Quintis e biquintis no quintal do laboratório astrológico

À parte a brincadeira, é preciso dizer que os quintis e biquintis foram criados, descobertos ou inventados - conforme o sestro teórico do freguês - pelo sagaz Kepler, um destes filósofos naturais temporões e, sem dúvida, brilhante. De modo que as relações estabelecidas entre dois pontos que distem 72 graus um do outro - o quintil - e seu dobro - o biquintil - têm origem em estudos matemáticos do conhecido teórico. Dividir a circunferência em raios iguais de 72 graus resulta no pentágono, a forma nascida do número 5, de lendária fama, relacionada à criação e ao movimento.

A proporção áurea, ou medida áurea, conhecida pelos gregos, relaciona-se também com o desenho do pentágono e com o número 5, o qual Pitágoras tanto estudou, e que serviu de base para inúmeros estudos arquitetônicos. O próprio Parthenon, o templo de Palas Athena, na cidade em que é padroeira, foi construído tendo por base a medida áurea.

Mais adiante nos séculos, Kepler retomou o significado do número, herdeiro ativo de uma certa matemática pitagórica e, incorporando as descobertas matemáticas de sua época, extraiu o segmento cinco do círculo. A idéia, que andei testando cerca de três anos atrás, é que as figuras compostas pelos quintis e/ou biquintis teriam de dar algum tipo de formulação prática para os felizes possuidores de fortes dons de engenho & arte. Assim, o quintil e o biquintil aparecem em cartas de pessoas que usaram a criatividade, a engenhosidade e a liberdade de inventar em suas áreas de atuação profissional. Como exemplo, estudamos em um grupo a carta de Amadeus Mozart, bastante interessante a este respeito. Ao longo do tempo, por outro lado, adquiri o hábito de verificar a ocorrência de quintis em cartas de clientes - principalmente os quintis da Lua e do Sol, com planetas tradicionais. Realmente o feedback que tive de clientes foi encorajador. De forma alguma compilei estes dados estatisticamente, mesmo porque não creio que a estatística possa muita coisa com um sistema de variáveis tão amplo quanto o da linguagem astrológica, mas fica a dica, ou o conselho, de que é possível extrair significados prazerosos e criativos de quintis da Lua progredida ao Sol, a Vênus, a Júpiter e Saturno. Pelo menos eles têm sempre anunciado tempos de desafogo, quando a carta está muito tensionada por aspectos de trânsitos e progressões. Quanto a quintis natais, tenho observado a geração do último enquadramento planetário - a moçada que nasceu em 1982 - por estreita proximidade, e tenho visto que a suspeita de que os quintis anunciam dotes artísticos e criativos parece proceder. Quem quiser experimentar, vale a pena.

A medida áurea está na base do jogo de proporções harmoniosas do templo de Palas Athena e de outros templos gregos.

Finalmente, sobre o assunto de quintis, devo dizer que Paula de Pinho Falcão, esta batalhadora full time da astrologia paulistana, tem estudado com afinco a medida áurea, os quintis e biquintis e os fractais, assuntos que sua profunda base matemática permite entender bem mais do que eu; sendo assim, o melhor é passar a bola para a colega.

Sobre os asteróides, resta praticar e pesquisá-los com tempo e determinação, tarefa que vem sendo feita por alguns grupos de astrólogos norte-americanos, disponível em listas eletrônicas para quem queira participar. Descobri certa vez um asteróide que foi nomeado em honra do revolucionário russo Vladimir Lenin - resta saber o que significaria tal asteróide em posição de destaque na carta natal: dotes revolucionários? Ou, quem sabe, moradores próximos do mausoléu em que jaz o corpo de Lenin embalsamado teriam este asteróide na cúspide da casa 4 de suas cartas natais? São perguntas que ficam no ar!

Barbara Abramo é astróloga de linha clássica e política. Escreve na Folha de São Paulo e mantém o site Urania, no portal do UOL.

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