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DEBATE
Astrologia e imaginação tribal

Stela Moura
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Padrões de regularidade: objetivo da Ciência e da Astrologia

O ano de 2002 chegou e ainda somos herdeiros de uma modernidade que, desde o século XV, tenta retirar do ser humano seu caráter extraordinário, insistindo em nossa condição ordinária e mecânica. Peças de uma grande engrenagem, como pensava Descartes.

Triste herança que nos aprisiona. Se nos fizeram acreditar, por gerações, que estamos desconectados do todo, como podemos encontrar nosso sentido e significado nessa delicada trama cósmica? Será que ainda vivemos o mito da caverna de Platão?

A racionalidade e a linearidade, na qual aprendemos a estruturar nossos pensamentos, nos roubou a preciosa capacidade de ver o encantamento ao nosso redor. Nosso olhar perdeu a Graça. Perdemos o sentido do Sagrado. Mas, em compensação, ganhamos a ilusão da realidade "fast food" e "on line" e, junto com esse pacote, também veio um conjunto de ilusões, controles, certezas e doenças, físicas e mentais.

Nos exilaram de nossa essência.

Detalhe de Cavaleiros do Apocalipse, de Dürer. Para o desenvolvimento da Astrologia, os "quatro cavaleiros do Apocalipse" foram os excessos do cientificismo, do materialismo, do racionalismo e do corporativismo acadêmica (a Astrologia, por não conformar-se ao novo modelo de pensamento, foi retirada dos cursos superiores em 1666).

Por que será que "Harry Potter" e o "Senhor dos Anéis" estão comovendo multidões? Por que a história é lógica? Racional? Longe disso! Elas resgatam justamente a nossa fome de magia, vão além do ordinário, transcendem os limites da realidade e alcançam o extraordinário, que em muitos pode até estar adormecido, mas não está extinto.

A escola, a religião e toda a orquestração ideológica que formam a sociedade, nos mostraram um pequeno fragmento sem sabor, cor ou substância da realidade e de tanta repetição, acabamos acreditando nela e ficamos repletos de vazio e tédio. Afinal, uma mentira repetida várias vezes acaba se tornando uma verdade.

Certamente, não é apenas com o raciocínio lógico, cortical, quantificável, estatístico e reducionista que vamos encontrar as respostas que buscamos. Hoje, mais do que nunca, é necessário incorporar à razão a possibilidade da transcendência, do incompreensível, do mito, do espanto, do mistério e do simbólico. Ou, na linguagem da neurociência, fazer uma integração dos dois hemisférios cerebrais. Tudo isso para que possamos voltar a tecer os fios que possam nos religar ao Cosmos novamente. Reconstruindo o modelo de mundo dos gregos, de contraponto ao caos.

O século XXI, ou a pós-modernidade, pode vir a ser um movimento de resgate dos padrões arcaicos que foram abafados em nossa psiquê. Padrões que os povos primitivos conheciam tão bem.

Nesse sentido, a Astrologia é como um valioso presente que nos foi legado, com sua observação atenta do céu, da natureza e seus eternos ciclos. Nosso cérebro procura por padrões. Eventos que se reproduzam com uma certa regularidade. Esse é o princípio da ciência e, "coincidentemente", esse é o princípio da Astrologia: reconhecimento da regularidade de ciclos.

Ou seja, continuamos a olhar para o céu e ele ainda nos deixa perplexos.

"A mente que se abre para uma nova idéia jamais volta ao seu tamanho natural", disse Einstein. Minha sugestão, portanto, é que nesse novo ciclo estejamos com os olhos, a mente, a boca, os ouvidos e os poros mais abertos, construindo mais pontes e menos muros. Sendo mais caleidoscópios, múltiplos, plurais, no eterno giro da espiral. Ousando ir mais além do que nos foi ensinado e acreditando tanto na nossa sensibilidade e intuição, quanto nos nossos sentidos.

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