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 Edição 86 :: Agosto/2005 :: -

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A DESCOBERTA DO DÉCIMO PLANETA

Muito além de Plutão

Fernando Fernandes

Um planeta no ventre do monstro

A constelação de Cetus é comumente associada à imagem de uma baleia. Contudo, segundo Carlos Hollanda em recente artigo para Constelar (julho/2005), o mito grego dá a Cetus outra dimensão:

É o monstrengo que destruiria toda uma cidade, caso não lhe fosse sacrificada Andrômeda, que, por sua vez, foi salva por Perseu, que utilizou-se de nada menos que a cabeça da Medusa, cortada por ele, para petrificar o gigantesco oponente. Daí, aliás, a natureza saturnina (pedra, petrificar) dada à constelação e à maioria de suas estrelas por Ptolomeu. Cetus está sempre associado à ruína, conforme Vivian E. Robson. (...) Para vencer o Cetus, é preciso vencer, primeiro, a si mesmo, unindo a si, tal como Perseu uniu às próprias armas a cabeça do demônio (Algol, a estrela alfa de Perseu, ou, em sua tradução árabe, Ras al Ghul - "a cabeça do demônio"), aquilo que é inerente ao ser humano, isto é, ver que o oponente não é tão diferente assim do "herói".


Perseus enfrentando Cetus. Observa-se claramente que não
se trata de uma baleia, e sim de um monstro marinho.

O mito de Cetus associa-se, portanto, à idéia de lidar com a diferença do ponto de vista cultural, civilizatório. O monstro marinho simboliza uma realidade indiferenciada (ele emerge do mar), estranha ao nosso quadro de referências, a ponto de não conseguirmos percebê-la como humana. Cetus é aterrorizante como os povos "bárbaros" sempre foram considerados pelos chamados "civilizados". Era assim que a Europa cristã via os piratas vikings e os invasores turcos; era assim que os chineses classificavam as tribos mongólicas das estepes; era assim que os romanos se referiam aos hunos e aos vândalos. Os bárbaros, naturalmente, têm um enorme poder destrutivo, que se torna ainda maior quanto mais resistência houver em estabelecer com eles alguma forma de vínculo.

A descoberta de 2003UB313 acontece num momento em que a ausência de diálogo entre culturas e etnias leva a atentados como o perpetrado na Inglaterra, em 7 de julho. Tanto o ocidente cristão quanto o mundo muçulmano vêem-se mutuamente como bárbaros que ameaçam os valores da civilização. E o desafio que se vê por toda parte - entre americanos e iraquianos, entre judeus e palestinos, entre os países europeus e suas minorias muçulmanas - é o desafio de tentar o diálogo com o diferente ou partir para o confronto até a aniquilação total.

Se Cetus tem um significado geral sempre relacionado a Saturno, cada uma de suas principais estrelas apresenta significado específico, sendo que as mais maléficas, segundo os astrólogos medievais, eram Menkar, a boca devoradora do monstro, e Deneb-Kaitos, a cauda da baleia, relacionada a movimentos súbitos, perigosos e destruidores - como aqueles que ameaçam alguém que esteja nas proximidades da cauda de uma grande baleia irritada. Contudo, o 2003UB313 não está junto nem à boca nem à cauda do monstro, e sim em conjunção com a estrela Baiten-Kaitos (ou Batan-Kaitos) - literalmente a barriga da baleia.

Tal como as demais estrelas de Cetus, a esta também se atribui natureza saturnina. É considerada indicadora de inibições, prudência, reserva, mas também de solicitude e simplicidade. Fatores importantes do mapa em conjunção com esta estrela podem sinalizar uma vida penosa ou difícil. A pessoa é forçada a mudanças por causa das circunstâncias, cumprindo um destino de renúncias, humilhação e obstáculos. Há tendência para pensamentos depressivos e para uma constante expectativa com relação à morte.

