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 Edição 90 :: Dezembro/2005 :: -

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A ASTROLOGIA E OS NOMES

O batismo cristão dos deuses pagãos

Constantino K. Riemma

Nenhum nome é casual?

Uma segunda linha de argumentos é sustentada por astrólogos que defendem que "nada ocorre por acaso". Consideram eles que os nomes são dados por inspiração correta, mesmo que o astrônomo responsável não seja consciente do fato. Os que assim pensam não vacilam em deduzir de imediato, simplesmente a partir do nome dado, os atributos funcionais do planeta ou asteróide, nas cartas astrológicas, antes mesmo que esses atributos sejam pesquisados, testados e confrontados na prática entre os diferentes estudiosos. Uma questão que cabe colocar a essa corrente de pensamento é se não existiria uma diferença qualitativa entre nomes dados "por inspiração inconsciente" e os conferidos pelo "reconhecimento consciente" dos atributos do ser nomeado? Aqui se abre uma outra ordem de idéias - a confusão contemporâne entre consciência e inconsciência - que foge, porém, de nosso tema.

Um exemplo recente dessa diferença de pontos de vista entre os astrólogos, quanto à atribuição de nomes e significados aos corpos celestes, ocorreu com a divulgação da descoberta do asteróide Sedna (mais uma ruptura: nome nem grego, nem romano). De um lado estão os que aguardam as confirmações astronômicas e as pesquisas astrológicas para que o perfil do novo asteróide se faça bem conhecido, e, de outro, encontram-se aqueles que, confiando na adequação do nome, já deduzem sua atuação nos diferentes signos.

Não precisamos, aqui, nem aprofundar essas questões nem tomar partido nelas, pois são mencionadas mais como pano de fundo e como aquecimento para um exercício que será proposto adiante. Para encerrar este tópico, apenas podemos reconhecer que, de fato, em pleno juízo, nenhum de nós pode se arvorar em detentor de conhecimento bastante para nomear, de modo competente, as criaturas e os entes celestes. O nível de consciência de Adão Kadmon, tal como descrito na tradição judaico-cristã, situa-se num patamar incomparavelmente superior ao nosso. Mas, especular nessa direção pode se constituir num estimulante exercício de pensar simbólico.

A Santa Ceia

Um notável elo entre linguagens simbólicas foi divulgado por Emma Costet de Mascheville, em seus cursos, sobre as correlações entre os doze signos do zodíaco e os doze Apóstolos.

1 - Áries: Simão; 2 - Touro: Judas Tadeu; 3 - Gêmeos: Mateus; 4 - Câncer: Felipe; 5 - Leão: Tiago Menor; 6 - Virgem: Tomé;
7 - Balança: João; 8 - Escorpião: Judas Escariotes;9 - Sagitário: Pedro;
10 - Capricórnio: André; 11 - Aquário: Tiago Maior; 12 - Peixes: Bartolomeu.

[Segundo Emma Costet de Mascheville. Luz e sombra. Elementos básicos de Astrologia. Rio de Janeiro, Hipocampo, 1991.]

A intenção dessa correspondência não é, por certo, substituir os nomes dos signos, mas evidencia o saber astrológico e o conhecimento de Leonardo da Vinci para dispor e agrupar os apóstolos na Última Ceia. Essa obra, tem o poder de mobilizar a reflexão astrológica, no sentido de estimular nossa compreensão da inesgotável amplitude da vida que permeia os céus e que não se restringe às formulações de uma ou outra civilização e sua respectiva linguagem.

De todo modo, do ponto de vista de nomenclatura, seria discutível trocar os nomes dos "animais mitológicos" do zodíaco pelo nome dos apóstolos, por duas razões. Uma primeira, prática, é que nem todos os Apóstolos têm uma clara identidade individual, com histórias específicas, para dar imagens suficientes e necessárias ao pensar analógico. A outra razão é que há certa incongruência em utilizarmos criaturas humanas, terrestres, para designar propriedades e forças celestes pré-existentes.

