções primitivas como a rigidez, a agressividade, a ausência de racionalidade, a raiva, a posse, a territorialidade, o domínio, o medo do meio ambiente. É responsável por regular o ritmo da vida e a repetição. Este ano, aprofundou conceitos sobre o Sistema Límbico, parte cerebral onde se processa a emocionalidade, sentimentos, amor, proteção, saudades, carinho. Falou ainda sobre a terceira grande região do cérebro, o Córtex, parte externa, mais moderna, onde funcionam os mecanismos mentais, cognitivos, especulativos e racionais do homem. "O equilíbrio entre estes três sistemas varia de pessoa para pessoa, mas como funciona em cada um? Precisamos de um 'mapa' pra isso!", sugere Fini.
Carlos Fini

Antes de ter uma experiência com os pais, pessoas, palavras, o indivíduo, recém-nascido, tem uma experiência com o meio ambiente. A tese de Fini é que o cérebro pode mapear o sistema cíclico do universo. Ele mapeia as configurações astronômicas, que provocam os efeitos astrológicos observados há anos pela humanidade. Mas estes registros ficam guardados no mais profundo inconsciente. As perguntas de Fini são: "Poderiam as teorias astrológicas se relacionarem com os complexos evolutivos? Não seria ele, o mapa astrológico, o próprio esquema de vozes dos três complexos evolutivos cerebrais, uma vez que adaptar-se ao meio ambiente é o fator fundamental para sobrevivência?" A partir disso, o astrólogo associou o Sistema R a Plutão, Saturno e Marte; o Sistema Límbico à Lua, Vênus e Netuno; e o Córtex a Júpiter, Mercúrio, Sol e Urano. No mínimo ousado!

Trânsitos, eclipses e astrologia no rádio

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