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Um olhar brasileiro em Astrologia
 Edição 129 :: Março/2009 :: -

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Em breve: uma nova versão de Mapas do Brasil.

JOÃO DO RIO

O mapa do mais carioca dos cariocas

Valeria Bustamante

4. O jornal da ECO/UFRJ: refazendo o caminho

João do RioEm 2006 alunos da Escola de Comunicação da UFRJ (ECO) lançaram, no jornal-laboratório "Nº Zero", uma série de artigos inspirados nas crônicas "As Religiões no Rio", que João do Rio publicou na Gazeta de Notícias em 1904. Foi essa atualização do percurso de 1904 que trouxe minha curiosidade astrológica para o assunto.

Determinadas configurações planetárias propiciam a repetição dos mesmos temas, possivelmente nos mesmos locais. Se o tema é religião, o signo de Sagitário deve estar em destaque; se há jornalista fazendo pesquisa de campo, haverá algo do signo de Gêmeos; e se a reportagem tem como foco a cidade do Rio de Janeiro, certamente encontraremos ênfase no signo de Peixes.

Resolvi então observar a posição dos astros nos seguintes dias: Fundação da cidade do Rio de Janeiro; nascimento de João do Rio (Paulo Barreto); Publicação do Primeiro Artigo sobre Religiões no jornal Gazeta de Notícias; e Fechamento da Edição do Jornal da ECO/UFRJ, já que não há como saber o início de sua circulação.

Carta do Jornal ECO/UFRJ, de 10.12.2006

Jornal da ECO/UFRJ, em 10/12/2006, data do fechamento do jornal,
calculado para o meio-dia

Dizia o editorial:

"Cento e dois anos depois, inspirados pelo repórter e cronista, vinte estudantes da Escola de Comunicação da UFRJ - ECO foram conhecer as religiões da cidade, atualizando a idéia original com os mais variados credos que fazem a cabeça do carioca. Assim como Paulo Barreto, visitamos templos, participamos de cultos e entrevistamos fiéis."

Os estudantes visitaram os seguintes locais: Igreja Bola de Neve, de surfistas, em Itaipu, Niterói; Templo de Brigith, em Botafogo; a casa do Mago, no Humaitá; Sinagoga da Associação Religiosa Israelita; Sociedade de Beneficência Muçulmana, na Lapa; o que chamaram de um "centro africano", com um médium chamado Dona Sete; e um “terreiro de umbanda”.

As configurações do dia 10 de dezembro de 2006 repetem a quadratura Sagitário/Peixes do Rio de Janeiro mas com os signos trocados: têm Sol, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Plutão em Sagitário e Urano-Nodo Norte em Peixes.

Ao contrário da publicação do primeiro artigo de João do Rio, onde, tal como no mapa da fundação da cidade, havia ênfase do signo de Peixes, o jornal da ECO/UFRJ trouxe ao assunto uma visão sagitariana.

Se João do Rio se dizia um "flaneur", observador que passeia sem rumo, tentando ser apenas mais um entre os curiosos integrados aos frequentadores habituais dos cultos que descreveu, os estudantes da ECO foram a campo com um objetivo acadêmico específico. Não eram repórteres de novidades, refletindo sobre o que encontravam (geminianos), mas universitários produzindo saber com planejamento prévio e objeto definido (sagitarianos).

Do mesmo modo, o Rio de Janeiro de 1904 (com Plutão em Gêmeos, transitando sobre o Nodo Lunar Sul do Rio) era uma cidade em início de urbanização, onde a população pobre, de maioria negra, desabrigada pelas obras de Pereira Passos, subia às favelas levando consigo os terreiros de candomblé, que é uma religião politeísta, praticada por remanescentes de pequenas tribos, ou seja, com uma qualidade geminiana.

Já no Rio de Janeiro em 2006 (com Plutão em Sagitário conjunto ao Nodo Lunar Norte do Rio) os terreiros cederam seu espaço físico e cultural aos templos da Igreja Universal, religião monoteísta com tendências à universalização de seu credo, ou seja, com uma qualidade sagitariana. E hoje, de várias formas, ora de forma integrada através de trocas culturais, ora como um choque de realidades que se tornam visíveis em interações muito tensas, as favelas começaram a descer para a cidade.

