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ASTROLOGIA E CULTURA DE MASSA

O Clone: um debate sobre os mitos
da ficção televisiva

Fernando Fernandes e Carlos Hollanda

 

A partir de sugestões dos próprios participantes de seus cursos, a Escola Astroletiva utilizou os personagens da novela O Clone para fazer um exercício de identificação de correspondências astrológicas. As opiniões chegaram por um fórum on-line, por e-mail, por telefone e até por bilhetes manuscritos. O resultado foi um debate de primeira qualidade, que coletou a percepção de mais de cinqüenta participantes. E então, qual é o signo da Jade?

Introdução

A novela O Clone, de Glória Perez, exibida pela TV Globo, alcançou altos índices de audiência em função de três temas polêmicos e bastante atuais, que são o choque entre o mundo ocidental e o mundo árabe, a questão da dependência química e os limites éticos da ciência, particularmente da genética. Mesmo assim, isso não configura O Clone como uma obra realista. Telenovelas constituem um gênero específico, com regras próprias. Antes de tudo, são entretenimento, devolvendo ao espectador uma visão esquemática da realidade que serve como pano de fundo para todos os delírios de imaginação.

A capa realista esconde todas as invenções: a Fez retratada na novela é tão parecida com a Fez real (foto) quanto o Rio de Janeiro de fantasia, onde todos se encontram na praia e um bar em São Cristóvão recebe personalidades todo dia, parece com o Rio de verdade.

Não se trata de uma condenação do gênero, mas de uma simples constatação. Como outras formas de expressão da cultura de massa, a telenovela é mais reiterativa do que inovadora, o que não impede que eventualmente seja utilizada para pertinentes campanhas de conscientização, como fez O Clone com a questão das drogas. O ponto que nos interessa é outro: podemos utilizar uma novela como recurso didático para estudar Astrologia? A resposta é sim, já que, sendo o simbolismo astrológico universal, todo comportamento humano sempre pode ser associado a um padrão astrológico básico. Como afirmamos em nosso curso Astrologia e Mitologia nos Quadrinhos:

Há personagens ficcionais de psicologia muito simples e previsível, que reiteram sempre os mesmos traços. Não são exatamente personalidades, mas apenas tipos retratados de forma ampla e bem definida, sem a complexidade nem as contradições que caracterizariam um ser humano "real". Estão nesta categoria personagens como o Tio Sukita dos anúncios de refrigerante, o João Bafodeonça das histórias de Disney e o Brutus, eterno rival do Popeye pela conquista de Olívia Palito. Tudo o que eles representam cabe no arquétipo de um único signo, ou de um planeta, ou de uma relação planeta-signo. No máximo, podemos explicá-los por uma configuração básica, como uma quadratura ou uma conjunção.

Na medida em que o personagem vai-se tornando mais complexo, seu mapa simbólico também apresentará maior quantidade de nuances. Personagens como Super-Homem, Fantasma, Sherlock Holmes, Hercule Poirot ou Charlie Brown já têm uma história, um percurso vivencial, carregam contradições e tematizam conflitos que não cabem num único aspecto astrológico. Já têm algo parecido com uma carta astrológica, se bem que de forma ainda esquemática e incompleta. E há, finalmente, personagens retratados com tal profundidade psicológica que não apenas seria possível traçar-lhes um detalhado mapa especulativo, como ainda submetê-lo a trânsitos e progressões. Estão neste último caso a Capitu e o Bentinho de Dom Casmurro, de Machado de Assis, e a maioria dos personagens de Shakespeare, como Hamlet, Macbeth ou o rei Lear.

Com base nessas considerações, propusemos aos participantes de cursos da Escola Astroletiva um exercício especulativo que partia da análise do personagem para o arquétipo astrológico, utilizando como foco de exploração os personagens da novela O Clone. Em maio de 2002, dificilmente teríamos no país outro grupo de personagens tão conhecido do público, razão pelo qual o utilizamos. Como o exercício foi aberto, funcionando através de um fórum de mensagens, tivemos a participação tanto de iniciantes que tentaram o básico - associar personagens a signos, elementos ou quadruplicidades - quanto de astrólogos experientes e bem articulados, que chegaram a propor mapas especulativos para os cristãos e muçulmanos ficcionais que povoaram a imaginação do público durante meses.

Os signos dos personagens, segundo os participantes do fórum

 

DEBATE:
Introdução
Signos dos personagens
Albieri, Jade
Zoraide, Yvete, Leônidas
Maysa, Mel, Dalva e Dona Jura
Said, Latiffa, Mohamed e Ali
Nazira, Alicinha, Lucas e Lobato

OUTRA VISÃO:
Os dois lados de Saturno
Jade, mulher jogada no vento
Filhos do nevoeiro e do trovão
Albieri, Parsifal e o Santo Graal


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