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 Edição 105 :: Março/2007 :: -

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ASTROLOGIA, MITO E COMPORTAMENTO

Plutão em xeque

Eugenia Maria Galeffi

Não há outro planeta que nos transporte tão profundamente até o inconsciente como Plutão. Ele é ao mesmo tempo o rico, o invisível, o rei do submundo, aquele que pode desnudar ou dar poder.

Quem é mesmo esse planeta de que se tem falado muito nos últimos tempos principalmente pelo fato de ter sido rebaixado à categoria de planeta menor ou planeta anão? É a esta e a outras perguntas que procuraremos responder e esclarecer ao longo desse artigo.

Antes de tudo lembremos que na tradição hebraica Deus criou o mundo, os sete planetas e os sete céus, assim como os sete dias da semana. A terra, por sua vez, foi criada pela água e pelo ar, elemento de equilíbrio entre o fogo e a água. Em seguida, as doze direções e os doze planetas...

Em primeiro lugar, convém reportar-nos tanto ao mito quanto ao símbolo contido em seu nome, em grego, o Rico. Plutão não é senão outro nome para o deus do Inferno, Hades ("o invisível", contrário de Hélios "o visível"). Por representar as entranhas da Terra e a riqueza contida em seus minerais a ação desse planeta significa um mergulho no inconsciente para dele retirar, assim como as raízes da terra, todas as riquezas lá contidas e escondidas e trazê-las para a luz, a luz da consciência fazendo com que essa se expanda ad infinitum.

Então, quem é Hades na mitologia? Para que possamos entender bem quem é esse deus, vamos repassar rapidamente a história dos mitos.

No início havia o caos. Foi criado então o Universo, composto pelo Céu (Urano, da genealogia dos Titãs) e a Terra (Gaia ou Géia). Da união de Urano com Gaia, um dos filhos gerados foi Cronos (o Tempo), assim como Oceano, Hyperion e outros. Diz a lenda que Cronos recebeu da mãe Gaia, para se vingar de Urano, uma foice, com a qual cortou os testículos de seu pai, tomando-lhe em seguida o trono do Céu. Apressou-se então em jogar de novo no Tártaro (Inferno) tanto os Hecatônquiros (gigantes de 100 mãos), seus irmãos, quanto os Ciclopes (gigantes de um olho só), lá encarcerados por Urano e que ele próprio já havia libertado a pedido de Gaia, mãe deles também. Cronos, ao ver-se com o mundo em seu poder, casou com sua irmã Rea. Da união de Cronos e Rea, nasceram Hades, Zeus, Poseidon, Demeter, Hera e Hestia. Tanto Urano, quanto Gaia, conhecedores do futuro, já haviam predito a Cronos que um de seus filhos o destronaria. Por medo de ser destronado, assim que nasciam seus filhos, Cronos os engolia para que a profecia não se verificasse. Assim foram engolidos Hestia, Demeter, Hera, Plutão e Poseidon. Quando seu último filho, Zeus, nasceu, Rea conseguiu enganar o marido dando-lhe uma pedra envolvida em uma fralda, pois ela já tinha parido Zeus em segredo e longe dali. Cronos de nada se apercebeu e assim Zeus pôde crescer tranquilamente em Creta. Ao tornar-se adulto, ajudado por Gaia, Zeus fez com que Cronos ingerisse uma droga que provocou o vômito de seus irmãos mais velhos, trazendo-os, finalmente, para a vida. Um oráculo já havia aconselhado Zeus a liberar os Ciclopes, pois estes o ajudariam na guerra contra Cronos e os Titãs. Vitoriosos nessa batalha ferrenha, pois os Ciclopes haviam munido de armas os filhos varões de Cronos: a Zeus haviam dado o raio, o trovão e o relâmpago, a Poseidon um tridente e a Hades, um capacete que o tornava invisível. Com tamanhas armas os três conseguiram vencer os adversários, que foram lançados ao Tártaro, e cada um ficou com uma parte do Universo: Zeus, com o Céu, Poseidon com o Mar e Hades com o Inferno ou Subterrâneos. Se pensarmos bem, tal divisão na verdade não foi igual, pois Zeus, tendo recebido a parte superior do Universo, o Olimpo, embora morada de todos os deuses, ficou investido de um poder maior do que seus dois irmãos. De fato Poseidon e Hades deviam-lhe obediência.