5 - As Coincidências

Sinastria: Rio de Janeiro, João do Rio, Religiões no Rio

Começando do centro: Rio de Janeiro; João do Rio; Primeiro Artigo; Jornal da ECO/UFRJ.

João do Rio tem Nodo Lunar Norte em Sagitário/Nodo Lunar Sul em Gêmeos, exatamente sobre o eixo nodal da cidade do Rio de Janeiro. Mas se na cidade este eixo está envolvido em quadraturas, no mapa de João do Rio a tensão se dissolve num trígono/sextil ao Sol em Leão. É provavel que isso tenha feito dele o canal adequado para que a cidade tomasse consciência de si. Através de suas crônicas, João traz à luz, de forma bem humorada e bem escrita, as tensões da cidade.

No jornal dos alunos da ECO o Nodo Lunar Norte estava exatamente sobre o Sol pisciano da cidade, ao mesmo tempo em que o Sol do jornal fazia conjunção ao Nodo Lunar Norte da cidade. Houve ali uma repetição da quadratura original. É como se a cidade se olhasse no espelho novamente, mas desta vez sem um fluxo adequado que propiciasse um bom reflexo. Por enquanto o jornal não foi despertado por nenhum trígono, talvez seja o caso de se esperar.

6. As republicações

Ingresso do Sol em Áries em Religiões no Rio

Primeiro Artigo e Ingresso do Sol em Áries nos anos de republicação

Capa da edição de As Religiões do Rio de 1976O livro de João do Rio foi republicado no Brasil em 1906, ainda no rastro do sucesso de 1904. Depois foi republicado em 1951, 1976 [capa à esquerda] e 2006. Como os livros trazem apenas o ano de publicação, observei o mapa do ingresso do Sol em Áries nesses anos para o Rio de Janeiro, tentando entender por que, dentre tantos, este texto específico de João do Rio teria sido lembrado nestas épocas. Não usei o ano de 1906 porque o sucesso inicial ainda era evidente.

Em 1951 o Ascendente do ano foi Áries, a 19º35', com Marte a 14º58' fazendo trígono ao Sol natal de João do Rio e ao Saturno da cidade. Os Nodos Lunares estavam no eixo Virgem/Peixes como em 1904, mas invertidos. Júpiter, conjunto a Marte e ao Nodo Sul em 1904, agora estava conjunto ao Nodo Norte. Saturno de 1951 transitava exatamente sobre o Nodo Norte de 1904. Plutão estava no grau 17 de Leão, ou seja, havia feito conjunção ao Sol de João e ao Saturno do Rio, e trígono às conjunções Urano/Nodo Norte do Rio e Lua/Nodo Norte de Paulo Barreto. E Urano estava sobre o Netuno de 1904.

Em 1976 o Ascendente do ano foi Touro, a 08º30', muito próximo do Saturno natal de Paulo Barreto e da Lua da publicação do Primeiro Artigo. Os Nodos Lunares estavam no eixo Touro/Escorpião, em quadratura ao Saturno da cidade, com o Nodo Sul exatamente conjunto ao Saturno de Paulo Barreto. Netuno estava sobre o Nodo Norte de Paulo Barreto e da cidade, com Plutão em Libra fazendo trígono ao Nodo Sul de ambos. O Nodo Lunar Norte de 1976 estava em Escorpião conjunto a Urano e reeditou, em Escorpião, a conjunção Urano/Nodo Norte do mapa da cidade, ao mesmo tempo em que "fechou" o trígono entre o stellium em Paixes do Rio e o Mercúrio de Paulo Barreto. Júpiter estava em Áries em trígono partil ao Urano do primeiro artigo.

Morro do Castelo, início do século XX

O morro do Castelo, na região central do Rio de Janeiro, abrigava ainda,
nos primeiros anos do século XX, os remanescentes de escravos africanos
pertencentes a diversas seitas religiosas. João do Rio foi o primeiro jornalista
a subir o morro do Castelo para documentar manifestações culturais. Mais
tarde o morro foi desmontado para dar lugar a novas artérias.

