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Um olhar brasileiro em Astrologia
 Edição 85 :: Julho/2005 :: -

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Astrologia:
um olhar perspectivista

Nem todo jardineiro de cemitério tem um aspecto Vênus-Saturno

Na interpretação simplista, este cemitério só pode ter seu jardim bem cuidado por alguém que tenha Vênus em aspecto com Saturno.

A astrologia clássica nos fala que pessoas muito escorpianas são excelentes coveiros e mineiros. Podemos expandir os significados e pensar na professora do ensino médio que "minera" o conhecimento de seus alunos, levando-os às "profundezas subterrâneas" de suas mentes. Diz-se também, da astrologia clássica, que Vênus em aspecto com Saturno produz um bom jardineiro de cemitério. E o que faz um jardineiro de cemitério? Leva beleza a um ambiente triste. Podemos averiguar esta habilidade em incontáveis profissões. Atribui-se a Áries a pecha de pioneiro e desbravador: nem todo ariano descobre coisas novas, mas é notável a abordagem quase sempre contestadora deste tipo zodiacal, quando muito presente num mapa.

O problema é que os astrólogos se põem numa posição ambígua: ao mesmo tempo em que criticam as ciências exatas, parecem ansiar por serem reconhecidos por elas, do mesmo modo que um adolescente contesta seu pai, mas o que mais deseja é sua admiração. A comparação talvez seja infeliz, uma vez que a astrologia é imensamente mais antiga do que as ciências exatas, mas talvez seja esta a questão cômica por trás: o pai esperneando para ser aceito por seu filho, que supostamente "sabe mais".

Se cada posicionamento é um significante com uma cadeia deslizante de significados, o que temos? Múltiplas manifestações dimensionais, que irão variar de acordo com a educação, o ambiente, as oportunidades, a época em que a pessoa nasceu. Os significados são construídos, não vêm "prontos", nem são "automáticos" ou "colados".

Na minha posição como astrólogo, o mapa não é o espelho do "ser" da pessoa. Meu lado "estudante de Filosofia" obrigatoriamente já me levaria a questionar: o que é "ser"? Pra mim, a astrologia é o palco onde a alma se derrama. Este mapa não fala de "quem" sou eu, mas a "forma" que eu assumo quando resolvo "ser" o que quer que seja!

Esta resposta certamente não satisfará os céticos radicais, cujas idéias em relação à astrologia se limitam a considerá-la uma forma de adivinhar resultados exatos para todas as coisas, como se o saber astrológico, por se pautar em matemática, tivesse resultados "naturais", como 1+1=2. Particularmente, penso que um grande passo será dado quando o meio astrológico simplesmente não se preocupar tanto com as críticas céticas, que em geral partem de pressupostos errados. Mas outro passo igualmente grande será dado quando finalmente nos tocarmos de que o nosso saber é um saber humano, e que a astrologia trabalha com significantes, e não com significados instantâneos. Em geral fala-se muito da possível ajuda que a astrologia forneceria à psicologia ou à psicanálise. A minha posição é um pouco diferente: a psicanálise, esta sim, tende a fornecer um grande auxílio para um melhor entendimento da astrologia. O que não significa "misturar" as coisas, afinal o lugar do analista não é exatamente o mesmo lugar do astrólogo, apesar de ambos os lugares conterem intersecções. Ambos - astrólogo e analista - podem ser encarados como auxiliares no processo de ressignificação de seus "clientes". Uma pessoa pode compreender, a partir daí, que sua existência terá o significado que ela puder dar, e que estes significados podem ser continuamente reconstruídos, mas que nada, absolutamente nada, vem "pronto" ou nos é "garantido de nascença" - com exceção, talvez, da morte.

Sobre o ceticismo

A tentativa de refutação dos argumentos dos céticos é algo fútil, por duas boas razões. Os argumentos céticos contra a astrologia são mais fortes não quando buscam provar que o astrólogo é ignorante sobre algum questão em pauta (os velhos e batidos argumentos de que nós, astrólogos, supomos que a Terra é o centro do Universo, ou que acreditamos que a Lua seja um "planeta", ou que desconhecemos o significado de "força gravitacional", dentre tantas outras bizarrices) mas, sim, quando nos pedem que justifiquemos nossos "vaticínios astrológicos". Conforme Grayling cita, "Um desafio para que justifiquemos algo não é uma afirmação ou uma teoria, e não pode ser refutado; pode somente ser aceito ou ignorado".

Grayling continua, sugerindo:

"Uma vez que o cético oferece razões pelas quais a justificação é requerida, a resposta poderia estar na inspeção dessas razões de modo a vermos se o desafio precisa ser enfrentado. Tal coisa, certamente, é uma boa resposta ao ceticismo. Onde as razões são convincentes, a próxima boa resposta é tentar enfrentar o desafio então posto."

Mas a questão é: qual o desafio que nos é proposto pelos céticos? São desafios válidos? Tais desafios têm a ver com o saber astrológico?

Via de regra, os desafios dos céticos se pautam numa idéia errada que eles têm acerca da astrologia. Sugerem que "adivinhemos" os signos solares de alguns indivíduos, quando na verdade a astrologia não se pauta em signos solares. Sugerem, em testes ditos "mais avançados", que adivinhemos as profissões das pessoas de acordo com suas cartas astrológicas. Infelizmente, muitos astrólogos incorrem no erro de aceitar tais propostas, que por si mesmas já nascem equivocadas. A tentativa de "adivinhar profissões" de acordo com cartas astrológicas incorre no equívoco já apontado neste trabalho, de supor que a linguagem astrológica incorre em significados únicos e "o quês". Ainda assim, quando a astrologia obtém resultados notáveis, o comportamento dos céticos-padrão é tal qual o de um fanático: torcem seus narizes e "abafam" a publicação dos resultados favoráveis à astrologia. São tão comprometidos com suas opiniões que não se permitem mudar de idéia, mesmo diante de evidências, sejam elas quais forem.

Em meados da década de 90, fui procurado por um adolescente de 17 anos em dúvida acerca da carreira que deveria seguir. Na época, ainda iludido pela perspectiva mecanicista da astrologia em que significantes incorrem em significados únicos, olhei seu mapa e vislumbrei um grande comunicador. O raciocínio astrológico estava correto: ênfase de planetas na terceira astrológica, acúmulo planetário no signo de Gêmeos e uma série de outros fatores sugestivos. Diante da minha suposição de que o referido rapaz seria um excepcional jornalista ou comunicador, vi-me diante de uma evidente atmosfera de desapontamento. Ele queria ser médico. E assim foi, tornou-se médico. Mas, dentro da medicina, atua como um comunicador da área: tem um programa de TV onde fala sobre profilaxia médica, escreve para uma coluna de jornal e tornou-se um notável professor de medicina.

Vê-se, a partir desta experiência, o cuidado que precisamos ter: o raciocínio pode estar correto, mas a fundamentação filosófica pode estar errada, se considerarmos o homem como um objeto do céu, e os aspectos astrológicos como sendo "significados colados".

Os "testes" propostos pelos céticos envolvem, na maioria - para não dizer todos - uma idéia psicótica da astrologia: a de que é possível, por exemplo, dizer quais indivíduos terão problemas cardíacos ou quais serão homossexuais ou jogadores de futebol. Infelizmente, alguns astrólogos têm esta mesma idéia, de modo que criam o campo perfeito para serem praticamente "detonados" pelos detratores da astrologia.

Resposta aos céticos



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