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ASTROLOGIA MUNDIAL
Paquistão e Índia,
os gêmeos briguentos
Fernando Fernandes e Carlos Hollanda

Índia e Paquistão são um caso único de "gêmeos astrológicos". Nas últimas semanas de 2001, quando a guerra do Afeganistão parecia encaminhar-se para o fim, o reacendimento das rivalidades entre Índia e Paquistão trouxe para a região novas possibilidades de conflito. É preciso compreender melhor os gêmeos briguentos.

Antes dos mapas, os fatos

Na crise que se abateu sobre o mundo a partir dos atentados de 11 de setembro, os barris de pólvora que precisam ser observados com mais cuidado não estão no Afeganistão, mas na região em torno. Falamos do conflito entre palestinos e israelenses, de problemas com países que apoiam o terrorismo (dos quais o Iraque é o exemplo mais típico) e do barril de pólvora máximo, que é um possível enfrentamento entre Índia e Paquistão. Além de opor dois países superpovoados e que possuem armamentos nucleares, este conflito poderia envolver rapidamente outros países, como Bangladesh, China e os Estados Unidos.

Índia e Paquistão nasceram juntos, em 15 de agosto de 1947, como resultado do fim da administração colonial inglesa. O subcontinente indiano é um território vasto, densamente povoado, onde coexistem dezenas de etnias e dialetos e cuja população se divide entre duas religiões principais. A religião dominante, do ponto de vista do contingente humano, é o hinduísmo (com todas as suas múltiplas variantes), mas o islamismo alcança também uma população significativa: algo em torno de um muçulmano para cada quatro hindus.

A penetração muçulmana na Índia vinha desde o final da Idade Média, quando o exército de um rei muçulmano de origem turca que governava Cabul marchou para o sul e tomou os ricos vales dos rios Indo e Ganges. Foi a origem do chamado Império do Grão Mogol, período de dominação que deixou profundas marcas culturais, como a conversão religiosa de significativa parcela da população. Naturalmente, isso não ocorreu sem conflitos e ressentimentos, de forma que a rivalidade entre hinduístas e muçulmanos tornou-se um elemento de tensão permanente, persistindo até os dias de hoje.

A luta contra a dominação inglesa começou a intensificar-se nos anos trinta. O Partido do Congresso canalizava a maioria das iniciativas independentistas, mas o espectro de ações ia desde a resistência não-violenta do Mahatma Gandhi à atuação clandestina de grupos radicais, que pregavam o uso do terrorismo e sonhavam com uma Índia livre não apenas do controle britânico, mas também da presença de muçulmanos na futura administração. Estes, por outro lado, organizaram a Liga Muçulmana em torno da liderança de Mohammed Ali Jinnah, que lutava pela formação de um país islâmico independente mediante o desmembramento das regiões onde o Islamismo fosse predominante. Esta é a origem do atual Paquistão.

Após a Segunda Guerra Mundial, a permanência britânica tornara-se insustentável. A Grã-Bretanha negociou então uma saída honrosa, que seria a transição pacífica para uma Índia independente com a preservação dos laços econômicos e culturais que a ligavam à Europa. Todavia, não se obteve acordo sobre a possibilidade de uma composição política entre hindus e muçulmanos. Ao término, surgiram dois novos países, a Índia e o Paquistão, sendo que este ficou dividido em dois territórios separados entre si: o Paquistão Ocidental, onde estão a capital e os principais centros urbanos, e o Paquistão Oriental, que se tornaria independente em 1971 com o nome de Bangladesh. Entre as duas metades do país ficou a Índia. É claro que isso provocaria problemas no futuro.

 

Nascido num dia de Natal, o capricorniano Mohammed Ali Jinnah, "Pai do Paquistão", obteve a independência do país, mas não a paz com a Índia. Entre os dois países, já houve três guerras. A questão da Cachemira (região na encosta do Himalaia) é a mais constante fonte de atritos.

O primeiro efeito da independência foi uma guerra civil entre hindus e muçulmanos de que resultou um dos maiores genocídios da história contemporânea. A fronteira entre as duas novas nações independentes era artificial, deixando enclaves de população hindu dentro de território paquistanês e vice-versa. Dez milhões de pessoas foram obrigadas a trocar de país, deixando para trás casa e pertences. Famílias foram separadas à força, populações de aldeias inteiras foram assassinadas. O conflito acirrou os ódios, resultando em vários outros enfrentamentos no último meio século. Os soviéticos apoiavam os indianos contra os paquistaneses, os quais, por sua vez, obtiveram sustentação política dos chineses, inimigos dos indianos, e dos Estados Unidos. Em 26 de março de 1971, o antigo Paquistão Oriental, habitado pela etnia bengali, declarou sua independência do governo paquistanês. Apesar de majoritariamente muçulmanos, os bengalis tinham uma história diferenciada, com uma cultura e uma língua que os tornava muito mais próximos dos indianos da região de Calcutá do que de seus dominadores do Paquistão Ocidental. A Índia apoiou a rebelião desde o primeiro momento. Foram nove meses de conflito, ao final dos quais o Paquistão acabou derrotado pelas forças conjuntas da Índia e de Bangladesh. Entretanto, o foco mais constante de divergências tem sido a região da Cachemira, incrustrada nas fronteiras do Himalaia, cujo controle Índia e Paquistão disputam desde 1947. Apesar de a maioria da população ser muçulmana, quem está no controle é a Índia. A Cachemira tem grande importância estratégica por ser um ponto de acesso a diversas rotas terrestres através do Himalaia. Além do mais, é lá que estão as nascentes de importantes rios que abastecem o Paquistão.

Apesar de pobres e com parte considerável da população abaixo da linha da miséria, tanto Índia quanto Paquistão têm elevados orçamentos militares e centros de alta tecnologia. Ambos são potências nucleares.

Este é o quadro. Agora vejamos os mapas.

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