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DISCUTINDO O PAPEL DA ASTROLOGIA
Astrologia & Psicologia

Marcus Vannuzini
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A delicada fronteira do astrológico e do psicológico

Numa mesa de debates de um evento recente, a astróloga Claudia Castello Branco levantou a seguinte questão: a leitura do mapa é (ou deveria ser) um movimento oracular, como uma consulta ao Oráculo de Delphos. Trocando em miúdos, a consulta astrológica deveria lidar com a Astrologia Pura, traduzir a energia representada pelos símbolos, e não estender-se na esfera psicológica, o que seria uma apropriação de outra Ciência (o que não invalida o fato de que a busca por respostas psicológicas é antiquíssima; a Psicologia, antes de estabelecer-se como um saber estruturado em novas bases, era um branch da Filosofia, e a Astrologia contém, em si, todo um sistema psicológico, por assim dizer).

A pergunta é: onde termina a Astrologia Pura numa consulta e onde começa o diagnóstico & aconselhamento psicológico propriamente ditos?

Ao usar a expressão Astrologia Pura tentei delimitar o que é exclusivamente astrológico, separando do que não é. A "pureza", no caso, não implica algo superior, mais limpo etc., mas algo que tem uma identidade definida e suas propriedades não combinadas com outras substâncias. Por exemplo: água pura ou... água com suco de uva.

Para afinar melhor esse piano, esqueçam por um momento que o mapa examinado é o de um indivíduo - mas de uma nação, um barco, uma empresa ou um cachorro. Pode ser o mapa de uma questão horária também.

Não tem muito sentido a Psicologia aplicada nesses casos (não a psicologia empírica que o homem usa no seu dia a dia, nas suas relações, mas a Psicologia estruturada como ciência, por assim dizer).

Esta vaca nasceu com Netuno no Ascendente. Faria sentido interpretar-lhe o mapa com recursos típicos de Astrologia Psicológica? Poderíamos dizer que ela tem problemas de identidade?

Mas, mesmo na leitura do mapa de um indivíduo, o que é técnica, arte, conhecimento astrológico e o que não é? Em que momento se cruza a fronteira da Astrologia para o Psicologia? Afinal, a Astrologia tem algo a dizer sobre o mapa que não seja psicológico?

O ponto que a discussão focou é apenas uma questão de definição conceitual. É uma tentativa de descobrir, de aprender essa distinção.

Veja: se você, em qualquer mapa que não seja de gente (empresa, animal etc.) está interpretando o simbolismo de Saturno (limites, estrutura, e por aí vai), há uma série de técnicas para compreender e sintetizar o que Saturno representa particularmente naquele mapa, começando pelo próprio conhecimento do simbolismo envolvido: (a) Saturno, (b) signo (c) casa, (d) aspectos etc.

Muito bem. Então, você está no que se poderia chamar de Astrologia propriamente dita (ou "Pura", como mencionei antes). Com este material, o astrólogo já pode emitir seus pareceres sobre a atuação daquele Saturno no mapa examinado. É a linguagem astrológica, sem que a Psicologia esteja presente.

Aí eu pergunto: no mapa do indivíduo, em que momento, em que estágio (perguntinha chata essa...) o astrólogo está atuando segundo fundamentos astrológicos e quando estende/combina esse saber com a Psicologia? Em outras palavras: o que o astrólogo é capaz de desvelar/revelar ao cliente algo, baseado apenas na Astrologia e não na Psicologia?

Marcus Vinicius Wanick Vannuzini (Marcus Zini), falecido em março de 1998, era astrólogo no Rio de Janeiro. Foi o criador da primeira lista eletrônica de discussão astrológica no Brasil, a Solstix. Este artigo é uma compilação de trechos de três mensagens de Zini à lista Solstix, em dezembro de 1996.


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