Em 2006 o Ascendente do ano astrológico estava em 25º24' de Leão, e Plutão estava no grau 26 de Sagitário, conjunto ao Urano do primeiro artigo e em quadratura aos Nodos Lunares do primeiro artigo e ao Saturno de 1951. Esse mesmo Ascendente fazia trígono ao Júpiter de 1976. E em 2006 Júpiter em Escorpião fechava aquele mesmo trígono de Água que o Nodo Norte formara em 1976 entre o stellium da cidade e o Mercúrio de João.

Os Nodos Lunares do Ingresso do Sol em Áries ainda estavam no eixo Áries/Libra, mas em agosto, data do relançamento do livro, estavam exatamente sobre os Nodos Lunares do primeiro artigo, invertidos como os de 1951. A terceira republicação ocorreu com Sol em Leão conjunto ao Saturno da cidade e ao Sol de João.

7. Conclusão

Nas palavras de João Carlos Rodrigues, um dos biógrafos de João do Rio:

“No exato momento em que o governo afrancesava a cidade com as reformas de Pereira Passos, eis que um jovem repórter expunha facetas nada civilizadas da capital da república.”

O Rio de Janeiro estava, sob os efeitos de Plutão em Gêmeos, destruindo e refazendo as vias públicas (Gêmeos). As atenções estavam voltadas para as obras de expansão da cidade (Sagitário) e para as questões de saúde pública (Virgem). E de repente os artigos de João do Rio desviaram os olhos do público para a pluralidade coexistente (Peixes) de religiões (Sagitário) sobrevivendo invisíveis pelas ruas da cidade. Só um flaneur, um andarilho descompromissado, pode vê-las.

A passagem de Plutão pelo signo de Gêmeos transmutou o jornalismo do mundo todo e, ao passar sobre o Nodo Lunar Sul de João do Rio, revelou ao mundo seu talento jornalístico, “despertando” aquele sextil natal entre Mercúrio e Plutão. Graças a essa ressonância Mercúrio/Plutão, João do Rio acabou exercendo para os cariocas uma função de Hermes Psicopompo, o único deus com permissão para entrar e sair vivo e ileso do inferno grego.

Dada a importância que os signos da cruz móvel têm para a cidade do Rio de Janeiro, toda vez que os trânsitos de Júpiter, Saturno, e Nodos Lunares são sublinhadas por algum trans-saturnino, essa obra específica de João do Rio é lembrada, porque foi através dela que a cidade, pela primeira vez, conseguiu lidar com suas tensões de natureza Sagitário/Peixes e transmutar anseios religiosos e caos urbano em palavras.

Fontes de Consulta

  • Gazeta de Notícias de 22/02/1904, consultada na Biblioteca Nacional, rolo PRC SRR 61, vol. XXXI nºs 1 a 121.
  • Artigo de Joaquim Ferreira dos Santos em O Globo, 21/8/2006, "Desconstruindo o Rio"
  • João do Rio: uma Biografia, de João Carlos Rodrigues, Ed. Topbooks, 1996, RJ
  • As Religiões no Rio, Typographya da Gazeta de Noticias, RJ, 1904*
  • As Religiões no Rio, H. Garnier Livreiro Ed., RJ, 1906*
  • As Religiões no Rio, Organizações Simoes, RJ, 1951
  • As Religiões no Rio, Ed. Nova Aguilar, RJ, 1976
  • As Religiões no Rio, Jose Olympio Ed. RJ, 2006

*Observação: A Biblioteca Nacional não possui uma cópia do livro de 1904, nem do de 1906, da Gallimard de Paris. Possui as republicações de 1951, pela Ed. da Organização Simões, de 1976, pela Nova Aguilar, e de 2006 pela José Olympio, esta última com lançamento em agosto/2006. As obras de 1904 e de 1906 estão no Real Gabinete Português de Leitura, para o qual toda a biblioteca de Paulo Barreto foi doada, por sua mãe, após sua morte.

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