Bem, senhor do Mundo dos Mortos, Plutão, habitava o seu reino [1], onde, a cada momento, conduzidos por seu guia (psicopompo) Hermes [2], chegavam malfeitores, submetidos a penas eternas e tenebrosas. Penas especiais eram aplicadas a quem tinha ofendido seu hóspede, maltratado os pais, cometido roubo nos templos e já em vida perseguido pelas Erínias [3], as famosas Fúrias, que bicavam os que tinham cometido crimes, inclusive os de consagüineidade. Mas para chegar lá no Inferno, acompanhados por Hermes, os mortos tinham que atravessar o rio Estige e pagar uma moeda ao barqueiro Caronte. Ao chegar lá, encontravam Cérbero, o cão de três cabeças que impedia as almas de voltarem ao mundo dos vivos. Mas Hades não era tão mau assim, pois seu papel era simplesmente o de reinar e não aplicar as penas, apesar de ser evitado, desde a antiguidade, pronunciar o seu nome, que se considerava de mau augúrio. Eram usados apelativos para amenizar a carga do nome Hades, como Plutão, que já vimos, Polidegmone (o hospedeiro), Climeno (o renovado), Dite, Quintos (ligado às trevas), Eupulos (doador de riquezas e de bons conselhos). Como se pode notar, a esse deus era atribuído duplo aspecto: um, benéfico, portador da cornucópia do bem-estar e da riqueza, o outro, maléfico, ligado diretamente ao mundo subterrâneo e aos mistérios eleusinos [4].

Nenhuma das deusas queria casar com esse deus de aspecto horripilante e cuja cólera era por todos temida. Hades, porém se apaixona por Perséfone e a rapta, levando-a para o Inferno, com a ajuda de Zeus, enquanto ela passeava com suas amigas e estava entretida a colher narcisos nos campos da Sicília. Por desatenção, lá no Inferno, Perséfone quebrou o jejum, talvez por arte de Plutão, comendo um grão de romã, o que fez com que ela ficasse eternamente ligada ao Mundo do Hades [5]. Deméter, sua mãe, após percorrer toda a terra à procura da filha Core, e ao ameaçar as colheitas fazendo secar os campos, consegue entrar em acordo com o irmão e genro para deixar sua filha passar um tempo na terra, legando ao marido desta somente um terço do ano em sua companhia.

Hades e Cérbero em cerâmica grega.

Quanto à flora e à fauna, as árvores sagradas de Plutão eram o cipreste, o narciso, o cedro e o cogumelo que surge da terra após a chuva. Seus animais eram o cavalo, animal também de Netuno, a serpente, a águia e naturalmente o escorpião.

Plutão, como planeta, foi assim denominado talvez por se achar muito longe do Sol e por ficar sempre no escuro ou porque "PL" são as iniciais do observatório Percival Lowell, de onde ele foi avistado em 1930.

Na astrologia, Plutão representa o mundo invisível, as ambições de poder, a influência sobre as massas. É um planeta que representa a força energética da vida e a eterna ressurreição, pois está ligado ao mito da Fênix, que renasce das próprias cinzas.

Quanto ao signo gráfico de Plutão, é a letra P. É comum se ver esse sinal sobre uma cruz grega nas sepulturas dos primeiros cristãos. Cristo, pois, é aquele que dá a vida, já que o P significa a morte. Outro sinal atribuído e Ele é um círculo sobre uma cruz e um par de asas, pois chega-se à superfície através da cruz, que nos leva para o alto através das asas de águia.

Na verdade, não há outro planeta que nos transporte tão profundamente ao inconsciente como Plutão, que está ligado ao inconsciente abismal, do qual pode-se renascer, como já vimos acima, como a mítica Fênix. Apesar de se saber ainda muito pouco sobre esse planeta que protege os nativos de Escorpião, fica patente que o seu elemento é o plutônio e a sua cor é o preto. Ele está ligado às energias naturais e às forças ocultas, e por isso sua ação entra também no campo da criminalidade. Com ele se chega às profundezas do Eu coletivo, para depois, com um impulso, ajudados pela graça divina, chegar às estrelas. Do ponto de vista médico, está ligado aos órgãos reprodutores, aos hormônios sexuais, ao reto e ao intestino grosso, o que, por outro lado, tem muito a ver com o signo de Escorpião.

Se em um horóscopo está aspectado positivamente, indica energia, a ambição na medida certa, uma personalidade muito forte, ao passo que na forma negativa indica prepotência, megalomania e ambição sem limites. O que é importante dizer também é que Plutão, se estiver em conjunção com outro planeta, vai redobrar o efeito do outro principalmente de modo negativo.

Segundo Puiggros, que lhe dedicou um livro [6], Plutão não cria, mas transforma. Inicialmente é marcado pela destruição, assim como a semente, que precisa apodrecer para poder germinar e se frutificar.

[1] Do qual saiu somente duas vezes. Uma para raptar Perséfone e outra para se curar no Olimpo.
[2] Ou Mercúrio para os latinos.
[3] Mulheres-pássaro que tinham o papel de perseguir os criminosos.
[4] Mistérios de Eleusis, em que se faziam ritos iniciáticos principalmente a Deméter e Perséfone, ligados à fecundidade e ao sagrado.
[5] Dizia a lenda que quem comesse algo no Hades não poderia voltar mais ao Mundo dos vivos.
[6] Pere Puiggros Acon. Plutão, 2ª ed. São Paulo, Pensamento, 1990.

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