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TÉCNICA ASTROLÓGICA

Sistemas de casas, um breve comparativo

Henrique G. Wiederspahn

Placidus, Regiomontanus, Topocêntrico... Por que existem tantos sistemas de casas? Algum pode ser considerado superior aos demais? E que critérios levar em conta para escolher um deles?

Nota: se você não tem familiaridade com a terminologia utilizada, sugere-se leitura do artigo Conceitos de Mecânica Celeste, do mesmo autor.

O objetivo deste artigo é discutir os principais métodos de obter as casas astrológicas, seus princípios, vantagens e desvantagens, para que cada um possa escolher por si qual o sistema que irá adotar. Dos cerca de 200 métodos existentes, serão apresentados: Campanus, Placidus e Regiomontanus (imagem à direita). A escolha se dá por duas razões: são sistemas de Casas Quadrantes (o Ascendente e o Meio-Céu correspondem às cúspides das casas I e X respectivamente) e em razão de poderem ser representados astronomicamente.

Os critérios utilizados para escolher e comparar os métodos são:

  • Coerência astronômica: O método representa o espaço local do momento do nascimento do nativo?
  • Coerência astrológica: O método se encaixa nos princípios astrológicos previstos? Permite técnicas derivativas (Direções Primárias)?
  • Coerência interpretativa: Qual a linguagem ou informações que se mostram mais adequadas ao método?

Os sistemas de casas de Koch e Wendell-Page (Topocêntrico) não têm representação astronômica, embora sejam sistemas de Casas Quadrantes, e, portanto, não preenchem o primeiro critério.

As Direções Primárias são um método preditivo que se baseia inteiramente nas casas astrológicas. Por esta razão, é sempre utilizado para validar um dado sistema de casas. Parte-se do princípio de que se, com as Direções Primárias num dado sistema de casas, obtêm-se datas corretas, então este método é confiável.

Portanto, os dois primeiros critérios são parcialmente intercambiáveis, uma vez que o método que valida o segundo critério se baseia fortemente em conceitos astronômicos.

Introdução

O sistema de casas é uma representação... mas de quê?

Esta questão conceitual esteve na mente de muitos astrólogos e esbarra em outro problema ainda maior, que é transportar um sistema de referência em três dimensões para uma representação em duas dimensões, como é uma folha de papel. Portanto, as dificuldades são inúmeras.

Então precisamos de alguns conceitos iniciais:

  • Cada casa astrológica representa um setor ou campo de atividade da vida humana, uma área de ação, com seu simbolismo particular em razão de sua posição no Zodíaco, de seu regente e dos astros que nela se encontram.
  • No sistema de Casas Quadrantes, o Ascendente corresponde à cúspide da casa I e o Meio-Céu, à cúspide da casa X. Considera-se ainda que as cúspides das casas opostas também se opõem (encontrando-se no mesmo grau, do signo oposto).

Para efetuar a divisão de que resulta o restante das cúspides, temos algumas possibilidades, que resultam nos principais métodos de divisão das casas:

  • Eclítica (ou Zodíaco): Uma vez obtidas as posições do Ascendente (e Descendente) e do Meio-Céu (MC) e Fundo do Céu (IC), divide-se a região compreendida entre o Ascendente e MC, na Eclítica, em três secções iguais, obtendo-se as cúspides casas XI e XII. Da mesma forma, procede-se dividindo, na Eclítica, a região compreendida entre o Ascendente e o IC em três regiões iguais para obter as cúspides das casas II e III. Uma vez que as casas se opõem entre si, todas as demais casas estarão determinadas. Exemplo: Método de Porphyrio.
  • Tempo: Uma vez obtidas as posições do Ascendente (e Descendente) e do MC (e IC), calcula-se o tempo que o MC levou do grau Ascendente até culminar. Este valor é dividido por três, sendo projetado a partir de algum sistema de referência sobre a Eclítica, obtendo-se assim as cúspides das casas XI e XII. O mesmo processo é repetido para o MC, até o grau Descendente, sendo igualmente dividido por três para se chegar às cúspides das casas VIII e XI. Exemplo: Método de Placidus.
  • Espaço: O Ascendente e o MC se encontram na Esfera Local ou na Esfera Universal. Uma ou outra são igualmente divididas e projetadas sobre a Eclítica para a obtenção das demais cúspides. Exemplo: Métodos de Campanus (Esfera Local) e Regiomontanus (Esfera Universal).

Em tempos recentes, outros astrólogos propuseram soluções diferentes para a obtenção das cúspides das casas, sem recorrer aos métodos de divisão acima ou abrindo mão do sistema de Casas Quadrantes.

O método de Campanus

Desenvolvido pelo monge Giovanni de Campani (1233-1296), trata-se de um sistema baseado no Espaço Local. Basicamente, rejeitou a idéia de simplesmente dividir a Eclítica para obter as cúspides das casas, como era o método de Alcabitius, então em vigor.