Uma provocação "planetária"

O autor anônimo de um dos melhores tratados até hoje publicados sobre o Tarô [Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô; por um autor que quis manter-se no anonimato. São Paulo, Edições Paulinas, 1989. pág. 454.] faz uma incursão que pode nos incitar a refletir sobre o tema. En passant, no final de seus comentários sobre o Arcano 16 - a Torre - ele fala da submissão das forças planetárias a um poder de origem superior:

"É verdade que o domingo é o dia do Sol quanto ao organismo psicofísico humano, mas agora ele é o dia da Ressurreição quanto à vida psicoespiritual humana. O sábado ainda é o dia de Saturno, no que se refere à parte natural inferior do ser humano: quanto à alma, que tende para o espírito, e quanto ao espírito humano, o sábado é o dia da Santíssima Virgem. Na sexta-feira, a influência de Vênus submeteu-se ao Calvário, a Cristo crucificado. A terça-feira não é mais o dia de Marte, quando se trata da alma que aspira ao espírito ou de pessoas espirituais, mas o dia do Arquiestratego Miguel. A segunda-feira é o dia da Santíssima Trindade, e não mais o dia da Lua. A quarta-feira é o dia dos pastores humanos da humanidade, não mais o de Mercúrio. A quinta-feira é o dia do Espírito Santo, não de Júpiter, sempre no que concerne à alma voltada para o espírito e à vida das pessoas espirituais.

A Magia sagrada de hoje emprega as fórmulas e os signos que correspondem ao poder sobrenatural do dia e não à influência natural planetária desse dia, se bem que, repito-o, esta continue válida e conserve valor prático num domínio restrito, mais restrito do que no passado. Na quinta-feira invocamos, portanto, o Espírito Santo e nos unimos a ele, em vez de invocarmos o "gênio de Júpiter" etc."

E o autor dá um exemplo dessa mudança de nível na leitura astrológica:

"O horóscopo indica uma conjunção funesta de Saturno e Marte na oitava casa (a casa da morte), predizendo a morte violenta; acontece, contudo, que quem está em ação não são Saturno e Marte, mas a Santíssima Virgem e o Arcanjo Miguel; e que em lugar da morte predita, verifica-se uma iluminação espiritual..."

Uma ponte

Está claro que o autor dessa proposição não está se dirigindo ao profissional de Astrologia, e que sua ênfase é mais sobre os dias da semana do que sobre o significado astrológico dos planetas num tema natal. Além disso, existem alguns reparos à sua proposta: do ponto de vista metodológico, não parece coerente colocar um evento - a Ressurreição - como equivalente aos seis outros personagens. Descontado, porém, este detalhe técnico, bem como outros que discutiremos a seguir, não podemos negar que estamos diante de um desafio simbólico.

A transposição de Marte para o Arcanjo Miguel parece a mais próxima e a mais fácil de defender. Ele é descrito como o Estratego, o Príncipe dos exércitos celestiais, e seu nome significa "o que é um com Deus". É o anjo do arrependimento e da justiça.

O Arcanjo está, na verdade, muito distante do Áries grego, o desastrado irmão de Atena; mas guarda maior proximidade com a força e poder de Marte, o deus romano da guerra. No cenário cristão, particularmente nas histórias da demanda do Santo Graal, encontramos forte consonância do cavaleiro-guerreiro com a figura do Arcanjo Miguel. O protótipo celeste dá o tom da inspiração de um Percival (ou Galaad), o cavaleiro consagrado a Deus para restabelecer a justiça, defender os fracos e libertar os oprimidos. Ambos traduzem a atividade guerreira a serviço da justiça divina e da salvação do homem.

À esquerda, uma iluminura do séc. XII. Nas representações posteriores do Arcanjo Miguel, é comum que ele traga na mão esquerda uma balança, o que acentua ainda mais sua pertinência ao eixo Áries-Libra.

Uma questão aberta

A proposta do autor Anônimo que mencionamos traz elementos discutíveis, para não dizer incoerentes. Mas devemos buscar ponderação nas críticas, pois, por definição, nenhum conjunto simbólico, mitológico ou outro que seja, é lógico ou inteiramente racional. No entanto, um ponto significativo para discutirmos refere-se à utilização de apenas duas pessoas da Santíssima Trindade: o Filho e o Espírito Santo. O Espírito Santo é atribuído à quinta-feira, no lugar de Júpiter. Já a terceira pessoa da Trindade, o Filho, participa do significado de dois outros dias ou planetas: a sexta-feira ou Vênus, como o Cristo crucificado, e o domingo ou Sol, como o Ressurrecto. A própria Trindade, como um todo, é utilizada de modo sub-avaliado para representar um luminar, justo a Lua...! No entanto, uma pessoa da Trindade, o Pai, não é proposto sequer uma única vez. Qual a razão para essa distribuição desigual?

E o que dizer, então, de representações humanas no mesmo esquema? É o caso dos Pastores Humanos para representar Mercúrio e, igualmente, o da Virgem para traduzir uma oitava superior de Saturno.

Um exercício de aproximação



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