No sentido mais positivo, Baten-Kaitos pode simbolizar a dedicação do indivíduo ao combate das humilhações e dificuldades de outras pessoas ou de toda a comunidade. Um exemplo típico foi o do fundador do Exército da Salvação, William Booth, cujo Sol em conjunção com Baten-Kaitos está de acordo com a idéia de ajudar pessoas miseráveis, afetadas por sérias limitações econômicas ou sociais. De uma forma ou de outra, esta estrela sempre remete a significados saturninos. O conhecido astrólogo Vivian Robson afirmava também que Baiten-Kaiton dá compulsão para migrar, assim como leva a infortúnios por causa de acidentes ou naufrágios - se bem que indique também a possibilidade do resgate.

A questão da regência

Se confirmada a revelação de que 2003UB313 é realmente um planeta de porte considerável, significativamente maior que Plutão, cabe aos astrólogos encontrar para ele um lugar no esquema de regências, onde há hoje apenas quatro possibilidades: como Touro e Libra são regidos por Vênus e Gêmeos e Virgem são regidos por Mercúrio, sempre houve a expectativa de que a descoberta de novos planetas poderia "fechar" o modelo, permitindo que se defina uma relação biunívoca - para cada signo, um único regente; para cada regente, um único signo.

O impulso inicial de diversos astrólogos é o de atribuir ao 2003UB313 a regência de Touro, que passaria a ter em Vênus apenas um co-regente. Esta é a posição defendida, por exemplo, por Raul V. Martinez, que, no artigo Gêmeos, signo de exaltação de Plutão, publicado em Constelar n° 5 (novembro/1998), afirma que o próximo planeta a ser descoberto teria características opostas a Plutão, assim como regência e exaltação em signos também opostos aos do regente moderno de Escorpião. Por outro lado, há que considerar que alguns fatores simbólicos apontam com mais intensidade na direção de Libra, o outro signo tradicionalmente regido por Vênus. Vejamos:

  1. a descoberta do novo planeta deu-se em Áries - no eixo Áries-Libra, portanto;
  2. a localização do novo planeta na constelação de Cetus, em conjunção com a saturnina estrela Baiten-Kaitos, coloca em relevo questões librianas de lidar com o diferente, "enfrentar os bárbaros" e optar entre o confronto e o entendimento. Trata-se de uma constelação saturnina, sendo Saturno o planeta que se exalta em Libra.

Além do mais, dada a acentuada inclinação da órbita com relação à eclíptica e considerada o longuíssima duração de seu ciclo em torno do Sol, o novo planeta talvez se torne o primeiro a ser mais notado pela latitude celeste (distância em graus para norte ou sul da eclíptica) do que pela posição por signo. Basta dizer que, segundo as efemérides provisórias levantadas pelo astrólogo Juan Antonio Revilla, da Costa Rica (um sério estudioso de asteróides e corpos celestes no Cinturão de Kuiper), o planeta 2003UB313 entrou em Áries em 1924 e lá se encontra há 81 anos!

Com um deslocamento tão lento, dificilmente o 2003UB313 terá maior importância em mapas individuais, a não ser quando extremamente enfatizado por aspectos ou angularidade. Trata-se de um planeta geracional de órbita ainda mais ampla que Plutão, cumpre não esquecer. Por outro lado, sua órbita excêntrica leva-o a cruzar a eclíptica em pelo menos dois momentos de seu longo ciclo. Esses momentos, provavelmente, são de grande significado coletivo, pois conectam o fator solar (a eclíptica é a trajetória aparente do Sol em torno da Terra) ao fator galáctico. Se o 2003UB313 é agora o planeta conhecido mais distante, de alguma forma ele faz o papel de intermediário entre o interior do Sistema Solar e a esfera mais ampla, da galáxia a que nosso Sol pertence. Este papel mediador, assim como a possível importância dos nodos do novo planeta como fator associado a processos coletivos, destacam uma provável função libriana.

Trata-se apenas de suposições. Muito tempo ainda será necessário para que se defina uma regência confiável para o décimo planeta. Mas a discussão está lançada - e astrólogos do mundo inteiro estão ávidos para participar dela.

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