Tomou como referência o Primeiro Vertical, (um círculo máximo que cruza os pontos Leste e Oeste do Horizonte, cruzando ainda o Zênite e o Nadir em ângulo reto com o meridiano do observador), que é dividido em secções de 30º cada, tendo como pólos os pontos cardeais Norte e Sul. Os círculos assim obtidos interceptam a Eclíptica, resultando nas cúspides das casas.


O fato de tomar o Primeiro Vertical como referência para a obtenção das cúspides preenche o critério de coerência astronômica, uma vez que representa fielmente o Espaço Local e o divide de maneira adequada.

A maior parte das críticas a esse sistema se deve ao fato de a Eclítica (ou Zodíaco) ter importância secundária ao privilegiar o Zênite e o Horizonte através do Primeiro Vertical. A Eclítica é o caminho aparente do Sol e, portanto, afirmam que este método faz com que seu simbolismo (do Sol) também seja colocado em segundo plano.

O Zodíaco e os astros que se encontram no céu (Espaço Universal) são vistos, neste método, através das casas, colocando o indivíduo no centro de todo o conjunto formado pelos espaços Local e Universal, mas centrado no primeiro. Por esta razão, foi o método defendido por Dane Rudhyar e alguns outros astrólogos que postulavam uma Astrologia centrada no indivíduo. De fato, quando abordamos o sistema de casas de Campanus com maior detalhe, observamos que as casas cruzam o Zodíaco formando arcos e não exatamente seções retas, como citado pelo próprio Dane Rudhyar.

Neste ponto, podemos concluir que parte do segundo critério se encontra também validado, uma vez que o método de Campanus se encaixa nos princípios astrológicos previstos ao representar adequadamente cada setor ou campo de atividade da vida humana, absolutamente centrado no indivíduo, numa visão tridimensional.

Como na maior parte dos sistemas de casas astrológicas, também ocorrem distorções em altas latitudes (acima de 66º) em virtude da obliqüidade da Eclíptica. Os críticos deste sistema alegam ainda que há uma grande distorção com astros de latitude elevada, como é o caso de várias estrelas. Não se trata de uma distorção de fato, uma vez que as casas representadas na Eclítica são uma conseqüência da projeção que ocorre a partir do Primeiro Vertical, e não a partir do Zodíaco, problema que ocorre com a maior parte dos Sistemas de Casas.

O método de Regiomontanus

Tornou-se uma crença generalizada que o sistema de Placidus se tornou o padrão empregado nos séculos XIX e XX por ser o único que possuía tabelas de fácil uso. Mas essa é uma verdade apenas parcial, pois o mesmo pode ser dito daquelas elaboradas por Regiomontanus. Se Campanus também o tivesse feito, com certeza teria sido o sistema padrão daquele período.

A pessoa que conhecemos como Regiomontanus chamava-se Johann Müller e nasceu na Alemanha em 1463, formando-se como matemático e astrônomo. Com o auxílio de Martin Bylica e por achar que existiam falhas no método de Campanus (já existente há cerca de um século, mas pouco empregado em virtude de sua complexidade), Regiomontanus elaborou um conjunto de tabelas a partir de seu próprio sistema.

Regiomontanus participou da equipe de astrônomos e matemáticos que realizou a reforma do calendário Juliano, no papado de Sixto IV, que resultou no atual calendário gregoriano. Suas tábuas de casas foram as primeiras a serem impressas regularmente. Seu método suplantou o de Alcabitius, usado ao longo da Idade Média.

No sistema de Regiomontanus, o Equador Celeste é dividido em arcos de 30º a partir do Ponto Leste (EP), interceptando os Pólos Norte ou Sul. A intersecção destes círculos com a Eclítica resulta nas cúspides das casas astrológicas. É, portanto, um sistema de casas baseado no Espaço Universal e que se apóia parcialmente no Espaço Local (EP é obtido através da intersecção do Primeiro Vertical com o Horizonte).

No diagrama, o Horizonte é o arco de círculo máximo que divide a esfera em dois. Onde a Eclíptica intercepta o Horizonte é o Ascendente. Os pontos sobre o Equador são divisões de 30º que cruzam os pontos cardeais Norte e Sul. As cúspides são projeções a partir do Equador que interceptam a Eclíptica.

Também conhecido como Sistema Racional, foi largamente empregado por astrólogos como Lilly, Cardan, Morin e Bacon. Seu método foi apenas suplantado pelo de Placidus, sendo o sistema de casas padrão por cerca de 200 anos.

Este método encontra respaldo astronômico. A Eclítica não é colocada em segundo plano como em Campanus, outro ponto que favorece este método. O fato de estar apoiado sobre o Equador permite ainda uma fácil correlação com o tempo (longitude e tempo são intercambiáveis).

Embora represente perfeitamente o Espaço Universal, não ocorre o mesmo com Espaço Local. Portanto, este método não está centrado no indivíduo, apenas o inclui no mundo (in mundo). As distorções em altas latitudes são menores que aquelas encontradas através do método de Campanus, inclusive com os astros de elevada latitude eclítica.

De um ponto de vista interpretativo, as casas astrológicas representam setores ou campos de experiência mais abrangentes e menos particulares, retratando a sua relação com o mundo.

O método de Placidus e a comparação dos três sistemas



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