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ASTROLOGIA E ASTRONOMIA

Entendendo os eclipses

Raul V. Martinez

 

A palavra eclipse vem do grego ekleípsis, que quer dizer desmaio, ou seja, desvanecimento de cor e de brilho, ou ainda desfalecimento, que é a perda das forças e dos sentidos. A astrologia antiga, voltada mais para governantes, atribuía significados parecidos com esses aos eclipses, principalmente aos eclipses solares.

Astronomicamente ocorre um eclipse quando um astro deixa de ser visível, totalmente ou em parte, ou pela interposição de outro entre ele e o observador, ou se um astro sem luz própria deixa de ser iluminado ao entrar no cone de sombra de outro. Envolvendo o Sol, a Terra e a Lua, os eclipses acontecem quando a sombra da Lua é projetada pelo Sol sobre a Terra, ou quando a sombra da Terra é projetada sobre a Lua. No primeiro caso o eclipse é solar, no outro é lunar. Para que ocorra isso os três astros devem estar alinhados, ou próximos de situação de alinhamento. Os eclipses solares acontecem com o Sol e a Lua em conjunção, e os lunares, com o Sol e a Lua em oposição.

Os nodos lunares são os pontos opostos do Zodíaco onde a órbita da Lua corta a eclíptica - o caminho aparente do Sol. Disso resulta que somente quando a Lua estiver próxima de um dos seus nodos poderá eclipsar o Sol. Se os nodos fossem fixos, o Sol passaria por um desses pontos a cada seis meses, quando então poderia haver condições para acontecer um eclipse, mas, devido ao movimento retrógrado dos nodos, a cada ano o Sol passa pelo mesmo nodo 18 ou 19 dias antes. Este é um dos elementos que dão origem ao ciclo de saros (do assírio-babilônico sharu), intervalo de tempo em que os eclipses se repetem na mesma seqüência, embora com visibilidade deslocada em cerca de 120º para oeste na superfície terrestre. Compreende 6.585,32 dias, ou 18 anos, 11 dias e 8 horas. Este período já era conhecido pelos caldeus e assírios, que por intermédio dele previam os eclipses.

O esquema mostra a formação de um eclipse lunar. A Terra se interpõe entre o Sol e a Lua e projeta sua sombra nesta última. A ocorrência de um eclipse, assim como sua extensão, dependem de quão próxima da eclíptica esteja a Lua. Na situação indicada com o número 1, a Lua não é alcançada pelo cone de sombra da Terra: não há eclipse; o número 2 indica a situação de eclipse parcial da Lua (parte no cone de sombra, parte na área de penumbra); o número 3 mostra o eclipse total; o número 4, o eclipse penumbral: a Lua está na área de penumbra, apresentando-se escurecida, mas não é alcançada pelo cone de sombra.

No eclipse lunar, todas as pessoas que estão no hemisfério terrestre com condições de observá-lo vêem a sombra que a Terra está projetando sobre seu satélite naquele instante, ou seja, o eclipse lunar é visto de forma idêntica por todos que o observam da superfície da Terra. Já com o eclipse solar isso não ocorre, pois a sombra da Lua fica localizada em uma região da superfície terrestre. Para ser visto, o observador deve estar dentro dessa sombra projetada pela Lua. Devido à rotação da Terra e à translação da Lua, esta sombra se desloca, fazendo com que o eclipse solar seja observado de forma diferente em locais e horários distintos, dentro da faixa gerada pelo deslocamento - a faixa do eclipse.

O esquema mostra a formação de um eclipse solar, que acontece quando a Lua está cruzando o plano da eclíptica entre a Terra e o Sol. Devido às pequenas dimensões da Lua, o eclipse do Sol só ocorre em áreas determinadas da Terra, onde a Lua projeta sua sombra.

Para que se entenda melhor a questão da sombra projetada pela Lua, podem-se considerar inicialmente dois círculos, no mesmo plano, separados um do outro. Um menor, representando corpo sem luz própria, e outro maior, representando corpo que ilumina. As quatro tangentes comuns a esses dois círculos geram atrás do menor três áreas de sombra que se correlacionam com os cones de sombra do espaço, que surgem quando os círculos são substituídos por esferas, ou astros, como o Sol e a Lua. As tangentes externas agora geram o cone de sombra propriamente dito, e as tangentes internas geram o tronco de cone de penumbra, que envolve o cone de sombra. Nos locais da Terra, dentro do cone de sombra da Lua, o eclipse solar é visto como total ou como anular. Total, quando o disco lunar cobre totalmente o solar, e anular, quando o disco lunar, concêntrico com o solar, é pouco menor que ele. Nas regiões cobertas pelo cone de penumbra, o eclipse visto é parcial - aquele que cobre apenas parte do Sol e de forma mais difusa. Essa parte coberta torna-se menor conforme se afasta do cone de sombra.

O cone de sombra da Lua tem por seção normal máxima um círculo de 260 km de diâmetro na superfície da Terra. Quando esta seção é oblíqua tem-se uma oval, que pode ter eixo maior que 260 km. A faixa descrita pela seção do cone de sombra na superfície da Terra é a faixa de totalidade do eclipse, e a linha eqüidistante de suas bordas é a linha central.

Os eclipses solares começam a ser vistos nas regiões mais próximas do nascer do Sol e terminam de serem vistos nas regiões mais próximas do por do Sol. Ou seja, quando há um eclipse solar, sua faixa de sombra é gerada do Oeste para o Leste.

Em astrologia mundial, os eclipses são considerados juntamente com as configurações existentes na hora em que ocorrem. É particularmente importante, no trato de questões que envolvem determinado país, o eclipse solar que tem sua faixa passando por esse país. A carta do eclipse, neste caso, normalmente é construída para a sede do governo e para o horário da conjunção exata do Sol com a Lua. Essa figura é utilizada como elemento complementar importante das cartas fundamentais da nação, para determinado período após o eclipse. Henry Gouchon diz que, em astrologia mundial, aos eclipses solares atribui-se influência que pode estender-se por dois anos ou mais.

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